As Nadadoras

“As Nadadoras”- “The Swimmers”, Reino Unido, 2022

Direção: Sally El Husaini

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Quantas vezes vimos nos jornais e na TV os refugiados sírios buscando chegar à Europa, fugindo da guerra civil? Uma longa e triste fila de pessoas a pé ou em barcos lotados, todos lutando pela vida.

Esse filme conta uma história real, dirigida e roteirizada pela egípcia Sally El Husaini, que começa em Damasco, Síria. Duas irmãs, Yusra e Sara Mardini viviam uma vida normal de adolescentes. E se empenhavam nos treinos de natação a cargo do pai delas, ex nadador. A ideia era participar das competições locais e o sonho, quem sabe as Olimpíadas?

Mas quando começa a guerra tiveram que tomar uma difícil resolução. Abandonar o país como muitos já estavam fazendo, em busca de outro lugar para recomeçar suas vidas. Porém o medo era ver que nem todos conseguiram, ficando pelo caminho.

Os pais das garotas, interpretadas pelas francesas Nathalie e Manal Issa, apreensivos, não concordam a princípio mas são convencidos a deixar que fossem com o primo (Ahmed Malek). Chegando na Alemanha poderiam preparar o caminho para a família juntar-se a eles.

E começa a fuga, o tempo todo muito perigosa.

Chegam a Istambul e a intenção é seguir por mar até a ilha de Lesbos, na Grécia. Uma travessia trágica os espera: mar Egeu no escuro da noite e um bote abarrotado.

Com o coração apertado seguimos as garotas e os companheiros da aventura louca. Muitos dos embarcados não sabem sequer nadar.

Valentes e heroicas as duas conseguem empurrar o barco até o destino final.

E ainda estavam no meio da viagem.

E o filme mostra a perseverança das duas irmãs que não desistiram em nenhum momento de seus sonhos.

Embora diferentes, cada uma delas conseguiu o que queria, enfrentando todo tipo de dificuldades. Torcemos por elas.

A diretora faz um filme impressionante porque estamos em close com os fugitivos, evitando frio, balas e cães. E sabemos que na vida real foi assim mesmo que tudo aconteceu. É quase um milagre terem sobrevivido.

Yusra Mardini competiu nas Olimpíadas do Rio de Janeiro e Tóquio e ganhou medalhas em ambas. Em 2017 foi nomeada a mais jovem Embaixadora da Boa Vontade do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados. Mora em Berlim com sua família.

Sara Mardini desistiu das competições e voltou para a Grécia para ajudar outros refugiados. Foi presa em 2018 com acusações falsas, diz a Anistia Internacional. Aguarda julgamento.

Duas irmãs, duas vidas exemplares.

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Terra dos Sonhos

“Terra dos Sonhos”- “Slumberland”, Estados Unidos, 2022

Direção: Francis Lawrence

Esse é um filme fantasia que vai agradar não só às crianças, mas aos adultos também. Principalmente àqueles que tem um ladinho adolescente atento. Digamos que é um filme para toda a família.

“Terra dos Sonhos” tem um visual original com cores e efeitos especiais frutos de uma imaginação prodigiosa. E conta uma história comovente.

Nemo (Marlon Barteley) é uma garota de 11 anos que mora numa ilha com farol na companhia de seu pai (Kyle Chandler). Ela aprende com ele tudo que o pai sabe. Os dois se bastam e estão felizes.

Toda noite, antes de dormir abraçada com Porco, seu bicho de pelúcia inseparável, ela ouve as histórias que seu pai conta sobre aventuras como a busca de tesouros valiosos, inimigos estranhos e Flip, uma mistura de homem enorme e forte, vestido com roupas vistosas e enormes chifres de carneiro na cabeça. Muito engraçado, conta o pai, faz caretas e brincadeiras o tempo todo e tem a mania de roubar sem ser notado.

Mas, tragicamente, Nemo fica órfã. Seu pai querido havia desaparecido no mar durante uma tempestade.

“Terra dos sonhos” é inspirado numa história em quadrinhos de Winsor McCay e segue a heroína Nemo em suas aventuras à procura do pai no mundo dos sonhos. Ela queria estar com ele uma última vez.

Com o desaparecimento do pai, Nemo é levada para viver com o tio (Cris O’Dowd), seu único parente vivo. Bem que o tio Philip tenta aprender como lidar com crianças, mas ele era solteiro e solitário. Leu até um livro na tentativa de se aproximar de Nemo mas não conseguia. Ela estava de luto pela perda do pai e deprimida.

Nemo então refugia-se no mundo dos sonhos, dormindo bastante, na esperança de encontrar o pai. Mas é Flip (Jason Momoa), aquele das histórias de seu pai, que aparece em seus sonhos.

Com ele ela passa por aventuras divertidas e mesmo assustadoras. Um pesadelo escuro e tenebroso a persegue.

Sigmund Freud, o pai da Psicanálise, se interessou pelos sonhos e escreveu sobre eles no início do século passado. No fundo, pensava ele, os sonhos são os guardiões do sono. Sonhamos e não acordamos. Precisamos dos sonhos para relaxar, descansar, elaborar nossas vivências e permitir que o corpo se recupere.

Nemo dormia e sonhava muito. Foi difícil, mas com essa ajuda, Nemo conseguiu aceitar a realidade, superando a depressão.

Todos nós sonhamos. Mesmo aqueles que dizem não se lembrar de nada.

Bons sonhos.

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