A Arte de Amar

“A Arte de Amar”- “L’Art d’Aimer”, França 2011

Direção: Emmanuel Mouret

“Sem música não há amor”, diz a frase que inicia o filme. Quem o disse? Não sabemos.

Um homem e uma mulher que se apaixonam, escutam uma música especial, só deles, diz o narrador.

E, acreditando nisso, um compositor vive a primeira das histórias de “A Arte de Amar”, buscando freneticamente ouvir tal melodia e ironicamente, conseguindo isso quando sózinho, caminha por uma floresta, se sabendo muito doente…

Eu arriscaria dizer que o nosso compositor apaixonou-se finalmente pela vida, que lhe escapava e que agora ele percebia que fora sempre tão preciosa. Sem amor à vida como pedir música e amor?

E, com essa reflexão importante, tem início “A Arte de Amar”, filme que vai contar pequenas histórias amorosas com conselhos à maneira de Ovidio (43AC-17DC), poeta romano do qual o filme rouba o titulo.

Ele escreveu seus três livros, que denominou “Ars Amandi”, em 1AC. Eram conselhos para que os homens e as mulheres exercessem a arte da sedução e da conquista. O livro foi causa de escândalo e expulsão do poeta de Roma pelo Imperador Augusto.

Os tempos e os costumes mudaram mas, assim como Ovidio, o diretor e roteirista Emmanuel Mouret, não quer nos ensinar o amor, já que esse sentimento é tão complexo e imprevisível quanto natural, mas aconselhar com bom humor sobre o modo de amar, para fazer disso uma arte.

E tudo pontuado por música clássica de qualidade mas acessível a ouvidos menos experimentados.

Assim, sempre em ritmo e espírito de farsa, cada história começa com uma frase alusiva à circunstância amorosa especial daquelas pessoas: “ Não é bom recusar o que nos é oferecido”, “O desejo é inconstante como as folhas ao vento”, “É difícil dar de si como gostaríamos”, “Sem perigo, o prazer é menos intenso”, “Paciência”, “Assegure-se de que as infidelidades não sejam descobertas”, “Paciência mas não muita”, “Frequentemente os olhos nos levam ao amor mas, às vezes, eles nos enganam”.

O diretor e roteirista também atua, fazendo o papel de um homem que quer se encontrar com uma moça casada, só uma vez, para guardar essa lembrança como a mais bela de sua vida, antes de partir para sempre para o Brasil.

Histórias saborosas à maneira francesa tradicional de fazer as coisas, isto é, bons atores (o mais conhecido é François Cluzet de “Intocáveis”), diálogos bem escritos e a preocupação de que os lugares escolhidos como cenários sejam belos e artísticos, sem pretensão, fazem de “A Arte de Amar” um bom programa para quem gosta de palavras, bela música e situações que nunca descambam para o voyeurístico ou o escabroso.

Uma comédia de costumes tradicional para pessoas com um senso de humor apurado.

Este post tem 0 Comentários

  1. anna schvartzman disse:

    estava esperando o comentario do filme A Arte de Amar.

    de sua parte para me estimular e assistir esse filme.

    Agora ja estou com muita vontade de assistir

    obrigada

    • Eleonora Rosset disse:

      Anna querida,
      Vc é uma daquelas pessoas que vai apreciar o filme pq tem humor apurado e gosta do olhar francês sb a vida.
      É uma comédia elegante de espirito! Vá e depois me conte.
      Bjs

  2. Marcelo Alvim disse:

    Legal, gostei da forma que escreve, da uma grande vontade de ver o filme, vou procurar….deu água na boca, parece ser um filme bom!!!

    • Eleonora Rosset disse:

      Marcelo querido,
      Obrigada! Gosto de cinema e adoro comentar os filmes que eu vejo e gosto. Esse meu blog é puro amor pela sétima arte!
      E os comentários são a minha recompensa. Pena que hoje em dia pouca gente se atreva a escrever algo. Por isso suas palavras atingiram um efeito desejado por mim. Que bom seria se mais gente se dispusesse a parar um pouco e ler um pequeno texto e responder a ele….
      Mts bjs e volte sp

  3. Mana Luz disse:

    Adorei a dica,simples e deve ser uma delícia,vou assistir hoje.Obrigada querida!

  4. Eleonora Rosset disse:

    Mana querida,
    Vá e divirta-se com o humor francês que é diferente do brasileiro e do americano. Faz parte da experiência do cinema a gente ampliar os horizontes da mente, entrando em contato com oitros jeitos de ver o mundo. Os franceses são mais cerebrais mas mt sensuais!
    Obrigada por comentar aqui!
    Bjs

  5. eduardo disse:

    Oi Eleonora
    fomos ver ontem, fiquei triste quando acabou; que delícia de situações inusitadas mas totalmente verossímeis, delicadas e sutis.
    E que ótimo seu comentário.

    Contudo, escrevo mais para manifestar minha incompreensão quanto a, não só vc, minha querida, inteligente e sensível mulher e grande parcela da humanidade apreciarem um tipo de filme que, a meu ver, deveria ser evitado, indicado como deseducador, pernicioso… Nesse tipo de filme meu desejo é que termine logo a sessão por sofrer com tanta liberdade para depredar, aniquilar, desrespeitar vidas e coisas na perseguição dos malfeitores; afora a improbabilidade de os mocinhos saírem ilesos de situações impossíveis. O agravante é que os mocinhos não não têm superpoderes como o superman e tantos outros heróis de ficção; são eles pessoas “normais” que por isso emulam, a meu ver, um policial da vida real a atirar suas balas perdidas, subir pelas calçadas repletas de pedestres, entrar em alta velocidade em mercados repletos, explodir pontes e demais violências em nome da lei….disgusting!
    A tempos não assistia a um james bonde, fui para conhecer um novo e confortabilíssimo cinema, mas apesar do duplo scotch servido, detestei o filme do serviçal de sua majestade, apesar de suas belezas cênicas e estupendos recursos técnicos.
    Lembro agora que, por outro lado, aprecio os violentos de Tarantino, talvez por serem quase humorísticas, mais distantes do “possível”.

    Beijos, E

    • Eleonora Rosset disse:

      Eduardo querido,
      Primeiro obrigada por escrever esse comentáio interessante no meu blog.
      Eu tb não gosto de filmes violentos. Mas achei o 007 mt bem feito e com uma carga importante de emoções que não é o que se vê nos outros da série.
      Mas fica registrado o seu pensamento aqui e convido outros a se manifestarem a respeito.
      Bjs

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