Adoráveis Mulheres
“Adoráveis Mulheres”- “Little Women”, Estados Unidos, 1994
Direção: Gillian Armstrong
Quando li o livro apaixonei-me de cara pelas irmãs March. Publicado em 1868 e escrito por Louisa May Alcott (1832-1888), como conseguiu impressionar uma menina brasileira de 11 anos no fim dos anos 50?
Mais do que tudo, o livro me fez pensar em viajar e conhecer aqueles lugares, novos para mim. Apreciei os costumes da época, da pobreza ”elegante” que eu imaginava pelas descrições do livro. E fiquei comovida pelo amor que unia aquelas mulheres, ativas e interessantes, mesmo que a ausência do pai, na guerra civil, ameaçasse essa aparente tranquilidade.
Moravam numa casa feminina, com bordados, piano e pintura como distração. Sem falar nas pilhas de livros por toda a casa e no sótão onde encenavam, entre muitas risadas, as peças escritas por Jo, a segunda delas, vestidas em trajes que elas inventavam.
Mas foram as adaptações para o cinema que me mostraram como o livro poderia ser visto de várias maneiras. Não vi o de 1933, “As Quatro Irmãs”, mas foi na televisão que conheci a segunda versão de 1949, com o mesmo título. Elizabeth Taylor, linda, filmada em Technicolor, com um pregador de roupa do varal no nariz, para afiná-lo, é inesquecível. As ousadias de Jo (June Allyson), a escritora da família, não chocavam mais ninguém. Essas primeiras versões eram tristes mas sem um elemento de verdadeira emoção.
E agora, revendo a de 1994 na Netflix, “Adoráveis Mulheres”, penso que talvez seja a de que mais gosto, apesar da mais recente, dirigida por Greta Gerwig, em 2019, ser um filme maravilhoso que foi indicado para 6 Oscar.
Mas voltemos ao que está em cartaz agora na Netflix. Susan Sarandon como “Marmee”, Mãezinha como as meninas a chamavam, é uma mulher forte mas compreensiva, que incentivava as filhas a ser curiosas e prontas para desenvolver seus talentos.
Essa atitude funcionou principalmente com Jo (Winona Ryder, cativante), que é a personagem criativa, feminista e cheia de conflitos, que para voar mais alto, vai para Nova York para ganhar mais experiência de vida e tentar vender suas novelas.
Amy que é a caçula, interpretada por Kirsten Dunst quando criança, uma menina loura mimada por todos, é realmente adorável, mesmo em seus momentos de raiva. Samantha Mathis faz a Amy adulta, que realiza seus sonhos de elegância.
Meg (Trini Alvarado), a mais velha é a mais reservada e não tem a vaidade de Amy nem a ousadia de Jo.
Beth (Claire Danes), a mais frágil, tem gosto pela música e toca piano. É a mais generosa das quatro.
As cenas na intimidade da casa mostram em “close” a vida diária e as reações das quatro irmãs, da mãe e da cozinheira, tratada como se fosse da família. O enredo tem a caridade para com os mais pobres e o racismo, como temas que perpassam a história.
E, quando a câmara sai para fora, mostra as estações e suas cores mais intimistas no inverno e cenas interiores calorosas como a das meninas com os gatinhos, amontoadas numa cama com cobertores. Florações na primavera trazem cores ao jardim e o outono mostra a beleza das folhas em variados tons. No verão, convida a piqueniques e a filosofar deitadas na grama.
O vizinho Laurie (Christian Bale), que mora com o avô muito rico, é amigo e presença masculina por quem Jo desenvolve uma amizade amorosa e Beth, a mais ambiciosa, vê com olhos sedutores.
“Adoráveis Mulheres – Little Women” é um filme gostoso de ver. Principalmente vocês, meninas e quem se lembra da menina que foi um dia, não percam.
Obrigada, amei a resenha! Vou ver!
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Minha Sinopse
Nasci em São Paulo, Capital. Sou a primeira filha de sete irmãos nascidos de Yvette e Octavio Pereira de Almeida, casada com Ivo Rosset. Estudei Psicologia na PUC de SP e Direito no Mackenzie. Sou psicanalista, membro associado da Sociedade Brasileira de Psicanálise de SP. Atendo em meu consultório há mais de 30 anos. Sempre adorei cinema, desde as sessões Tom e Jerry, passando pelo Cine Bijou até o saudoso Belas Artes. Meus filmes preferidos: “Morte em Veneza” de Visconti e “Asas do Desejo” de Wim Wenders.
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