The Crown – Quarta Temporada

“The Crown - Quarta Temporada”- Reino Unido, Estados Unidos, 2020

Direção: Stephen Daldry

Oferecimento Arezzo

E lá vamos nós de novo, seguindo atentos e encantados as aventuras da família real inglesa, os Windsor. É a quarta temporada, que custou incríveis 150 milhões de dólares para recriar a magia e a fascinação que essa série provoca mundo afora.

Tudo começa em Londres onde a Rainha Elizabeth II (Olivia Colman), a cavalo e de uniforme, comanda uma cerimônia tradicional, acompanhada do filho, Príncipe Charles (Josh O’Connor), do marido, Príncipe Philip (Tobias Menzies) e do Lord Louis Mountbatten (Charles Dance) que é o “Gold Stick”, ou seja, a figura que protege a Rainha e dá nome ao capítulo “O Guarda Costas”.

As imagens de manifestações revoltadas na Irlanda aparecem. Os nacionalistas e o IRA, Exército Republicano Irlandês, protestam contra o domínio inglês. Antecipa-se assim o porquê da morte do “Gold Stick”.

Estamos no fim dos anos 70 e a família real almoça, com um único tema de conversação, a vida amorosa do ausente Charles. O pai critica o tio Dickie dizendo que ele incentivou o caso de Charles com Camilla, a Duquesa de Cornwall, agora casada e com filhos. Mas a boa notícia é que parece que ele agora está namorando Lady Sarah Spencer. E por causa disso, acontece o primeiro encontro de Charles com a irmã caçula, Diana, fantasiada para uma apresentação na escola. Atrás de um grande vaso ela conversa com o Príncipe, tímida e encantada.

Ela e uma outra mulher vão provocar adoração e ódio.

Margareth Tatcher (Gillian Anderson), a Primeira Ministra, suscitará controvérsias, desemprego e insatisfação durante seus 11 anos de governo. Sem falar da guerra das Malvinas que custou 900 vidas.

Diana Spencer (Emma Corrin) vai se tornar Princesa de Gales, futura rainha e mãe amorosa dos herdeiros do trono, William e Harry. Terá adoração do povo e brigas em casa.

A novidade dessa quarta temporada é que Peter Morgan, criador e autor do roteiro, vai expor as intimidades de seus personagens reais. Assim será com a Princesa Margareth que descobre doença mental e parentes secretos, também com a Princesa Anne, a preferida do pai, sempre muito insatisfeita, e os dois filhos menores da rainha nascidos por insistência da mãe, que na verdade sempre foi muito ausente.

Mesmo a rainha, muito fria e impessoal até agora, mostra que, atrás da fachada real, sentimentos contraditórios envolvem tanto seu papel de mãe quanto, por exemplo, sua relação com a Primeira Ministra.

Até as brigas de Diana e Charles vão ser alvo de irritação contida naquela que Diana insiste em chamar de “Mãe”, ocasiões em que vemos uma chispa de desconforto nos olhos da Rainha. Quando a Princesa se agarra num abraço com ela, podemos até rir dos braços reais irremediavelmente esticados para não retribuir o clima imposto pela nora.

Aliás Diana é vista como alguém que não consegue manter um equilíbrio. Muito imatura, acha que merece sempre a simpatia da família que abomina, não esconde os ciúmes que sente de Camilla, entrega-se ao mau humor, gritos e discussões ásperas com o marido. E depois à bulimia e namorados que entram e saem.

Pela primeira vez tomamos consciência de quanto seu irresistível carisma e exibicionismo atormentavam Charles, um homem frágil, carente e que precisava de toda a atenção que Diana não podia lhe dar. Ela roubava para si mesma todos os olhares e flashes e isso irritava imensamente o marido que mostrava inveja do sucesso dela e uma baixa autoestima.

“The Crown” esbanja capricho tanto nas interpretações impecáveis quanto na produção de arte, figurinos escolhidos a dedo, música e locações esplêndidas. Palácios divinos e natureza intocada. Um luxo só.

E pelo close final, pode-se deduzir que haverá a quinta temporada para regozijo dos fãs.

Ler Mais

Borgen – primeira temporada

“Borgen - primeira temporada”- Dinamarca, 2010

Direção: Soren Kragh e Rulen Hammerich

Considerada por muitos como a melhor série de todas, ela vem da Dinamarca e seu nome significa “castelo”.  Nesse caso, o castelo é o Palácio de Christianborg, sede do poder no Reino da Dinamarca, onde ficam o Parlamento, o gabinete do Primeiro Ministro e o Supremo Tribunal. É um edifício imponente e sóbrio que tem em sua frente uma praça ornada por uma grande fonte e cercada por árvores que a delimitam.

Na Dinamarca há uma monarquia constitucional com um sistema parlamentar de governo. “Borgen” vai mostrar a mudança do poder para a primeira mulher que ganha o posto de Primeira Ministra no país de quase 6 milhões de habitantes e com uma boa qualidade de vida para toda a sua população, sendo considerado o país com a menor desigualdade no mundo.

Birgitte Nyborg Christensen (Sidse Babett Knudsen, atriz maravilhosa) é o nome da Primeira Ministra, dona de um belo sorriso e carisma. Ela é a líder do partido dos moderados, seus olhos azuis penetrantes mostram sua inteligência, tem quarenta e poucos anos e é casada com Phillip, um homem atraente, professor universitário. O casal tem dois filhos, uma adolescente e um garoto de 8 anos. Moram numa casa charmosa sem luxos.

Estamos num país muito civilizado, o que não vai impedir que os políticos cometam erros, injustiças e atos de machismo. Mas aqui qualquer deslize pode ser perigoso para quem almeja o poder.

Os políticos do Borgen sabem que os casais tem que entender que um deles vai trabalhar e o outro vai cuidar deles, da casa e dos filhos. Isso funciona se é a mulher que fica em casa. Mas nem sempre. Como vamos ver já no primeiro capítulo, o Primeiro Ministro tem que ir salvar a mulher que surtou numa loja. E perde o posto para a líder do partido dos moderados por usar um cartão corporativo do governo.

Ela é séria, sempre correta, humana e bem intencionada. Mas nem sempre vai poder contar com a boa vontade alheia.

Fora do contexto das tramas partidárias, nas quais todos  fazem de tudo para conseguir postos chaves nos ministérios, o roteiro vai nos mostrar a intimidade da Primeira Ministra no seu casamento. O casal que vivia numa aparente lua de mel, se bem que com hora marcada para o amor, vai passar por uma crise de afastamento. Ela não tem tempo para si mesma. Trabalha das 8 da manhã até a noite e chega em casa exausta, esperando que o marido tenha cuidado das crianças e do jantar. Assim tinham combinado quando ela fora indicada para ser a Primeira Ministra. Mas na prática funciona?

Uma personagem importante é a jornalista jovem e corajosa, Katrine (Birgitte Hjort Sorensen). É atraente e muito interessada em desvendar o que se passa na política do país. Trabalha na televisão e é âncora criativa em suas entrevistas. É próxima de Kasper Juul, outro personagem jovem interessante, já que conquista o posto de braço direito da Primeira Ministra, antes ocupado por Bent Sjero (Lars Knutson). Ele consegue entender os próximos passos dos adversários e aconselha bem a Primeira Ministra. É fiel à chefe. Mas tem um triste segredo em seu passado que dificulta seus relacionamentos amorosos.

“Borgen” suscita inveja nos brasileiros, tão mal servidos de políticos humanos e eficientes, com as devidas exceções que são a esperança de que isso mude.

Vou ver todas as três temporadas de 10 capítulos cada uma. É imperdível.

Ler Mais