127 Horas
“127 Horas”- “127 Hours”, Estados Unidos / Inglaterra, 2010
Direção: Danny Boyle
Oferecimento
Tomar decisões é obrigatório em nossas vidas e todos sabemos disso. Mas, de raro em raro, apresentam-se decisões difíceis que implicam em saber perder para talvez poder ganhar. Nesses momentos não há certezas mas probabilidades.
É disso que trata o filme “127 Horas”, dirigido por Danny Boyle, que já ganhou um Oscar em 2009 por “Quem Quer Ser Um Milionário”.
James Franco é praticamente o único ator do filme. Faz, com garra, um aventureiro, praticante de esportes radicais. Vamos segui-lo ao longo de cinco dias e viver com ele o momento mais importante de sua vida.
Tudo começa com um rapaz se preparando para passar um dia ao ar livre, em contato com a bela natureza do Parque Nacional Canyonlands em Utah, Estados Unidos.
Levanta cedo, recolhe tudo que precisa mas não consegue alcançar seu canivete suíço que rolou para um lugar difícil, numa prateleira baixa. A câmara de Boyle sinaliza esse momento, fazendo com que nós vejamos a cena do fundo do armário, com a mão do rapaz tateando e não achando o canivete.
O telefone toca mas ele não atende a mãe que deixa um recado.
O talento do diretor se mostra nesses pequenos detalhes. Ele prepara o espectador para o que vai acontecer.Tudo aos poucos.
Como um atleta, lá vai o rapaz pilotando sua bicicleta com ousadia, em direção ao cânion Blue John, numa manhã clara e ensolarada. Tudo parece tranquilo e fica mais divertido quando ele encontra duas belas garotas que querem conhecer o lugar.
Como guia esperto, ele ensina às duas o caminho mais atraente. E escorregam entre duas paredes de pedra para cair num lago azul. Pura delícia.
Boyle introduz imagens gravadas na pequena filmadora do rapaz. Por enquanto só brincadeiras e risadas.
Mas tudo vai ficar muito difícil.
Na volta, despreocupado e curtindo o corpo saudável sob o sol, os pés bem calçados pressionando a rocha, perde-se em seus pensamentos e fica desatento.
Basta um momento. Um segundo. E o inesperado acontece. A pedra falta sob seus pés e ele desmorona para o fundo da fenda…
E nós vamos junto.
Porque James Franco vai conseguir fazer com que nos identifiquemos de tal forma com o rapaz, que vai ser duro o sofrimento que vamos presenciar.
Vai doer na nossa carne.
Preso a uma pedra, sem comida nem água suficiente, o nosso rapaz vai valer-se de sua imaginação e inteligência para conseguir conviver com o inferno.
Solidão, dor, remorso.
Sem celular. E não tinha avisado a ninguém de onde estaria…
Mas ele tem uma poderosa vontade de sobreviver. Isso vai fazer toda a diferença.
A tela é usada pelo diretor de forma a acompanhar as defesas que o rapaz usa, ora lembrando-se de cenas de sua vida, ora alucinando para escapar daquela prisão.
Dentro de toda a tragédia, chega a ser engraçado quando ele usa sua filmadora para fingir que está em um programa de TV.
A trilha sonora, muito bem escolhida, ajuda a criar o clima de cada cena.
Baseado na história real de Aron Ralston que passou por tudo isso em 2003 e conta a sua história no livro “127 Horas – Uma empolgante História de Sobrevivência”, o filme foi indicado para 6 Oscars : filme, ator, roteiro adaptado, canção, trilha sonora e montagem.
A grande injustiça é que, o criador do filme, o diretor Danny Boyle (ajudado pelo talento de James Franco, uma fera de ator), não foi indicado para o prêmio.
Dá para entender a Academia?