Saimdang – Memoir of Colors

“Saimdang-Memoir of Colors”, Coreia do Sul, 2017

Direção: Yoo Sang-ho

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Essa série sul coreana, além de imagens belíssimas, que duraram um ano de filmagem, conta, com a interpretação de atores famosos, a história ficcional de uma mulher rara, que viveu no século XVI, durante a era Joseon.

Saimdang Shin (1504-1551) foi ima artista que era pintora, poeta, calígrafa e escritora. Conhecia a filosofia do neo-Confucionismo e foi uma mãe perfeita, esposa fiel e protetora dos andarilhos que não tinham nada e vagavam pelas terras do reino, sujos e famintos.

A figura dela é histórica e verdadeira. Uma estátua em Gangneung, na província de Gangwon-do foi erguida no lugar onde ela nasceu e é hoje uma atração turística. Foi homenageada com sua figura estampada nas notas de 50.000 wons.

Sua importância também está ligada ao fato de ter sido a mãe e primeira professora de seu filho, o famoso filósofo Yulgok (1536-1584), erudito representante da vertente neo-Confucionista.

Foi casada com Yi Wonsu com quem teve 8 filhos. Ele foi escolhido pelo pai de Saimdang por ser um homem erudito que entenderia que sua esposa precisaria de liberdade para estudar e pintar.

Bem, conhecida a história da vida real, vamos à ficção.

Essa mulher à frente de seu tempo, é retratada pela atriz sul coreana Lee Young-ae, um rosto belo e uma pele perfeita, que na história de ficção se envolve desde menina com um rapaz atraente Lee Gyeon (Song Seung-heon). Os dois tem tudo em comum. Verdadeiras almas gêmeas, passavam horas pintando juntos.

O sonho de Saimdang é ir até o monte Kumgang (Montanha Diamante) para poder pintar aquelas rochas tão fascinantes. Lee Gyeon promete levá-la.

Mas os apaixonados são separados e Saimdang casa-se com outro, com quem tem quatro filhos.

O apelo criativo do roteiro é contar duas histórias em épocas diferentes, usando os mesmos atores em papéis duplos. O passado e o presente vão se unir por causa de uma pintura do Monte Kumgang, de An Gyeon, famoso artista do século XV. O artista existiu de verdade mas essa pintura é ficção. E uma professora de História da Arte (a atriz que faz Saimdang) acredita que talvez seja falsa.

A parte que reproduz o passado é minuciosamente produzida e podemos ver como moravam e viviam os habitantes da província onde Saimdang se instalou com sua família, hoje Seul, a capital da Coreia do Sul. O dia a dia, as refeições, o colorido das vestes femininas, com suas saias em formato de papoulas com casaquinhos curtos em cores contrastantes. Os cabelos das nobres, vestidas de seda, sempre ornados com joias delicadas.

E, apesar de Saimdang estar ligada intimamente com um amor puro e sublime ao então Lord Lee Gyeon, sendo também amada da mesma maneira, os dois nunca ficarão juntos. Mas o amor desse par aparece nitidamente no modo como se olham, como se preocupam um com o outro e como Lord Lee  protege Saimdang dos perigos, dizendo que daria sua vida por ela.

No presente, a jovem professora sofre com o desaparecimento do marido e é perseguida pelo ambicioso Professor Min, um mau caráter, que quer ganhar dinheiro com a pintura muito provavelmente falsificada.

A ganância e o desejo de poder vão unir os dois períodos separados por 400 anos. A natureza humana tem sempre esses defeitos, muito marcantes em alguns seres humanos, não importando a época em que vivam.

“Saimdang – Memoir of Colors”, série com 28 episódios é uma joia rara da NETFLIX, especialmente para os amantes da beleza.

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Mimi

“Mimi”- Idem, Índia, 2021

Direção: Laxman Utekar

Ela era a mais bonita das dançarinas no show em uma cidadezinha perto de Jaipur, no Rajastão, norte da Índia. Vestida com uma saia vermelha bordada com brilhos, ondulava o corpo e usava cabelos, olhos e um lindo sorriso para seduzir a plateia.

Um casal americano a observava aprovando sua beleza e graça. E, através do chofer que os conduzia, descobrem quem é aquela moça que os encantara.

Mimi (Kriti Sanon) morava com os pais e o irmão menor numa casa modesta mas confortável e bem cuidada.

E Bhanu (Pankaj Tripathi), que a conhecia desde menina, já no dia seguinte levava os americanos para a casa da moça. Surpreso ao saber a oferta que fariam a Mimi, Bhanu só não queria que fossem estrangeiros desonestos. Mas pareciam sinceros. John (Aidan Whytock) e Summer (Evelyn Edwards) tinham ar de gente de bem.

Contavam que não podiam ter filhos e precisavam de uma “barriga de aluguel” que fosse saudável, honesta e de bons costumes. Isso não era raro na Índia, Bhanu sabia. Mas querendo protegê-la, ele preferia que Mimi não aceitasse a proposta.

Ora, quando ela soube de tudo e de quanto dinheiro os americanos lhe pagariam, aceitou a ideia em nome de seu sonho de ir para Mumbai e fazer cinema em Bollywood.

Bem, Mimi não tinha a menor noção do que a esperava no futuro. E, alegre do jeito que era, não foi difícil levar a gravidez adiante. Parecia que estava cada dia mais bonita.

“Mimi” é uma adaptação de outro filme indiano, lançado 10 anos atrás. Mas, diferente desse, principalmente em sua primeira parte, porque tem um tom de comédia com Mimi tendo que passar por apuros para esconder o seu estado.

Infelizmente, sem qualquer sintoma, um exame indica que o bebê de Mimi poderia nascer com um problema. Todos ficam preocupados mas o casal de pais americanos ansiosos, ao ouvir a notícia desaparecem, não sem antes sugerir um aborto.

É nesse momento que uma mocinha, com sonhos de ser uma estrela de cinema, confrontada com o desamor daqueles que eram os pais biológicos do bebê, cresce e amadurece. Dá-se conta de que a sua gravidez não era apenas um negócio. Dentro dela já havia um filho.

Esse é um ponto importante para os que escreveram o roteiro, o próprio diretor e Roham Shankar. Há um tema delicado para reflexão, já que a “barriga de aluguel” está  proibida na Índia, mas acontece. E não são raros os pais biológicos que desistem da ideia, deixando as pobres meninas que aceitaram o trato com um problema complicado.

“Mimi” é um filme com um ótimo elenco onde brilham Kitri Sanon e Pantaj Tripathi, os personagens Mimi e o chofer que a protege. A música é bela, acompanhando a emoção de cada cena onde aparece.

“Mimi” é comédia, com risos nos momentos engraçados e com um tom mais triste também, logo transformando a história em uma luta de emoções nos vários personagens envolvidos, o que comove a plateia.

Para quem não conhece o cinema indiano, assistir “Mimi” é um bom começo.

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