A Juíza

“A Juíza”- “RBG”, Estados Unidos, 2018

Direção: Betsy West e Julie Cohen

Foi em Washington que a juíza Ruth Bader Ginsburg fez o seu nome. E é por isso que esse documentário sobre ela abre com cartões postais da capital dos Estados Unidos.

A “Notorius RBG”, ou seja, “A Famosa RBG”, como é chamada, lutou na Suprema Corte contra a discriminação baseada em gênero. Ou seja, ela se perguntou desde cedo: por que as mulheres são tratadas como cidadãos de segunda categoria?

“Não peço favores para o meu sexo. Só peço que tirem o pé do meu pescoço”, diz ela repetindo a frase de uma abolicionista.

E pela lista de seus inimigos podemos deduzir de que lado ela está. Se não, vejamos o que dizem alguns:

“Uma absoluta desgraça para a Suprema Corte.” – Trump.

“Essa bruxa. Essa malfeitora, esse monstro. ” – Michael Savage

“Ela é um dos seres humanos mais desprezíveis.”- Rick Wiles

Tem gente portanto que detesta a juíza.

Essa mulher pequena, judia do Brooklyn, onde nasceu em 1933 e lá foi criada, é agora, aos 86 anos, uma “rock star”. A internet e a nova geração encarregaram-se de chamar a atenção para essa juíza tímida, séria, que desde sempre nunca jogou conversa fora.

Com a idade, ela passou a ser menos tímida, tornou-se mais visível e menos severa. Ri de si mesma interpretada por uma atriz cômica na televisão. E, mesmo que alguns queiram que ela se aposente, diz alto e bom som:

“- Enquanto eu conseguir trabalhar, vou continuar a fazer o que sei fazer.”

E ela trabalhou a vida inteira em favor daquelas que não tinham voz. Formada advogada por Columbia, onde era a única mulher da turma, emprestou sua inteligência e convicção à causa das mulheres. Seus argumentos sempre foram falados com uma voz calma e serena, nunca com raiva, como aprendera com sua mãe.

Foi feliz no casamento com um também grande advogado, Martin Ginsburg (1932-2010), que conheceu em Harvard. Homem bem humorado e compreensivo, percebeu a brilhante inteligência da mulher que ele amava. E não cerceou seus passos. Ao contrário, ajudou-a na carreira e assumiu um posto na cozinha, sem problemas. Entendeu com generosidade que ela tinha mais importância no cenário do país do que ele.

Ruth Ginsburg mudou o modo como era o mundo para as mulheres. Confirmada na Suprema Corte em 1993, com Clinton presidente, em seu discurso disse que não estaria ali se homens e mulheres americanos não tivessem lutado por um sonho de direitos iguais.

Durante a história de sua vida, no documentário, vemos fotos dela criança, bela jovem de olhos azuis, depois noiva e mãe. Na carreira, filmes e fotos de sua posse na Suprema Corte e com o presidente Clinton. Depoimentos dos filhos, marido, amigas e amigos. Outros juízes também falam sobre ela.

Incansável batalhadora e sempre elegante, ela brinca:

“- Tenho 84 anos e todos querem tirar foto comigo!”

Sua mãe, de quem era muito próxima, aconselhou:

“- Seja uma dama mas seja independente.”

Esse conselho, seguido à risca, levou-a a se tornar uma mulher poderosa, usando o brilho de sua inteligência e o magnetismo pessoal em prol de um mundo melhor para todos.

Este é um documentário imperdível para quem quiser conhecer uma grande mulher. E talvez aprender algo com ela.

Este post tem 0 Comentários

Deixe seu comentário

Obter uma imagen no seu comentário!