Jane Eyre

“Jane Eyre” - Idem, Reino Unido, Estados Unidos, 2011

Direção: Cary Joji Fukunaga

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A imagem é bela mas de uma beleza árida. O vento e o frio tornam as pedras, molhadas pela chuva, escorregadias. O que faz aquela mocinha com ar perdido, molhada e cansada, naquele lugar deserto?

Assim começa o filme, a mais nova adaptação de 2011 para o cinema, do romance “Jane Eyre” de Charlotte Bronte (1816-1855), publicado em 1847. Em longos flashbacks vamos entendendo o que aconteceu com a heroína da história. Será contado o destino daquela mulher jovem, valente, que enfrentou com firmeza obstáculos quase intransponíveis em sua vida.

Orfã e criança, ela vai morar com a tia que não a tolerava e a envia para um internato de freiras severas, um lugar escuro e amedrontador. A disciplina e o silêncio eram a regra, bem como as orações na capela. As meninas não eram bem alimentadas e o castigo pelas falhas eram aplicados com rigor. Jane não tinha férias com a família como as outras alunas já que a tia não queria vê-la.

Acostumada ao sofrimento, que ela aguentava com estoicismo, foi com prazer que ela aceitou o cargo de governanta e professora de uma menina, Adele Varens (Romy Settbon Moore), em um castelo longínquo, Thornfield. A menina era uma criança encantadora que se apegou a Jane com facilidade. Era inteligente e tão ávida de afeto como sua professora.

O enorme castelo era então habitado só por mulheres porque o dono aparecia raramente. A governanta da casa (Judi Dench) era simpática e acolhedora e mantinha sempre tudo em ordem. Se o dono de tudo chegasse sem aviso, tudo tinha que estar perfeito.

Jane estava feliz alí mas havia no ar algo estranho, que Jane sentia, mas não sabia o que era.

E na primeira visita do patrão ao castelo uma coisa ficou bastante clara. Ele era distante e calado.

O romance escrito por Charlotte Bronte fez muito sucesso na Inglaterra, agradando até mesmo à rainha Victória. Mas, até então, o livro só tinha sido publicado com pseudônimo masculino. Com a aprovação geral, a verdadeira autora assumiu seu romance.

Não podemos nos esquecer que o lugar da mulher no século 19 era ainda a casa e os afazeres com os filhos. Daí a autora poder ser considerada uma das primeiras mulheres feministas, já que sua personagem, Jane Eyre, era uma mulher, que mesmo sozinha no mundo, soube direcionar sua vida.

A liberdade para viver a própria vida e tomar decisões por si mesma, seria um sentimento que as mulheres admiravam já há algum tempo. A personagem e a sua autora tornaram-se modelo para a mulher que queria ser dona de seus projetos de vida.

O filme foi rodado numa bela região, com as estações bem marcadas. Neve abundante, flores no jardim e frutos no outono, são as diferentes faces da natureza que cercava o castelo.

A produção de arte é esmerada nos mínimos detalhes e os figurinos austeros mas elegantes.

Mia Wasikowska está perfeita no papel que não admite frivolidades em Jane, mostrando uma beleza pura, porém sem esconder o desejo de viver uma paixão. Michael Fassbender mostra seu lado sedutor, ao mesmo tempo contido e ardoroso.

Um belo filme.

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Casamento Grego

“Casamento Grego”- “My Big Fat Greek Wedding” Canadá, Estados Unidos, 2002

Direção: Joel Zwick

Toula Portokalos tem 30 anos e ainda não se casou. Mora com a família em Chicago. Para qualquer outro pai, isso não seria um problema. Mas acontece que Toula nasceu numa família grega e, portanto, o que se espera dela é que case com um homem grego, tenha bebês gregos e alimente a todos por toda a vida. E o pai dela está ficando desacorçoado com a filha. Por que ela não se casa?

Toula (Nia Vardalos, ótima) na verdade, está também querendo que sua vida mude. Todo dia a encontramos no Dancing Zorba, o restaurante da família. Resolve então fazer um curso de computação e turismo. Não é fácil convencer o pai. Mas a mãe se encarrega disso.

E foi assim que Ian (John Corbett) a viu no escritório, pela vidraça que dava para a rua. Logo lembrou-se da moça do restaurante grego. Um dia almoçou por lá e reparou nela. Seu sorriso e os olhos atrás dos óculos.

Ian parou para a olhar e, mesmo muito mudada, era ela. Sem óculos, cabelos crespos soltos, vestido mais feminino e aquele mesmo sorriso.

E foi assim que logo eram um casal de apaixonados.

Querem casar-se. Mas como, se ela era católica ortodoxa grega e ele, família americana classe média, vagamente presbiterianos? Eram em tudo diferentes dos gregos animados, falando alto, sempre prontos para vastas quantidades de comida e tantos filhos? Só de primos Toula tinha 27… Ian era filho único.

O filme tem muito humor e cenas divertidas. Foi rodado em Toronto para parecer Chicago. E a ideia de adaptar a peça de teatro, escrita por Nia Vardalos, a Toula, para o cinema, veio da mulher de Tom Hanks, que realmente produziu o filme.

Essa comédia romântica fez muito sucesso com o público americano e teve até uma sequência no cinema e série na televisão. Foi indicado ao Oscar de melhor roteiro.

Em tempos complicados como os que agora vivemos, é delicioso ver como tudo pode se resolver na vida com boa vontade e alegria de viver.

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