W.E. O Romance do Século

“W.E. “ – Idem,Inglaterra, 2011

Direção: Madonna

Escandalosa e provocativa, ela é a “Rainha Pop”. O que quer que faça, chama a atenção de todo mundo sobre ela.

Mas Madona sempre quer mais. Quem a viu, mesmo que só em fotos, no show que deu no intervalo do último “Superbowl” americano, ficou de queixo caído frente a essa mulher, de 53 anos, que hipnotiza platéias de milhões de pessoas.

Não contente em cantar, compor, dançar, atuar, escrever livros infantis, produzir shows, ser empresária, ter vendido mais de 300 milhões de discos até agora e ser mãe de cinco filhos (dois adotados), ela quer ser cineasta.

O primeiro filme dela nem passou no Brasil mas o segundo tem chance de agradar ao público, apesar de algumas críticas negativas no Festival de Veneza do ano passado.

A menina Madonna Louise Ciccone, que perdeu muito cedo a mãe e que sempre viveu finais infelizes em seus relacionamentos amorosos, parece querer refletir sobre isso em seu novo filme “W.E.”, em cartaz em São Paulo.

O filme conta a história de duas americanas. Uma, que mora em New York no fim do século XX e que sofre em seu casamento, tem o mesmo nome da outra, que morreu em 1986 em Paris e que foi protagonista do que ficou sendo conhecido como “o romance do século”.

Para escapar das agruras de seu casamento infeliz com um psiquiatra famoso, frio e infiel (Oscar Isaacs), a Wallis de New York (Abbie Cornish), visita todos os dias a exposição da Sotheby’s com os objetos que serão leiloados e que pertenceram ao duque e à duquesa de Windsor.

E fantasia sobre a vida da outra Wallis, que tem o mesmo nome que ela porque sua avó e sua mãe eram fãs de Wallis Simpson (Andrea Riseborough). Americana e divorciada do segundo marido, ela viveu uma das mais famosas histórias de amor do século XX com o rei Edward VIII (James Darcy). O par aparece na tela em cenas sonhadas por Wally, que devaneia na exposição e na vida, e em alguns trechos de filmes de época.

Madonna disse um dia que tudo que ela faz é autobiográfico porque ela não conhece ninguém tão bem como a si mesma. Ora, ela co-escreveu o roteiro de “W.E.”. É possível que haja uma identificação da diretora com Wallis Simpson, uma americana chic, inteligente, provocadora, boa dançarina mas que teve uma vida difícil?

“W.E.” são as iniciais de Wallis e Edward. Numa cena, que a Wallis de New York repete, Wallis Simpson, magérrima, muito branca e boca bem vermelha, escreve W.E. no espelho de sua penteadeira, antes que a história toda acontecesse. Ela sonhava com isso. Pena pensar que muitos sonhos se transformem em pesadelo…

A edição de arte do filme é luxuosa e os figurinos de época habilidosamente revistos para que a sensualidade de Wallis Simpson fique em evidência, apesar dela nunca ter sido bonita.

“- A vida não é um conto de fadas”, diz Wallis Simpson à Wally de New York em um sonho desta. E, podemos acrescentar, a felicidade não existe o tempo todo na vida de ninguém.

“- Quando há expectativas demais, há desapontamento”, Wally diz, lembrando de uma frase que ouviu. Pois é, e não é o fim do mundo, porque devemos todos aprender a lidar com desapontamentos e frustrações.

Já que a felicidade eterna só existe como uma ilusão, vamos baixar as nossas expectativas para evitar grandes desilusões, parece aconselhar Madonna em seu filme.

Afinal, nem todo príncipe faz da mulher dele uma princesa. Que dirá uma “rainha”…

Este post tem 0 Comentários

  1. heddy dayan disse:

    chic, eleonora, adorei vc de branco, luminosa, vou querer ver

  2. Eleonora Rosset disse:

    Heddy querida,
    Gosto mt desse seu jeito simpático e gentil! Assista ao filme pq vale a pena conferir um trabalho da talentosa Madonna!
    Bjs

  3. Mabel Suplicy Rolim disse:

    Eleonora,tb gostei de vc de branco,achei a sua critica otima, penço iqual!! Vou assistir,depois comento.bj

  4. Mabel Suplicy Rolim disse:

    errata…..PENSO>>>>>>

  5. Eleonora está parecendo um doce de coco na foto, pra quem se lembra dessa expressão…

  6. heddy dayan disse:

    ótimo filme, tema, atrizes, cenários, figurinos, músicas, diretora, um filme de mulher mesmo, madonna nem me surpreende mais, é versada em moda e sensibilidade. Um capítulo real sobre a capitulação e preconceito. Bom roteiro, inteligente . Nota 10

    • Eleonora Rosset disse:

      Heddy querida,
      Eu sabia! Não podia ser só eu que adorei esse filme interessante, bem cuidado, bem dirigido e com atores ótimos!
      Bom gosto indiscutível de Madonna que sabe como ninguém montar um palco e se esbaldar nele. Bjs my darling!

