Livre

“Livre” - “Wild”, Estados Unidos, 2015

Direção: Jean-Marc Vallée

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As emoções que Cheryl (Renée Witherspoon, excelente) sentia depois que sua mãe (Laura Dern, ótima) morrera, não cabiam dentro dela. Ela se fora aos 45 anos, sem ter vivido tudo o que queria. Bobbi, como todos a chamavam, era uma luz na vida de seus dois filhos. Uma mãe amorosa e divertida, numa vida simples, mas com risadas e cantos. Nunca mais.

O pai, alcoólatra violento, ficara no passado. Cheryl só tinha essa mãe que às vezes a irritava com sua esperança inabalável de que tudo iria melhorar e que a vida valia a pena.

O caminho das drogas e da promiscuidade foi a escolha mais fácil para Cheryl que, na verdade, queria morrer como sua mãe.

Mas a semente de amor que ela tinha dentro dela, herança materna, a levou para um outro lugar: a natureza selvagem. Lá ela expiaria a culpa que sentia pela morte da mãe, por ter destruído seu casamento com Paul, apesar de amá-lo, enfim, tudo de errado que acontecera.

A trilha, “Pacific Crest Trail”, de 1.000 milhas, que ia da fronteira do México ao Canadá, foi escolhida para fazer sozinha, despreparada. Era como se fosse o purgatório. Ela precisava procurar dentro de si mesma sua força e perdão. Quase perdidos.

Encontros com a cascavel, outros caminhantes, a misteriosa raposa que a olhava de longe e a seguia, os lugares onde esperavam os pacotes que Paul mandava, eram intervalos na solidão.

“Livre” é sobre o luto, a culpa, a auto destruição, mas também mostra a transformação que Cheryl sentiu em si mesma. Sua força recuperada, acabou com o seu lado cético sobre a vida, aprendendo a ter esperanças como sua mãe.

“Livre” é uma história real e no fim do filme, durante os créditos, podemos ver a Cheryl real que escreveu  o livro no qual o filme é baseado.

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Miss Potter

“Miss Potter”- Idem, Reino Unido, 2006

Direção: Chris Noonan

Quem nunca viu os livros infantis e mesmo os pratinhos e canecas de porcelana com o coelho vestido de gente?

Foi a inglesa Beatrix Potter (1866-1943) quem criou o personagem Peter Rabbit. Faz tempo. Ela era uma garota de família rica que gostava de desenhar seus animais de estimação. E tornou seu coelho mundialmente famoso.

Escritora de histórias para as crianças, seu primeiro livro, ilustrado com seus desenhos, “The Tale of Peter Rabbit”, em sua primeira edição, em 1902, vendeu 20.000 cópias no Natal daquele ano. No século passado, o livro vendeu mais de um milhão de cópias pelo mundo afora, traduzido em 37 línguas.

Outros livros foram igual sucesso de vendas e tornaram Beatrix Potter muito rica. Ela mudou-se para o campo inglês, comprou sua primeira fazenda, Hill Top e tornou-se criadora premiada de ovelhas.  Conservacionista, adquiriu terras que doou ao National Trust, organização que preservava áreas de beleza natural no Reino Unido.

O filme “Miss Potter” conta a história dessa mulher que enfrentou a sociedade inglesa vitoriana que proibia tudo às mulheres. Não se deixou levar pelos apelos de pai e mãe que queriam vê-la casada e frequentando chás com outras mulheres ricas. Não se casou com pretendentes que sua mãe lhe apresentava e não deu ouvidos à família quando se apaixonou por um homem que não pertencia à sua classe social.

Renée Zellweiger interpreta com segurança as alegrias e tristezas da escritora, rodeada por um elenco de primeira como Ewan McGregor, Emily Watson e Lloyd Owen.

A cena final volta para a inicial, na qual vimos Beatrix Potter escrevendo sentada num campo verde, debaixo de uma árvore com um rio ao fundo:

“As histórias nem sempre acabam onde pretende o autor. Mas é uma alegria segui-los, onde quer que nos levem”.

Uma mensagem de liberdade que ela adotou em sua vida.

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