Planeta Vivo

“Planeta Vivo”- “Our Living World”, Reino Unido, 2024

Direção: Laura Coates

Oferecimento Arezzo

A voz quente e suave de Cate Blanchett nos leva mundo afora para nos mostrar os segredos da natureza, revelados pelos cientistas recentemente.

“A Incrível Rede da Natureza” é o nome do primeiro episódio de quatro que mostram a trama viva que une todos nós que vivemos no planeta.

“Perceba que tudo se conecta” é a epígrafe atribuída a Leonardo da Vinci (1452-1519), que já em sua época, sabia desse segredo. Ele foi pintor, escultor, urbanista, físico, astrônomo, engenheiro, naturalista, filósofo, químico, inventor e muito mais. Ou seja, foi um gênio que intuiu a íntima conexão de tudo no nosso planeta Terra.

O primeiro episódio mostra uma rua na hora do “rush” no Nepal. Um enorme rinoceronte caminha entre pessoas e carros O que ele faz ali? Procura alimento, fazendo o que sempre fez sua espécie quando tudo era natureza. Agora ele enfrenta o tráfego. A natureza pede passagem. O progresso põe a natureza nas sombras. É preciso pensarmos sobre isso.

E é o que vamos fazer ao longo dos episódios, levados pela voz de Cate Blanchett e presenciando o trabalho dos animais que vivem e com isso, preservam o planeta. Uma ideia fácil de compreender com os exemplos que vamos ver.

Nas belíssimas imagens da fauna do planeta, o segredo é revelado. Não somos nós que podemos salvar o planeta sozinhos. Precisamos do auxílio desses animais que foram sempre os responsáveis por manter o planeta vivo. Aqui tudo é interligado para preservar a força mais poderosa da terra: a vida.

Assim, nas florestas, nos oceanos, nos desertos, nas montanhas geladas, a fauna tem o importante papel de manter todos vivos. Essa é a afirmação dos cientistas que vamos ver ilustradas por exemplos ao redor do planeta.

Vamos atrás das renas, dos lobos, dos peixes nos corais, hipopótamos, salmões, jabutis, raposas-voadoras, capivaras, cotias e onças.

Precisamos desses animais. A fauna ajuda a manter o planeta saudável. Precisamos devolver à fauna o meio ambiente onde são necessários. Inclusive os predadores que, quando faltam, desorganizam o equilíbrio das espécies.

Conclusão, a Natureza pode ajudar a salvar o planeta, se dermos a ela uma chance.

Recomendo esse documentário belo e instrutivo para todos. Porque a hora é já.

Ripley

“Ripley”- Idem, Estados Unidos, 2024

Direção: Steven Zaillian

“Ripley” é um personagem criado pela escritora Patricia Highsmith (1921-1995), muitas vezes mostrado no cinema.

Assim, o belo Alain Delon, dirigido por René Clement em 1960, faz um personagem sedutor e sinistro em “O Sol por testemunha”. Em “O talentoso Ripley – The talented M. Ripley”, 1999, dirigido por Anthony Minghella, Matt Damon é um garotão que ama coisas caras e belas. Ele age impulsivamente, quando não tem saída.

O atual, dirigido por Steven Zaillian, que ganhou um Oscar pelo roteiro de “A Lista de Schindler”, traz à tela um ser misterioso, que tenta entrar num circulo social que não é o seu.

A sorte o brinda e ele conhece o pai de Richard Greenleaf, (Johnny Flinn) “bon vivant” que escapa de Nova York para a Europa, para viver como gosta. O pai, armador, quer que o filho volte para o negócio de construção de navios e barcos de luxo. E contrata Ripley para a tarefa de trazer de volta o filho pródigo.

O diretor Zaillian, que também escreveu o roteiro, cria um Ripley (Andrew Scott), que tem muitas caras, exímio imitador, falso, nunca diz a verdade e é muito ambicioso. Seus planos são sempre meticulosamente planejados.

Tom Ripley age para garantir uma vida cara pedida por seu narcisismo sem limites. Sua psicopatia o livra de remorsos e culpa.

Com 8 episódios na Netflix, vamos ver essa história ser contada não só com atores brilhantes mas em paisagens de sonho. A bela e antiga Itália é filmada com esmero e sofisticação em ângulos surpreendentes, num preto e branco majestoso que brilha qual prata.

O itinerário de Ripley começa pela pequena cidade de Atrani onde moram Dickie e Marge (Dakota Fanning) e segue para San Remo, Roma, Palermo, Veneza. A fotografia do filme é espetacular, quer seja da natureza, mar e rochas, praias de pedra, quer seja da arquitetura das vilas praianas ou nas esculturas gloriosas da arte greco-romana.

E o roteiro faz uma ligação de Ripley com Caravaggio (1571-1610), mostrando o nosso personagem buscando algo nas telas que encontra nas igrejas. Maior pintor do Barroco, Caravaggio levou uma vida agitada frente à acusação de ter matado um homem. Ripley identifica-se com a sorte do pintor? O claro/escuro das telas parece apontar para zonas de sombra nos dois homens. Aliás em todos nós. Há sempre a escolha. Mas neles havia contrastes de luz e sombra dramáticos.

“Ripley” tem beleza mesmo no grotesco. Um filme excepcional.