Eleonora Rosset - Uma Psicanalista vai ao Cinema

Lá, onde o mar é azul anil, na ilha de Paxoi, um lugar especialmente belo na Grécia, a história vai ser contada e recontada pelos próprios personagens. Em “off” ou em cenas que parecem devaneios ou lembranças da infância, desdizem o que todo mundo naquela ilha pensa que sabe.

Isso faz com que nem tudo seja o que parece à primeira vista. E há segredos bem guardados.

Dizem que quando os antigos deuses gregos estavam entediados com sua eternidade, desciam do Olimpo para viver entre os mortais. Contam também que histórias de amor entre deuses e mortais, muito intensas, quase sempre não acabavam bem.

Algo semelhante vai acontecer entre mortais naquela ilha paradisíaca, muitos séculos depois dos deuses da Antiguidade.

Quando o maestro Orestes (Christoforos  Papakaliatis) chega à ilha, convidado por um empresário para montar um festival de música, ele não estava bem. E, por isso mesmo, atendeu ao convite. Precisava mudar de ares.

Foi então que ele conheceu Klelia (Klelia Andriolatou), uma bela garota de 18 anos, pianista. O maestro, 58 anos, atraente e sensível, não podia pensar em se envolver com ela. Todos os olhos da ilha estavam focados nele. Afinal, era um estranho, com jeito sedutor e a mocinha era filha do empresário que o convidara para montar o festival.

Então como antes acontecia, aqui também vai haver histórias de amores proibidos.

Aliás a avó de Klelia (Haris Alexiou, uma famosa cantora grega) e a mãe dela, Sofia também viveram amores contrariados.

Essa minissérie foi a primeira de origem grega com o aval da NETFLIX e fez muito sucesso. O maestro sedutor e melancólico é interpretado por Papakaliatis, que também dirige e é o autor do roteiro dessa minissérie de nove episódios.

A escolha do elenco foi perfeita e as histórias dos habitantes da ilha, aos poucos, vão se cruzando com a do maestro .

Temas atuais como violência doméstica, homofobia, uso de drogas, lavagem de dinheiro, entremeiam-se com as histórias de amor presentes e passadas, que ainda ecoam nos corações.

A trilha sonora é criativa, com músicas que vão do clássico ao pop, passando pelas canções italianas e gregas e até a brasileira “Manhã de Carnaval”.

Bom entretenimento.

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A beleza está no detalhes presentes nas cenas dessa minissérie de 9 episódios, criada e dirigida por Hirokasu-Kore-Eda que ganhou a Palma de Ouro em Cannes por “Shoplifters”.

Duas meninas deixam Aomori, seu pequeno povoado, num dia de inverno. Seguem de ônibus para Kioto, felizes e curiosas. Sumirê e Kiyo são melhores amigas desde a infância. As duas tem 16 anos e sonham em se tornar “maiko”, aprendiz de gueixa.

Kyio morava com a avó com quem aprendeu a cozinhar. É uma garota alegre que além de cozinhar, gosta de comer. Sumirê é alta, bonita, graciosa e tem uma elegância nata.

A Casa Maiko é o destino delas em Kioto, num bairro antigo com estreitas ruas de pedra. As duas são bem recebidas pelas duas “mães” que dirigem a casa. E são apresentadas às regras da casa.

Bem instaladas”, as vemos nas primeiras aulas de “mai”, uma dança tradicional. Sumirê e Kiyo tentam reproduzir os movimentos harmoniosos das “irmãs”, as outras candidatas a “maiko” e as gueixas. Para Sumirê aprender a dança parece fácil mas Kyio não nasceu para isso.

E a história seria outra se a cozinheira da casa  não tivesse que partir às pressas. Estava no destino de Kiyo, que é a narradora, tornar-se “makanai” que é aquela que presta serviços à casa.

Kiyo assume seu posto na cozinha, para a delícia de todos daquela “família”. Os pratos que ela imagina e cria são simples mas deliciosos.

Ficamos conhecendo o dia a dia da casa e o papel das gueixas chamadas para se apresentar para os convidados de um jantar.

Mas não se fala de sexo. O pai de Sumirê quer levá-la embora, mas quando vê a filha dançando o “mai” tão graciosa e conhece as “mães” e a casa, muda de ideia e deixa que fique.

Kore-Eda não entra na história do papel das gueixas na tradição do Japão. Quer mostrar o lado belo e fraterno da vida naquela casa em Kyoto.

“Makanai” é um filme a respeito da amizade entre aquelas duas que não se separam, da convivência que existia naquela casa criando um clima de família e da felicidade que todos sentimos quando realizamos sonhos.

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