Un Plus Une
“Un Plus Une”, França, 2015
Direção: Claude Lelouch
Estar na Índia é quase como viver um sonho, já que é um lugar completamente diferente do que conhecemos no Ocidente. A impressão é de que lá tudo pode acontecer.
Claude Lelouch, 80 anos, sempre soube contar histórias de amor como ninguém. Quem não se lembra ou pelo menos cantarolou a música de “Un Homme et Une Femme”? O mesmo Francis Lai compõe a música desse novo filme “Un Plus Une”, que nos envolve pelos sentidos, pelos personagens e pelos belos cenários de um país solar.
Há um filme dentro do filme, um charme a mais de Lelouch, com uma história de amor acontecida entre jovens indianos, um ladrão e uma bailarina, que vira filme e vai ser musicado por um famoso compositor francês, Antoine Abeilard (Jean Dujardin).
Ele viaja para Mumbai, deixando em Paris sua companheira, a pianista Alice (Alice Pol). Antoine é bonito e sabe disso, simpático, blasé, entediado, cheio de risos, colecionador de mulheres e não parece levar a vida a sério.
Na Embaixada da França, no jantar em sua homenagem, senta-se ao lado de Anna, a embaixatriz (Elza Zylberstein, linda e boa atriz), falante, sedutora, charmosa, imediatamente seduzida por Antoine. Conversam e riem muito, observados por um embaixador ciumento (Christophe Lambert).
Anna é atraente, apaixonada pela Índia e suas crenças e vai fazer uma viagem ao sul do país para purificar-se no Ganges e visitar uma líder espiritual conhecida em toda o país. Ela quer um filho e acredita que ser abraçada e abraçar Amma, Mata Amritanandamayi, realizará seu desejo. “Minha religião é o amor” está escrito no lugar onde Amma, uma pessoa da vida real, recebe milhares de peregrinos que ouve e abraça por horas a fio, com uma generosidade de Grande Mãe, como é venerada.
Aliás, a verdadeira Índia, que vemos o tempo todo, é uma atração à parte, com aquele colorido dos sáris e véus, a convivência com multidões pacíficas, trânsito louco, vacas sagradas e crenças em muitos deuses e muitas vidas.
Por um motivo pessoal, além do interesse que sente pela embaixatriz, Antoine resolve seguir Anna nessa viagem. Apesar das ótimas intenções, e das juras de amor aos respectivos companheiros, Anna e Antoine vivem uma breve e mal conduzida relação.
Mais tarde, o acaso vai interferir na vida desses dois e pode ser que dessa vez eles estejam mais maduros para o amor.
“Un Plus Une” mexe com a gente e essa é a grande qualidade do filme. Aliás um ótimo Lelouch, que está em plena forma.
Querida me permita deixar aqui um comentário que escrevi faz algum tempo quando assisti ao filme..bjs
“Ao final da dança, tentarei tocar sua mão, pra assim purificar a minha. Meu coração amou até agora? Não, juram meus olhos. Até esta noite eu não conhecia a verdadeira beleza.”
‘Romeu e Julieta’ Shakespeare
Uma história de amor é sempre uma história sobre o amor e uma das mais conhecidas tem mais de cinco séculos. Romeu e Julieta tem sido adaptada para o teatro, cinema e música em versões modificadas sem perder a essência. A de Claude Lelouch se chama Un + une e é um dos mais tocantes filmes da atualidade. O amor de Antoine (Jean Dujardin) e Anna (Elsa Zylberstein) é maduro, contemporâneo , com obstáculos que num primeiro momento parecem intransponíveis mas que espantosamente é desenhado na tela num processo de metalinguagem. Ele é músico e está na India para compor a trilha sonora de um filme chamado Julieta e Romeu,baseado numa história real de dois jovens que se apaixonam em meio a uma tragédia que, ao contrário da história original, ocorre no começo e é a razão do nascimento do amor. O compositor trava então seu próprio embate amoroso, físico e espiritual com a desconhecida mulher e juntos, embora tão diferentes vão compor uma sinfonia única que os modificará para sempre. Un + une é sobre esse processo intimo, ritualístico e complexo de encontrar, desejar, mudar, romper e se permitir ser feliz. Não é simples, mas é belo e o amor completa. Recomendo muito que assistam.
A imagem é um momento lindo do encontro dos protagonistas com a líder espiritual indiana Amma, quando ambos buscam seu abraço. Lelouch foi muito feliz em intercalar a realidade em seu filme e o fez com muita delicadeza
Olá,
Moro em Amritapuri, principal asram da Amma na Índia, há sete anos. Agradeço sua divulgação e suas lindas palavras sobre a Amma, um ser divino e especial. Observei apenas que você cita que a protagonista do filme decide vir ao sul da Índia para um banho no Ganges e para pedir um filho à Amma. Não vi o filme, pois não está disponível na Netflix Índia, mas o Rio Ganges é no norte da Índia e nosso asram fica em Kerala no extremo sul do país. Amma já esteve no Brasil em 2007, ocasião em que abraçou 30 mil pessoas durante o programa de três dias. Há vários grupos da Amma espalhados pelo Brasil e aguardamos todos uma nova visita dela ao nosso país (esperamos que seja em breve!
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Minha Sinopse
Nasci em São Paulo, Capital. Sou a primeira filha de sete irmãos nascidos de Yvette e Octavio Pereira de Almeida, casada com Ivo Rosset. Estudei Psicologia na PUC de SP e Direito no Mackenzie. Sou psicanalista, membro associado da Sociedade Brasileira de Psicanálise de SP. Atendo em meu consultório há mais de 30 anos. Sempre adorei cinema, desde as sessões Tom e Jerry, passando pelo Cine Bijou até o saudoso Belas Artes. Meus filmes preferidos: “Morte em Veneza” de Visconti e “Asas do Desejo” de Wim Wenders.
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