Homem-Aranha: De Volta ao Lar

“Homem-Aranha: De volta ao Lar”- “Spiderman: Homecoming”, Estados Unidos, 2017

Direção: John Watts

Quem viveu a adolescência nos anos 60, é íntimo do Homem-Aranha.

Ele foi criado como personagem de gibi nessa época e a história de uma aranha de laboratório que pica o menino e dá a ele superpoderes, que ele descobre surpreso, tinha mais a ver com os adolescentes do que outros personagens adultos, como o Super Homem, identificados ao pai ou professores, mas distante da criançada mortal e normal.

A gente queria ser Peter Parker porque a vida dele era parecida com a nossa. Menos as teias.

E também porque a nossa fantasia infantil, alimentada pelos contos de fadas, já nos levara a imaginar que poderíamos voar como Peter Pan e ser como os abandonados João e Maria que enfrentavam ogros e bruxas do mal.

No filme “Homem-Aranha: De Volta ao Lar”. Peter Parker já é o Homem-Aranha, pelo menos em edição jovem, mas não acredita demais nisso. Põe mais fé na roupa tecnológica, que ganhou de Stark, do que em si mesmo, como todo adolescente.

O Homem de Ferro é mentor de Peter e com um jeito até severo demais, manda ele voltar para o bairro onde mora em Nova York, o Queens. Por ora ele tem que voltar a ajudar as velhinhas a atravessar a rua, lidar com os ladrões locais e ser um bom menino.

“- Mas eu não sou nada sem a roupa que você me deu!”

“-Se é assim, não deveria mesmo estar usando”.

Na verdade, Tony Stark quer dizer para Peter Park ter paciência e esperar. Porque com o tempo virá a experiência necessária para ele ser do time dos “Avengers”. É muito cedo ainda para o Aranha.

Mas, como todo adolescente, apesar da insegurança, Peter quer mais e se aventura por caminhos perigosos, precisando até da intervenção de seu mentor para sair de enrascadas.

O vilão que ele enfrenta nesse filme é o Abutre, vestido numas asas impressionantes, magnífico, interpretado por Michael Keaton ( “Birdman”), que é um empresário falido, que se revolta contra os poderosos e entra num negócio de contrabando de armas ilegais poderosíssimas.

E, como toda donzela tem um pai que é uma fera, como já dizia o título de uma peça dos anos 60, todo garoto adolescente daquela época sabia que o pai da menina cobiçada tem que ser temido. É como se ele fosse o dragão que guarda a princesa na caverna, só para ele. O príncipe vai ter que vencer o dragão, num combate fatal.

No filme, o Aranha ama Liz (Laura Harrier), a menina mais charmosa e bela da sua classe na escola. Mas treme diante dela e muito mais ainda na frente do pai dela.

O encanto de Tom Holland ( “Z- A Cidade Perdida”), o novo Aranha, é que, apesar dos 21 anos que ele tem, é a cara do menino magrinho da história em quadrinhos.

E o filme acerta também no visual de gibi em movimento e pop-art explodindo na tela em cores e imagens.

As cenas de ação são muito boas apesar de às vezes o filme perder o ritmo porque se alonga demais.

O forte é quando mostra a vida de Peter Parker, com a tia remoçada (Marisa Tomei) e com o amigo Ned (Jacob Batalon), que descobre o segredo de Peter e quer fazer perguntas o tempo todo, quase expondo a verdadeira identidade do Aranha. Mas aqui também o filme acerta porque mostra como todos precisamos de um confidente na adolescência. Compartilhar segredos e confissões. Mesmo que sejam bobas.

E na hora do baile, como todo adolescente inseguro, ficar espremido entre a vontade de querer saber dançar com a bela e, inesperadamente sumir. No caso do Aranha, sempre por uma boa causa.

O roteiro escrito a dez mãos é ótimo e a escolha de Tom Holland para o Aranha é a melhor que poderia ser feita.

Ágil, leve, engraçado e movimentado, o novo filme do Aranha merece ser visto mesmo por aqueles adultos que não seguem os filmes da Marvel. Porque a gente entende tudo que está acontecendo com o Homem-Aranha já que também fomos adolescentes. Sem as teias, mas com os mesmos problemas.

 

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