Loucura de Amor

"Loucura de Amor"- "Loco por Ella", Espanha, 2021

Direção: Dani de la Ordem

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Tem muita gente que pensa como Adrian, um jornalista de Barcelona. Num bar, entre amigos, ele pontifica, dizendo que não adianta culpar a sorte, o destino ou o carma:

“- Fracasso? Basta a pessoa querer! Usar a força de vontade!”

Mal sabia o que estava por vir. Apostou com os amigos que iria sair com uma garota daquela boate, mas trombou com outra e a história desses dois começa assim (Alvaro Cervantes e Susana Abaitua).

Ela, que é bela, diz que não gosta daquele lugar e que vai embora. Muito falante, anuncia que quer um cara só para transar por uma noite e pronto:

“- Não gosto do dia seguinte.”

Saem na moto dela, que corre como louca. Chegam num hotel e estava havendo um casamento. Ela mostra para Adrian todo o seu talento. Participam de tudo. Comem, bebem, dançam e até um discurso ela faz.

E vão acabar na suíte nupcial. E acontece a famosa noite única de Carla que sai na moto e deixa com Adrian, não um sapatinho de Cinderela, mas uma jaqueta. No bolso interno, o endereço da Clínica Los Sauces.

E ele vai atrás. Mas não consegue ver Carla e é expulso do lugar.

Acontece que Adrian está fascinado por Carla. Quer revê-la a todo custo. E um médico malandro vem a calhar. Assina a internação de Adrian na clínica. Isso é pura loucura.

E Adrian, que só queria o telefone dela, passa a ser um paciente internado e medicado. Bem, não propriamente, porque ele cuspia secretamente o remédio. Mas estava preso.

Adrian, que era jornalista de uma revista na internet, tinha prometido ao editor um artigo sobre doença mental, “O Lixo da Sociedade”, contra os cuidados custosos ao Estado, causados por essas pessoas.

Pois ele vai ver, na prática, o que ele ainda não tinha percebido. Do alto de sua onipotência, não levava em conta, nem conhecia, os pacientes e cuidadores dessas pessoas com transtornos psiquiátricos.

É claro que o tal “querer é poder” mostra-se bastante inadequado quando se trata da síndrome bipolar,Tourette, delírios e alucinações.

Mas uma coisa é certa. Adrian aprendeu que certas pessoas não tem a capacidade de lidar com seus conflitos. E que muito sofrem com isso. Precisam de ajuda.

Mas não se assustem, “Loucura de Amor” tem algumas reflexões sérias mas é um filme que tem bom humor e é bastante romântico.

 

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Cidade de Gelo

“ Cidade de Gelo”- “The Silver Skates”, Rússia, 2020

Direção: Michael Lockshin

Vem da Rússia um filme que parece ser um conto de fadas. Passa-se em São Petersburgo, no inverno da passagem do século XIX para o século XX. A cidade está toda coberta de neve e gelo, o que vai por em destaque o garoto Matvey (Fedor Fedotov), que faz entregas da confeitaria “Le Grand Pie”. Os patins de prata que ganhou de seu pai, há muitos anos, faz dele o melhor e mais rápido dos entregadores.

Infelizmente, quando fazia às pressas uma entrega importante, depara-se com as ruas fechadas para a passagem de carruagens da nobreza. Nada a fazer. E o pobre garoto é despedido.

É aí que ele vai conhecer Alex (Yuri Borisov) que lidera um grupo de patinadores que são exímios batedores de carteira e de tudo que estiver à mão. Dedos leves e acrobacias na patinação.

A luta de classes é a desculpa para o grupo fazer “desapropriações” ou seja, roubo.

O personagem principal, Matvey, desempregado e com o pai doente, precisando de tratamento, sem outras escolhas, junta-se ao grupo e mostra seus talentos nos patins.

Durante essas aventuras, que se passam nos canais do rio Neva, transformados em ruas de gelo, Matvey conhece Alice (Sophie Priss), uma bela e rica mocinha, diferente das outras porque quer estudar química. Mas claro que seu pai não aprova tais ideias, avançadas para a época, e quer casá-la com um rapaz de família nobre e rica (Alexey Guskov).

“Cidade de Gelo” é uma fantasia, semelhante às da Disney, mas com toque diferente. Os atores são verdadeiros atletas e patinam dando show nas cenas de ação.

As locações são bem escolhidas. Parte delas em estúdio mas também em lugares reais da cidade como o palácio de Mármore e os jardins do palácio Yusupov, usado na cena do baile, uma das mais bonitas do filme.

O roteiro é previsível mas o ponto forte é a produção de arte que mostra um jeito diferente de fazer as coisas. É como se estivéssemos realmente no começo do século passado, quando as roupas eram feitas à mão. E a patinação, esporte preferido na época em São Petersburgo, tem cenas perfeitas.

“Cidade de Gelo” é um filme bonito e um bom entretenimento, apesar de suas quase três horas de duração.

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