  7. sonia clara ghivelder disse:

    Querida Eleonora,
    Não saí deste filme entusiasmada.
    Achei um roteiro confuso que desperdiça a grandeza dessa história única e importante que foi a vida do Duque de Windsor e Wallys Simpson.
    O maior defeito do filme, ainda que pareça incrível, é abordar o Duque como um personagem quase secundário quando, na verdade, competia a ele conduzir a trama.
    A história paralela, de uma suposta filha da Duquesa nos dias atuais, banaliza o protagonismo dessa história extraordinária a partir da decisão do monarca ao declinar de seu trono pela paixão por uma plebeia americana que fugia ao molde da severa monarquia inglesa.
    A excentricidade de Wallys Simpson, mais ainda os seus conflitos ficaram “atrapalhados” com a história paralela irrelevante. Madonna, de quem gosto muito, foi além das suas possibilidades. Em alguns momentos nos mostra uma camera interessnte mas não alcançou a dramaturgia necessária para a dimensão dessa história.
    A mondanité mostrada na festa, me pareceu muito mais uma festa da Madonna e não da Mrs. Simpson. Entretanto todos os figurinos e décor são de extremo bom gosto e bem refletem os anos 30.
    A atriz é excelente, o ator com jeitão aristocrático e a bela trilha musical alinhavam esse filme que tinha todos os elementos para ser memorável, mas não vai deixar saudades.
    Bjs.
    Sonia Clara

    • Eleonora Rosset disse:

      Sonia Clara querida,
      Respeito demais suas opiniões pq vc é culta, antenada e interessada.
      Mas aqui vou discordar de vc.
      Não que ache que o filme é memorável… Mas é justamente pelos defeitos que vc apontou que eu gosto do filme. Explico. É um filme da Madonna e ela assina com seu jeito de ver o
      mundo.
      Não centrou sua história no duque pq é um filme sb mulheres e suas expectativas na vida.
      ” O romance do século” é mostrado por esse viés que ela escolheu e o contraponto com a Wally de New York dá uma dimensão maior à Wallis Simpson, geralmente retratada com antipatia . Aqui ela é determinada, corajosa e lida com as infelicidades de sua vida como todas nós.
      Somos todas irmãs, parece pensar Madonna, jogando uma luz especial sb as Wallis e incentivando a atual a lutar pelo amor e pela vida que ela quer.
      É isso querida. Um filme bonito, bem cuidado, nada “cabeça” mas encantador em seu todo.
      Sai do cinema bem impressionada. Encontrei gente jovem na saida e eles me perguntaram receosos se eu tinha gostado. Qdo eu disse que sim, houve um alivio geral e aí puderam dizer que ficaram encantados!
      Talvez seja essa a maior qualidade do filme: encantar!
      E Madonna sabe fazer isso qdo é o alvo de todos os olhares no palco e tb mostra que sabe fazer atrás das câmaras.
      Gosto dessa “garota”!
      Bjs

  8. Luiz Roberto de Paula Dias disse:

    Obrigado pela indicação Eleonora, você me deixou instigado a assitir ao filme, parece-me dos mais interessantes pela estória, depois te conto o que eu achei, bjs

  9. Sonia Clara Ghivelder disse:

    Querida Eleonora,
    Concordo com seu ponto de vista que centra o filme no olhar da Madonna. Acho, porém, que a biografia e a trajetória pessoal da Madonna não devem ser o parâmetro para a realização de uma obra de arte, sobretudo quando esta é baseada em fatos reais. A visão da Madonna não é suficiente para deixar o Duque de Windsor em segundo plano numa história que tem como matéria prima um amor profundo e além da conta por uma mulher. Entendo muito bem a metáfora delicada da Madonna ao estimular todas as mulheres do mundo a seguirem em frente com os seus propósitos. Você, ao refletir o seu pensamento nos chama a atenção para isso. Mas, a vida em si de Wallis Simpson me parece que não precisava dessa redundância. Sua história é única e indivisível. Porém a assinatura desse filme tem uma ênfase chamada Madonna. Adorei o teu contrsponto.
    bjss
    Sonia Clara

  10. Luiz Roberto de Paula Dias disse:

    Mais uma vez obrigado pela indicação do filme, na sua análise você praticamente publicou a maiior parte dos comentários que faria; assisti o filme trou-me agrádáveis lembranças da História da Monarquia Británica e das estórias que ouvi a respeito enquanto menino.
    A produção como você bem ressaltou está impecável, a bela fotografia foi um bom atrativo; gostei da bastante da interpretação de ambas Wallis, que como não poderia deixar de ser fazem o filme ser muito bom.
    Diverti-me imensamnete saí um pouco mais enriquecido por tundo que ví. bjs
    Luiz Roberto

  11. Luiz Roberto de Paula Dias disse:

    Uma coisa fundamental que deixei de comentar acima, foi a direção de Madona, conseguiu com muita sensibilidade, prender o espectador integralmente nas duas tramas, gostei muito do resultado final, bjs

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