E Se Vivêssemos Todos Juntos?

“E Se Vivêssemos Todos Juntos?” – “Et Si on Vivait Tous Ensemble?”, França/Alemanha 2011

Direção: Stéphane Robelin

 

É difícil envelhecer… Vemos isso nas primeiras cenas do filme que vai mostrar a vida de cinco pessoas com mais de setenta anos, amigos há quarenta.

Num belo dia de sol, Annie (Geraldine Chaplin) e Jean (Guy Bedos) estão no jardim de sua casa nos arredores de Paris. Ela faz um álbum de fotos com olhar nostálgico. Ele escuta o rádio que fala da crise financeira na Europa.

Por sua vez, Albert (Pierre Richard), que mostra sinais de demência senil, pergunta à sua mulher Jeannie (Jane Fonda, em ótima forma):

-“Será que eu levei o cachorro para passear? Bem, devo ter levado, porque senão ele estaria reclamando.”

Enquanto isso, Jeannie rasga e joga no lixo exames médicos. Tem o rosto crispado.

Em outro lugar,um senhor de cabelos brancos e cheio de vitalidade, Claude (Claude Rich), revela com cuidado fotos de uma mulher com belos seios. Ele os admira, embevecido.

E lá está Jeannie conversando com um agente funerário, diante de caixões fúnebres empilhados:

“- Procuro algo mais claro… Não tem cores menos clássicas? Será que por encomenda dá para ter cores mais diferentes?”

“- É para quando minha senhora?”, pergunta o circunspecto senhor.

“- Não posso dizer exatamente…” responde Jeannie.

Outro dia, em seu aniversário de 75 anos, Claude confidencia aos amigos que o filho se mete demais em sua vida:

“- Isso não pode, aquilo também não, o Vovô fez isso e morreu…Ulalá…”exclama aborrecido.

“- Se vivêssemos todos juntos, não teríamos esse tipo de problemas,” retruca Jean, entre o parabéns e a champanhe.

E quando Claude sofre um ataque cardíaco, subindo a escada atrás de uma sedutora silhueta feminina, seu filho decide colocá-lo definitivamente num asilo.

É o estopim para o grupo de amigos resgatá-lo e fugir com ele em uma cadeira de rodas.

Todos se abrigam na bela casa de Annie e Jean, que ela herdou dos pais. Inclusive o cachorro de Albert.

E aí começa uma convivência nem sempre afinada mas com muitos momentos de amizade verdadeira e solidariedade. E muito humor.

O jovem Daniel Bruhl que era o passeador do cachorro, passa a cuidador e vai também viver na casa. Suas cenas com Jane Fonda são a oportunidade para ela mostrar inteligência e espontaneidade.

Dias de passeios a pé, noites com um bom vinho e o jantar entre risadas, somam-se a momentos de lembranças compartilhadas e até segredos incômodos revelados.

Há uma urgência em viver o presente e estar entre os amigos, que se apoiam mutuamente. Todos caminham para o mesmo fim e sabem disso. O que não impede de viver com gosto os dias que restam.

O diretor e roteirista Stéphane Robelin capta expressões e olhares, como se fosse um cúmplice de seus atores, todos excelentes, desempenhando seus papéis com desenvoltura e graça. Acabam nos envolvendo com seus problemas e dificuldades, sem tragédia.

É difícil envelhecer? Sim, confirma “E Se Vivêssemos Todos Juntos?” e acrescenta que esse é o preço a pagar para quem gosta de viver.

Este post tem 0 Comentários

  1. Eleonora Rosset disse:

    Queridos, essa foto foi tirada pelo meu marido em janeiro desse ano, qdo fiz 66 anos! Bjs

  2. Luiz Roberto de Paula Dias disse:

    A foto está Linda Eleonora, acabei de assistir ao filme, e gostei muito muito, claro que tem momentos mais difíceis para o tema, e a gente se pega pensando em como será conosco, se tal situação acontecer de fato, porém no momento seguinte o riso flui solto e já estamos de novo esperando pela nova confusão que se apresenta.
    Os atores claro contribuem em muito para o sucesso do mesmo, são nomes que estão em nosso coração, lembrar de Jane Fonda na exuberante Barbarella(embora para mim o Amargo Regresso tenha sido bem melhor,rsr).. ela dá um show e em grande forma, os homens estão ótim os também.
    Gostei muito da fotografia, a música estava ótima eas cenas finais foram emocionantes. mais uma vezs valeu muito ter ido ao cinema, bjs

    • Eleonora Rosset disse:

      Luiz Roberto querido,
      Como ficar velhinho é a única opção para quem quer viver bastante, o jeito é ir se acostumando com a idéia.
      E eu acho que dá para ser velho sem ser um transtorno para os outros, nem uma coisa esquecida no canto. Para isso, precisamos começar agora a pensar sb a nossa velhice e cultivar o espirito pq esse vai estar com a idade que a gente quiser.
      E como o filme sugere, ser velho no meio de amigos tb velhos , é mais fácil. Solidariedade e companheirismo. E não ter medo de solidão. Para isso precisamos aprender a gostar da nossa pp companhia!
      Gostei tb do filme pq dá trabalho a atores mais velhos e excelentes!
      Bjs

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