As Canções

“As Canções” – Brasil, 2011

Direção: Eduardo Coutinho

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Ele é um especialista em provocar o ser humano. Mas faz isso com respeito.

Apoiado em sua enorme inteligência emocional, Eduardo Coutinho, nosso maior documentarista, consegue trazer à tona o lado teatral e genuíno das pessoas que desfilam para a sua câmara.

Já tinha sido assim em 2007 com “Jogo de Cena”, no qual atrizes como Fernanda Torres, Andreia Beltrão, Marilia Pera e outras menos conhecidas, se misturavam com mulheres anônimas, em “close”, contando suas vidas. A uma certa altura do filme, já não sabíamos mais quem era que tinha vivido o que contava e quem era a atriz que atuava no texto.Impactante.

Agora, em “As Canções”, o mago do documentário quer que as pessoas cantem para ele a música que marcou as suas vidas.

Idéia genial porque todo mundo tem uma música especial que lembra um romance platônico, uma dor de cotovelo, uma paixão não correspondida, traições, mas também dias felizes e amores para toda a vida.

O cenário é limpo. Cortinas pretas de veludo e uma cadeira.

Para esse lugar de destaque virão ao nosso encontro pessoas simples que, interrogadas com poucas perguntas pelo diretor, vão despir a própria alma à nossa frente. E, quando isso acontece, é com honestidade, coração na mão e grande emoção que eles se
apresentam.

Desde Sonia, a que abre o filme, até Silvia, a última, passando por Maria de Fátima, Gilmar, Queimado, e outros, é um desfile de corações que amam, sofrem e a gente com eles, porque não há como escapar da teia que Eduardo Coutinho tece.

Ele convocou o pessoal no Rio, espalhando cartazes que diziam: “Alguma música já marcou a sua vida?
Cante e conte sua história”. Das 237 pessoas que se apresentaram, 42 foram filmadas e 18 estão no documentário, com idades que variam de 22 a 82 anos.

É impressionante como brasileiro sabe cantar.

“A capella”, sem nenhum acompanhamento, ouvimos músicas de Vinicius, Roberto Carlos, Jorge Benjor, Chico Buarque, Noel Rosa e muitos outros, mais antigos, que a gente mais nova nem conhece. Não importa. É o modo como cantam a música e contam sua história que é emocionante e que nos faz engolir em seco, sentir um nó na garganta e acompanhar no choro…

É o Brasil cantando e se emocionando.

Eduardo Coutinho ganhou o prêmio de melhor documentário do júri oficial e também do público no Festival do Rio de 2011.

Claro. Ele é um mestre na arte de compreender a comédia humana.

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Operação Presente

“Operação Presente” – “Arthur Christmas”, Estados Unidos, Inglaterra, 2011

Direção: Sarah Smith

Dentro de todos nós, existe uma criança que gosta do Natal. Se formos bons meninos e meninas, reza a tradição, nosso pedido em carta a Papai Noel, será atendido. No dia seguinte à ceia, para nossa grande alegria, um presente esperado estará embaixo da árvore cintilante.

Em meio a toda essa mesmice, seria difícil aparecer alguém com idéias novas. Pois aconteceu. O desenho animado “Operação Presente”, dirigido e roteirizado por Sarah Smith, faz crianças e adultos rirem, deslumbrados, com uma história nova que brinca
com a existência de uma família Noel, que a cada 70 natais, substitue o Papai Noel por seu herdeiro.

Essa animação original, feita com computação gráfica, veio do estúdio inglês Aardman, que já nos fez rir e pensar com “A Fuga das Galinhas”.

Uma pergunta cabível é levantada: como é que o Papai Noel consegue entregar os presentes de todas as crianças do mundo todo em uma só noite?

Difícil, né? Com aquele velho trenó, as renas, o mundo todo com milhões e milhões de crianças esperando o seu presente…

Mas Papai Noel não é mais aquele. Agora, tem uma nave espacial que tem mais de 2 km de largura e 3 de comprimento, com capacidade para levar mais de um milhão de elfos que fazem o trabalho braçal de entregar os presentes para seus respectivos donos.

A tecnologia natalina tem sua base no Polo Norte e é orquestrada pelo filho mais velho de Noel, o Comandante Steve que, de roupa camuflada, dirige a “Operação Presente”. E aspira ao posto de Papai Noel.

Tudo estaria muito bem se… E acontece o inimaginável. Com toda essa coisa nova de computadores e nave espacial, uma criança foi esquecida. E não receberá o seu presente, deixando assim de acreditar no Papai Noel.

Ninguém está muito preocupado no Polo Norte. Afinal, uma criança em bilhões… Mas Arthur, o encarregado da sessão de cartas, o atrapalhado mas sensível filho caçula de Noel, está arrasado. Porque ninguém pode deixar de acreditar no pai dele, um homem tão bom, que não era o responsável pelo esquecimento fatal.

Ele e Vovô Noel, um impagável velhinho que não se conforma em ser deixado de lado pelas modernidades do filho, vão ressuscitar o velho trenó e as renas e, movidos a pó mágico de aurora boreal, voam para tentar resolver o problema da criança esquecida.

Além das brincadeiras e risadas, a telona mostra cenas belíssimas, muito bem boladas, tanto da nave espacial vermelha quanto do velho trenó passando pelos icebergs, pela lua cheia, gravitando em torno da Terra azul ou no mar com baleias e golfinhos nadando junto às renas com seus guizos dourados.

Por tudo isso, recomendo “Operação Presente” para aqueles que acreditam que a magia do Natal é eterna mas que deve ser sempre renovada.

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