Jason Bourne
“Jason Bourne”- Idem, Estados Unidos, 2016
Direção: Paul Greengrass
Confesso que não sou fã de filmes de ação. Mas não perco nenhum James Bond e adorei “Mad Max – Estrada da Fúria”.
E agora entendi porque as pessoas gostam de Matt Damon fazendo o personagem Jason Bourne. E também porque esse filme de ação é fascinante.
A história é contemporânea. Envolve “hackers”, lançamento de novas plataformas digitais por um jovem milionário, invasão de privacidade e ingerência de instâncias do governo, a CIA no caso. Mas é o tom e o ritmo frenético do filme, montagem das cenas, o jeito de filmar, os cortes e os atores, que fazem dele um produto do século XXI.
O que mais fascina é o herói. Ele é caladão, ganha a vida lutando com homens musculosos, mal- encarados e tatuados, numa longínqua fronteira da Macedonia com a Grécia e acaba quase tudo com um só e certeiro soco.
É inteligente e esperto. Rei das táticas de sobrevivência, ele está sempre muitos passos à frente de quem o persegue e sabe, de antemão, qual será o meio de escapar. Sabe usar as circunstâncias a seu favor.
Ex-agente da CIA, foi voluntário por patriotismo. É uma máquina de matar mas há um enorme engano envolvendo tudo isso. Por que será que a CIA quer eliminá-lo? Há muita coisa a ser esclarecida.
Ao mesmo tempo, nosso herói inspira simpatia. Torcemos imediatamente por ele, mesmo se não sabemos exatamente do que ele se lembra. Ou pensa que se lembra. Porque a primeira fala do filme, com a tela ainda escura, são as palavras dele:
“- Eu me lembro de tudo.”
Leva um tempo para o espectador perceber quem é quem e quais conspirações são verdadeiras. Porque o que parece amigo pode ser o inimigo.
Jason Bourne ou David Webb, ou outros nomes que constam em seus vários passaportes, tem um drama em sua vida, que envolve a figura do pai. A cena é repetida algumas vezes de ângulos diferentes e parece que o pai dele caiu em uma armadilha. Antes de morrer procura prevenir o filho de algo que ele precisa saber. Mas isso foi anos atrás. E é a chave do segredo do passado que ele busca decifrar.
O maldoso diretor da CIA (Tommy Lee Jones, ótimo) é quem o caça pelo mundo através de um agente de maus bofes (Vincent Cassel).
E aqui está mais uma explicação do sucesso do filme: ótimos atores e um diretor criativo que coreografa cenas de violência na multidão que faz uma manifestação política em Atenas, em meio a fumaça das bombas, fogo e tiros e que é o palco para Bourne escapar, mesmo monitorado pelos agentes da CIA, numa moto roubada e na mira do agente assassino.
Ou ainda, em Las Vegas, a louca perseguição em carros jamais vista. De tirar o fôlego.
E quem é que sabe os verdadeiros objetivos de Heather Lee (Alicia Vikander) uma jovem agente da CIA que parece ter uma queda por Bourne e quer trazê-lo de volta para a agência? Ou não? Também quer matá-lo?
A história (roteiro de Paul Greengrass e Christopher Rouse) tem vários buracos por onde vão passar os próximos filmes de Jason Bourne, estrelando Matt Damon e certamente Alicia Vikander.
Pelo menos parece que são essas as intenções.