A Escalada

“A Escalada”- “L’Ascension”, França 2017

Direção: Ludovic Bernard

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Subir o Everest, a mais alta montanha do mundo com 8.849 m, é uma aventura que atrai quem gosta de montanhismo e possui experiência no assunto. É algo que desafia e assusta mesmo os mais corajosos. E tem causado tragédias, já que tudo pode acontecer, até com gente do ramo.

Ora, o filme “A Escalada” conta a história real de Nadir Dendoune, que tem três nacionalidades (francesa, argelina e australiana) que, tendo participado de algumas travessias de bicicleta na Austrália e viajado pelo mundo com a Cruz Vermelha, resolveu enfrentar o Everest, sem nenhuma experiência. Cara e coragem.

Ele escreveu um livro, “Um Tocard sur le Toit du Monde”, que foi adaptado para o filme dirigido por Ludovic Bernard. A adaptação mudou alguns fatos. Por exemplo, Dendoune é branco mas aprovou a escolha do comediante negro francês, Ahmed Silla, para interpretar o personagem principal, Samy Diakhaté. Essa mudança propiciou uma das cenas mais tocantes do filme quando o xerpa “Johnny” toca a pele negra de Ahmed Silla, encantado e diz:

“- Que coisa mais linda! “ Ele nunca tinha visto um negro.

No filme, Samy mora na periferia parisiense com sua família, pai taxista, mãe amorosa e três irmãos menores. Foi desde sempre apaixonado por Nadia (Alice Beloudi), mas não conseguia se declarar porque a moça era arredia.

Samy resolve então, num ímpeto, depois que Nadia se esquivara de um beijo, fazer a promessa de que iria escalar o monte Evereste para provar a ela o seu amor.

Mas onde arranjar o dinheiro para custear a aventura? Depois de muitas recusas, uma rádio pequena se interessa por Samy e sua história. Ele se compromete a ligar, sempre que possível, contando o desenrolar dessa loucura.

Pois então, dito e feito. Samy compra a passagem e parte para Katmandu, capital do Nepal, primeiro passo para chegar ao pé do Everest, levando às costas tudo que acha que vai precisar na subida. Ele não tinha a menor ideia sobre o que o esperava.

Só para chegar ao primeiro acampamento, a estrada é estreita e de pedra. Uma ladeira acima. Pior. Gente de todas as nacionalidades em grupos, a maioria bêbados, riem alto e gozam dele, achando que logo vai desistir.

Mas não conhecem Samy e sua força de vontade. Até o guia pago, Jeff (Nicolas Wanczycki), que o olha com um misto de ironia e descrença, vai acabar por admirar esse cara despreparado mas munido de uma animação imbatível.

Porém Samy sabe que se não tivesse a ajuda eficiente do xerpa “Johnny”, assim chamado porque tinha um nome impronunciável, nunca teria passado do segundo acampamento. Foi com ele que Samy fez uma troca que salvou sua vida. Ele lia à noite para o xerpa um livro romântico que sua mãe colocara em sua mochila e ele ensinava Samy a escalar as paredes de gelo, intransponíveis para quem não tinha a técnica necessária.

Em Paris, onde sua torcida aumentava a cada dia, Samy é uma atração. Mesmo os que não acreditavam nele, passaram a saudar com palmas a cada vez que ele conseguia contar algo sobre sua aventura.

“A Escalada” é um filme divertido, leve, apesar de todo o medo que até nós sentimos quando Samy olha para baixo nas passagens mais difíceis e tendo que suportar um frio congelante e alturas sem oxigênio.

O que mais vale são os momentos em que participamos da beleza das montanhas geladas brilhando ao sol, onde Samy sente a emoção de estar no topo do mundo.

E a lição que aprendemos, mais uma vez, é que o amor nos faz fortes para realizarmos nossos sonhos.

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100 Dias Meu Príncipe

“100 Dias Meu Príncipe” – “100 Days My Prince”, Coreia do Sul, 2020

Direção: Lee Jong-Jae

No reino de Joseon, dinastia que governou durante cinco séculos (1302-1897) nas terras onde hoje é a Coreia, passou-se essa história que fala sobre um amor da infância que marcou duas crianças para sempre.

Nas cenas iniciais da série sul coreana, que tem 16 episódios, vemos um menino encantado com sua vizinha. Os dois brincam nos jardins onde as cerejeiras estão em plena floração, forrando o chão de pétalas cor de rosa.

O menino, Lee Yul (Do Kyung So) não tira os olhos de Yoon Yi Seo (Nam Ji Hyun), uma menina de olhos brilhantes, alegre e linda, vestida com uma saia rosa e blusa curta verde claro, o traje tradicional daquela região. Seus cabelos negros e brilhantes estão trançados e presos com uma fita vermelha. Ao lado dos dois está o irmão mais velho dela, Yoon Seok Ha (Kim Jae Young).

O menino Lee Yul tinha passado a estudar e ler livros para impressionar a garota que era inteligente e sabia das coisas. Ele era apaixonado por ela. No dia em que feriu o braço e ela desatou a fita que prendia a trança para evitar que perdesse muito sangue, esse amor instalou-se mais fortemente em seu coração.

E quando ela pergunta do que ele gosta mais, se da neve ou das pétalas da cerejeira que caem sobre eles, não hesita:

“- Gosto de você. Vou casar com você! ”

E os dias passavam alegres para aquelas crianças quando numa noite, inesperadamente, homens armados de longas espadas matam o pai dela, que era nobre e figura importante do governo. O mandante do assassinato fora o traidor Kim Cha Eon (Jo Sung Ha).

Com bravura, Lee Yul tenta proteger os dois irmãos que conseguem fugir e escapar da morte certa. Mas fica destroçado quando descobre que o verdadeiro mandante do crime tinha sido seu próprio pai, que almejava o trono real.

Lee Yul torna-se o príncipe real, herdeiro do trono, mas sua vida perdeu o sentido quando percebeu que nunca esqueceria da menina que amava. A fita vermelha dela era guardada como um tesouro e Lee Yul procurava por ela em todas as mulheres do reino. Inutilmente.

Obrigado a casar-se com a filha do primeiro vice, o homem que assassinara o pai de sua amada, Lee Yul que nunca se recuperara de sua perda, durante um período de grave seca, ordena que todos os solteiros se casem. Uma tradição de sua cultura.

E vai começar então uma série de aventuras que o príncipe vive, alvo de atentados por alguém que quer sua morte. Ele vai perder a memória e viver 100 dias ao lado de uma moça que vive na aldeia dos plebeus, órfã adotada por um camponês que ama Hong Shim, nome sob o qual a menina Yi Seo vive agora.

A história tem muitas reviravoltas que criam suspense e torcida para que os dois prometidos pelo destino se reconheçam e sejam finalmente felizes. Há também personagens secundários que trazem humor e leveza ao drama. O par principal tem uma bela química e os atores convencem em seus papéis.

A beleza das locações é um dos trunfos dessa série que mostra a diferença gritante entre o rei e sua corte, que vivem na riqueza e fartura e a dos plebeus que mal tem o que comer.

Os figurinos, tanto das mulheres com dos homens, são caprichados e muito bem executados. Os nobres vestidos em sedas raras e os camponeses em tecidos rústicos. Os adornos nos cabelos da rainha e princesa real são de extremo bom gosto e suas roupas chamam a atenção pela combinação harmoniosa de cores e bordados. Um luxo refinado.

“100 dias meu príncipe” é uma série que fala de um passado longínquo de uma tradição pouco conhecida no ocidente e de um amor que sobrevive a vários obstáculos porque está enraizado no coração de pessoas sinceras e romântica

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