Casa Guccci
“Casa Gucci”- “House of Gucci”, Estados Unidos, 2021
Direção: Ridley Scott
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Tudo começou com Guccio Gucci. Ele era um maleiro, filho de artesãos, que fundou a marca nos anos 20 do século passado em Florença. No começo era uma loja com malas para viagem feitas de couro, que viriam a se tornar os primeiros produtos da mais famosa marca italiana de sapatos e bolsas caríssimos e elegantes.
Quando os filhos do fundador herdaram a marca, em 1953, Rodolfo, Vasco (que não está no filme) e Aldo conseguiram impor a Gucci na Itália e internacionalmente. Na verdade, isso foi obra de Aldo, tio de Maurizio e pai de Paolo que tocava a marca. Em 1974 a Gucci possuía mais de 14 lojas pelo mundo.
Quando o filme começa, Maurizio Gucci (Adam Driver), filho de Rodolfo (Jeremy Irons), apresenta ao pai a suburbana Patrizia Reggiani (Lady Gaga) que havia conhecido numa festa na boate da moda. Ela extrovertida, ele tímido e distante, tornam-se namorados apaixonados. Pelo menos é isso que parecia.
Mas Rodolfo não se deixa levar pelos ares sedutores da recém chegada. Diz ao filho que saia, divirta-se, viaje com a garota mas casamento, nem pensar.
Não adiantou o aviso. Maurizio se encantara com a moça exuberante, que não se intimidava com o rapaz quieto e elegante. Foi deserdado, já que Rodolfo acreditava que esse casamento era um golpe do baú.
Aliás ninguém da família, nem amigos dos Gucci, compareceram a esse casamento.
Mas Patrizia fez que não viu e entrou radiante no Duomo de Milão, de braço com o pai, que negociava transporte por caminhões. O casal parecia feliz.
Mas Patrizia tinha planos e os executou com maestria. Sedutora, como sempre, conseguiu que o marido voltasse a trabalhar com o tio Aldo e se reconciliasse com o pai, que morreu em seguida.
O filme tem atuações de um elenco estrelado onde brilham Jeremy Irons e Al Pacino, os mais convincentes em seus papéis de pai e tio. Jared Leto como Paolo está irreconhecível e irritante. Adam Driver atua bem como Maurizio e Lady Gaga divide opiniões. Uns acham que ela está divina como a “viúva negra” e outros abominam a interpretação extravagante com um sotaque que quer ser italiano mas soa como russo. De qualquer modo, ela chama a atenção, vestida para arrasar com modelos justos e barriguinha saliente, colares e brincos de ouro e pedras faiscantes de manhã à noite.
O ritmo do filme é arrastado e a primeira parte se alonga mais do que a segunda, quando acontece o que todos já sabem, dez anos depois de Maurizio e Patrizia estarem separados. Tudo aconteceu em 1995, quando Maurizio não trabalhava mais na marca, vendida para um grupo árabe.
O roteiro é o ponto fraco da história, mal contada e com narrativas que acabam bruscamente, sem explicações e muitas vezes com lapsos de tempo que não ficam claros para quem assiste ao filme.
Mas “Casa Gucci” tem uma produção de arte perfeita e luxuosa nos mínimos detalhes. E uma trilha sonora bem escolhida.
Uma personagem do elenco faz uma piada para quem sabe que Salma Hayek, que representa uma cartomante que ajuda Patrizia em seus planos macabros, é mulher do atual dono da marca Gucci. Aliás o melhor sotaque italiano do filme.
Ridley Scott, 82 anos, de “Thelma e Louise”, “Alien”, “Blade Runner”, só para citar alguns dos filmes dele, dirige “Casa Gucci” mas sem o seu estilo. O assunto sério, um assassinato, é tratado como se fosse uma ficção, em tom de farsa.
De qualquer modo é um bom entretenimento que esbanja caricaturas ao mostrar o lado fútil, oco e narcisista que existe num mundo de gente muito rica que só pensa em competir na ganância pelo dinheiro e fama.