As Leis de Lidia Poet

“As Leis de Lidia Poet”- “ La Legge di Lidia Poet”, Itália, 2023

Direção: Matteo Rovere

Oferecimento Arezzo

Em fins do século XIX a Itália era antiquada no que dizia respeito a mulheres advogadas. O que já era aceito em vários países da Europa e na América, era visto com desagrado. Por isso, Lidia Poet, a primeira advogada mulher na Itália, viu-se proibida de exercer a profissão, apesar de ter estudado leis na universidade e estar inscrita na Ordem dos Advogados.

Mas ela não desistiu e convenceu o irmão, advogado, que ela seria sua assistente ideal. Pouco convencido no início, depois admirador discreto do talento da irmã. Todos os clientes acusados de homicídio são libertados porque a advogada italiana não descansa enquanto não descobre o que realmente havia acontecido.

Matilde de Angelis faz Lidia Poet com graça e beleza. Seu rosto triangular, boca pequena e pele muito branca onde brilham os grandes olhos azuis inteligentes, bela silhueta e cabelos negros em coques ou soltos até a cintura, fazem dela uma intérprete perfeita.

Os figurinos de Stefan Ciammitti realçam a beleza da atriz e a vemos usando modelos escuros com cortes e bordados de veludo e seda e um toque contemporâneo nas jaquetas de couro. Os pequenos chapéus são deliciosos, enfeitados com plumas e flores.

Tudo se passa em Turim e vemos ruas, praças e prédios autênticos, onde passam os figurantes muito bem escolhidos e vestidos com figurinos apurados.

A produção de artes se esmera e vemos os interiores da casa onde moram Lidia, seu irmão, sua cunhada, o irmão dela e a sobrinha. As cenas mostram as salas e o quarto de Lidia, ornados com o gosto de enfeites burgueses da época.

Em seis episódios o ritmo da minissérie é mantido e a cada novo capítulo, outro crime é desvendado por Lidia.

Ela é inteligente, sensual e fogosa. E, feminista e feminina, não tem falsos pudores no sexo.

Baseada em fatos acontecidos, a minissérie faz justiça a uma mulher corajosa e defensora dos direitos das mulheres e dos inocentes, que sem ela, apodreceriam nas celas das prisões.

Excelente.

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Julieta

“Julieta”- Idem, Espanha, 2016

Direção: Pedro Almodóvar

Quantas vezes a casualidade muda nossas vidas? É raro mas acontece.

Julieta (Adriana Ugarte) mora em Madrid mas vai se mudar para Portugal com o namorado (Dario Grandinetti). Ambos não são jovens mas parecem se entender bem e querer essa mudança de rumo.

Porém, quis a vida que Julieta se encontrasse na rua com Bea (Michelle Jenner), outrora melhor amiga de sua filha, Antía. Surpresa, Julieta ouve que ela mora na Suissa e tem três filhos. Há quanto tempo essa mãe não sabe nada sobre sua filha?

O rosto tranquilo de Julieta muda completamente. Vê-se que está ávida por notícias da filha. Mas a outra está com pressa e se despede. Há quanto tempo mãe filha não se veem? E por que?

Esse encontro casual vai mudar a vida de Julieta. Não irá para Portugal. O namorado não entende o porquê. Mas ela não explica.

Muda-se para o antigo prédio em que morava porque Antía poderia vir a procurá-la. E começa um relato escrito onde explica para a filha sua vida com o pai dela, Xoan (Daniel Grao). Recupera uma foto rasgada dela com a filha e junta os pedaços. A foto vai servir de inspiração para Julieta no relato que vai escrever.

E começa o abrir e fechar das cortinas do teatro interno de Julieta. Cortinas cor de carne, a primeira imagem do filme. Elas se abrirão nos mostrando as cenas do drama, indo e vindo no tempo.

Cores fortes vestem as heroínas de um enredo que vai contar uma história de amor envolvendo pai e filha, que quase excluía a mãe. Perda, dor, luto e esperança serão os sentimentos que entrelaçam os personagens.

Pedro Almodóvar inspirou-se em três contos de Alice Munro para escrever a história de sua Julieta. Quem é fã do diretor vai encontrá-lo mais maduro e sereno.

Mas sempre atraente e genial

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