Erin Brockovich – Uma Mulher de Talento

“Erin Brockovich – Uma Mulher de Talento”- “Erin Brockovich”, Estados Unidos, 2000

Direção: Steven Soderbergh

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Aqueles olhos expressivos e uma boca linda, cabelão, roupinhas chinfrim num corpão, é ela, Julia Roberts, que interpreta uma outra mulher decidida a lutar para alimentar seus três filhos. Dos dois maridos não se conhece o paradeiro.

Educação é pouca. Mas muita curiosidade e inteligência emocional, às vezes esquecida, aparecendo seu outro lado, um gênio irritável e um senso de justiça nato.

A primeira vez que a vemos ela está numa entrevista de trabalho. Mas fala demais e o que não devia.

Na segunda vez, ela está num escritório de advocacia com o dono (Albert Finney), que fica impressionado com ela, mas igualmente assustado, principalmente com sua insistência em dizer que pode aprender tudo. Arrogância e necessidade.

Sai irritada e decepcionada para, um pouco adiante, ser atingida por outro carro que passa sem ver o sinal vermelho e entra com tudo no dela.

Já que não tinha sido culpa de Erin, ela volta ao escritório de advocacia, com um colar ortopédico e um decote generoso.

“- Vamos fazer esse sujeito pagar. Conte-me o que aconteceu”, diz Ed Masry, o advogado.

Mas, no tribunal ela mete os pés pelas mãos e cai na armadilha que o advogado de defesa do réu armou para ela, desacreditando-a. Ela descamba para uma enxurrada de palavrões. Nada a fazer. Não há testemunhas e ela tem uma dívida de 17 mil dólares.

Erin sai dali desacorçoada, pensando nos três filhos. E ela só tem 74 dólares no Banco.

Mas se reergue e vai de novo ao escritório do advogado:

“- Você prometeu que iríamos ganhar. Não saio daqui sem um emprego. Se não der certo, despeça-me. Não me force a implorar.”

E, assim, Erin Brockovich entra no ramo da advocacia, sem saber nada sobre isso. Mas ela aprende rápido mesmo.

Só que as outras garotas do escritório a hostilizam. Não aprovam a saia de couro curta, os decotes e as transparências. Mas ela também vai aprender nesse setor. E vai perceber que tem um bom faro para detectar casos que pedem a presença da lei. Renova o guarda roupa e o jeito de tratar os outros.

George (Aaron Eckhart), o vizinho motoqueiro, entra na história, que é real, ajudando Erin na vida e conseguindo um lugar em seu coração. As crianças o adoram.

Vocês vão entender porque Julia Roberts ganhou um Oscar por esse papel. Só vendo.

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Um Inverno em Nova York

“Um Inverno em Nova York”- “The Kindness of Strangers”, Estados Unidos, 2019

Direção: Lone Scherfig

O título original fala mais a respeito do filme do que a tradução: “A Bondade de Estranhos”. Vamos ver uma história delicada que mostra a gentileza de gente que não conhece mas ajuda a personagem principal.

A gentileza com que tratamos aqueles que não conhecemos é uma das mais importantes qualidades do ser humano. Importar-se com quem não conhecemos é o que mantém uma sociedade bem organizada. Gentileza e bondade são a cola que nos une uns aos outros e é muito necessária quando passamos por dificuldades.

Precisamos pensar nisso e deixar que nosso coração assuma as rédeas dos nossos impulsos generosos. Nesse filme da diretora dinamarquesa Lone Scherfig, ela traz personagens que fazem o bem sem esperar retribuição, apenas porque existe empatia com o sofrimento alheio.

Mas não pensem que se trata de um filme piegas, nem adocicado.

A diretora do filme também escreveu o roteiro que é perfeito. É um filme coral, como dizem os franceses, no qual várias histórias se cruzam, tecendo uma rede que une todos os personagens.

Uma cadeira jogada pela janela por um rapaz bravo, torna-se o centro das atenções dos filhos de Clara (Zoe Kazan, atriz maravilhosa), que fugiu de casa no meio da noite e atravessou a ponte para Nova York. A mãe e os filhos nunca haviam estado na cidade que os acolhe. Os meninos estão animados. Não entendem a situação de sem teto em que estão metidos. Pensam que estão de férias. A cadeira vai aparecer de novo e será um bom augúrio para Clara.

Ela procura o pai de Richard (Esben Smed), marido dela, que não quer ajudar Clara. Acha que ela tem que voltar para o filho, policial violento, que surrava as crianças.

Dada a situação, Clara vai ter que se virar. Vai encontrar pessoas que não conhece e de quem não espera grande coisa.

Em um restaurante russo, Clara rouba comida para os filhos. O dono, Timofey (Bill Nighy) vai ser um dos personagens gentís na vida de Clara.

Outros vão aparecer. Andrea (Alice Riseborough), que é enfermeira num hospital e tem um grupo de ajuda numa igreja e Marc que leva um amigo advogado para esse grupo. Tem também Jeff (Caleb Landry Jones), que foi quem jogou a cadeira pela janela quando foi despedido.

O restaurante russo vai ser um dos cenários principais, onde vão acontecer os encontros de Clara com as pessoas que vão ajudá-la por pura bondade.

O filme vai ter um ritmo emocional de acordo com o que acontece. Há momentos de puro deleite e outros em que ficamos com pena dos personagens. E torcemos pelos pares amorosos que se formam.

Mostrar o melhor das pessoas é a proposta desse filme.

E “Um Inverno em Nova York” aquece nossos corações fazendo isso. Não deixe de ver.

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