007 – Operação Skyfall
“007- Operação Skyfall” – “Skyfall”, Estados Unidos, Reino Unido 2012
Direção: Sam Mendes
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O último James Bond é de encher os olhos. Há cenas mirabolantes de embates corpo a corpo no teto de um trem em movimento e dentro de um rio gelado, tiroteios e tocaias em galerias subterrâneas e destruições magníficas pontuando a ação no metrô de Londres, numa casa na Escócia e na própria sede do MI6, organização da inteligência britânica à qual pertence o agente 007.
Aliás o início do filme em Istambul, uma perseguição maluca de moto nos telhados do Grand Bazar, já é uma amostra do que vem a seguir.
Sam Mendes é o premiado diretor de “Beleza Americana” que assina o 23º filme do 007, criação de Ian Fleming que tem 50 anos na tela do cinema, desde 1962, o primeiro James Bond, “O Satânico Doutor No”.
A ação é filmada num ritmo vertiginoso e cenas belíssimas acontecem em Shanghai, Istambul, Londres e Escócia. Fica difícil escolher a mais bonita mas voltam na memória a água-viva azul gigante projetada nos vidros do prédio em Shanghai, a chegada ao cassino com o rio decorado com velas e dragões chineses, o sensual banho a dois, a queda na água do rio, a paisagem escocesa em tons frios e a casa de pedra majestosa no meio do pântano deserto e, claro a abertura do filme que é um capitulo à parte.
Mas, dessa vez, quem está no centro da história é Judi Dench, a M, chefe de 007. Ela vai ter que pensar em seus pecados, diz a tela do seu computador, invadido por hackers que acessam a lista com os nomes de todos os agentes infiltrados em organizações terroristas. O posto de M está por um fio.
E o ponto alto, aquele que rouba todas as cenas em que aparece, é o novo vilão, na pele de Javier Bardem, de cabelo e sobrancelhas tingidos de um tom de louro vulgar, modos afetados e roupas de gigolô. Odeia e ama M, dono de uma personalidade psicopática que clama por vingança.
Aliás é a primeira vez que características psicológicas dos personagens são exploradas. Assim, M é fria como sempre mas oculta mal seu lado materno quando se preocupa por Bond. Ele, interpretado por Daniel Craig, sente dores, erra alvos, não passa nos testes do MI6 e precisa que M esconda esses resultados negativos. Ou seja, estão envelhecendo.
O tema que aparece então nas entrelinhas é o novo contra o velho. O mundo que mudou, a tecnologia que substitue o ser humano. E a pergunta é agentes como 007 são ainda necessários? Esse é o desafio para M e Bond.
O trio que escreveu o roteiro (Neal Purvis,Robert Wade e John Logan) inova inclusive no fator “Bond Girl”. Parece que 007 está menos interessado em mulheres, apesar da agente Eve que reserva uma surpresa para Bond, quando conta a ele seu sobrenome. Quem tem boa memória vai se lembrar de uma certa secretária sexy dos tempos de James Bond.
O final traz para o espectador revelações sobre o passado de James Bond e cria um papel especial para Albert Finney, que faz o velho guarda-caça com seu antigo método de se livrar de inimigos.
Um filme de ação que pode agradar mesmo a quem não aprecia o gênero, porque tem mais, muito mais do que apenas tiros e correrias.