Na Estrada

“Na Estrada”–“On the Road”, França / Inglaterra/ Estados Unidos / Brasil, 2012

Direção: Walter Salles

Mesmo que a relação da maioria do público com o assunto seja distante, quase todo mundo já ouviu falar do escritor americano Jack Kerouac, que viveu de 1922 a 1969 e que escreveu o livro “On the Road” em 1957. Ele foi o poeta ícone da geração “beat” que lia Proust, Rimbaud e James Joyce.

É importante saber que essa geração “beat” influenciou muita gente, inclusive os “hippies”, que se consideravam seus herdeiros.

Kerouac defendia uma escrita livre e espontânea, um jeito de escrever que marcou a literatura que apareceu depois dele.

Politicamente, os escritores dessa geração “beat” identificavam-se com ideias anarquistas e de esquerda, mas seu principal foco era o auto-conhecimento, que eles achavam que viria através da adoção de um comportamento transgressivo que ia contra os valores moralistas da época. Vale lembrar que nesse momento do pós Segunda Guerra, os Estados Unidos viviam a era do macartismo, como ficou conhecida a campanha liderada pelo senador McCarthy, de perseguição política aos considerados comunistas e desrespeito aos direitos civis. Foi o tempo da “caça às bruxas”.

O novo filme de Walter Salles, “Na Estrada”, retrata a vida desses escritores, numa adaptação que parecia impossível de ser feita, do livro “On the Road”.
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Este post tem 0 Comentários

  1. Ótimo comentario/aula Eleonora !!
    Adorei o filme , e como nao li o livro acho que aproveitei mais ainda !!
    Era um projeto antigo do Coppola que agora junto com Walter Salles e Jose Rivera foi realizado .
    Gosto muito de filme estrada afora e com muito jazz e danca para divertir !!
    O elenco jovem , belo e cheio de sexualidade tbm agrada !!
    Ótimas paisagens bucólicas e festas alucinantes !!
    E Kristen Stewart foi para mim a grande surpresa !!! Maravilhosa !!
    Bacio

    • Eleonora Rosset disse:

      Marcelo querido,
      É… Para gostar desse filme só gente com cabeça e coração afinados! E que entende que essa época era ainda tempo de sonhadores que viviam a vida como uma aventura.
      Acho dificil o pessoalzinho de hoje se ligar e deixar que o filme entre na emoção…
      É mt estranho qdo as pessoas já acham que sabem tudo e não tem nenhuma dúvida, nem se abrem para outras colocações…
      Mas é isso. Para poucos e bons!
      Bjs

  2. Erandy Bandeira Albernaz disse:

    Linda resenha Eleonora, muito boa.
    Valeu………
    Minha bíblia filmada pelo Waltinho, já pensou?

    Um grande abraço e tks pela maravilhosa resenha.

    • Eleonora Rosset disse:

      Erandy querida,
      Que bom vc aparecer por aqui e me tirar do desânimo com gente que acha o filme só ruim. Sem argumentos ,sem espaço para ouvir o outro, sem tesão nenhum pelas velhas perguntas sem resposta…
      O mundo está sem graça se tomarmos esses jovens de agora como referência…
      Dizer que ” Na Estrada” é ruim é não ter nenhuma imaginação, né?
      Bjs amiga

  3. Denilson Monteiro disse:

    Além da bela resenha, os comentários também são ótimos.

    • Eleonora Rosset disse:

      Amigo Denilson,
      Fico honrada com esse seu comentário!
      Vc é daqueles loucos de que falava Kerouac, tenho a certeza!
      Bjs

  4. Leda Beatriz disse:

    olá, querida, ñ preciso dizer q “on the road” faz parte do meu repertório, né? e estou certa de q o waltinho, com sua sensibilidade soube fazer uma leitura excelente, transpondo esse ícone da minha geração, para o cinema. suas resenhas sempre ótimas, de escrita clara e direta, sem dispensar a sensibilidade q lhe é própria, tb. beijos

    • Eleonora Rosset disse:

      Leda Beatriz querida,
      Vc, com toda a sensibidade que é sua marca, certamente concorda com a bela homenagem que o Waltinho faz a essa geração pioneira que nos mostrou o caminho, por vezes árduo e dificil, mas sempre compensador de quem se pergunta sb as angústias que vivemos nessa Terra dos homens!
      Bjs

  5. paulo octavio pereira de almeida disse:

    Gostei do Filme ! Para deixar bem claro…mas ( sempre tem um mas nas histórias não é mesmo ! ) O livro que não li aos 18 anos mas sim aos 30 e poucos era transgressor e focava bastante na viagem/on the road, nos descompromissos gerados por elas e criava personagens ( as vezes pouco explorados como a Tery do filme ) enigmáticos ….no filme talvez por uma opção do diretor os deslocamentos/on the road ficaram em 2o plano ( tirando as cenas do Hudson a mil por hora nas estradas qual outra ficou nas nossas cabeças ?? ) e as angustias ficaram em 1o plano..repito foi uma opção mas que na minha opinião deveria alterar o conceito de BASEADO no livro para INSPIRADO pelo Livro…Vai ver que foi por isso que o Coppola ficou anos e anos com os direitos em mãos sem fazer nada com eles….Bjs

    • Eleonora Rosset disse:

      Paulo Octavio mano querido,
      É. O grau de exigência de alguém como vc consigo mesmo,se fosse o mesmo do Waltinho com ele mesmo, o filme não teria saido… Claro que vc pode ter razão e dizer que “”inspirado” cabe melhor ao filme que considerá-lo uma adaptação.
      Mas o Coppola gostou do roteiro do Jose Rivera e do Walter ,se não, não tinha produzido.
      Leia o comentário abaixo do Denilson que é um craque. Vejo pontos de aproximação entre vcs.
      Acho que o filme do Waltinho vai inspirar mt gente a se debruçar novamente sb essa geração ” beat” e ainda vamos assistir a filmes maravilhosos.
      Alguém tinha que quebrar o tabu!
      Adorei ter vc aqui no blog mais uma vez, mostrando que é inteligente, culto e que escreve bem!
      Bjs da maninha

  6. Denilson Monteiro disse:

    Voltei do cinema ainda há pouco. Olha, se me perguntarem se verei novamente, a resposta será sim. Se irei comprar, também será sim. Mas achei o filme depressivo e moralista. Eu não vi na tela os personagens numa corrida por novas experiências que encontro no livro, a câmera parece mostrá-los como figuras de um freak show, há um ar de reprovação. Senti muita falta de alegria, até mesmo no dionisíaco Dean. A câmera tremendo me causou incômodo, assim como a cara de fuínha do Sam Riley. Pontos positivos: Garrett Hedlund é Dean Moriarty (li em algum lugar que está exagerado em certos momentos. Ora, Neal Cassady era zen?); Kristen Stewart enfim conseguiu interpretar; México; a trilha-sonora e Viggo Mortensen. Ainda quero ver um filme que traga Jack Kerouac imitando um coiote a cada verso que Allen Ginsberg declama durante o lançamento de “Uivo”.

  7. Eleonora Rosset disse:

    Denilson querido,
    Concordo com tudo que vc viu de positivo no filme e assino embaixo.
    E tb não gostei mt do Sam Riley pq ele fica a léguas do belo Kerouac.
    Tenho postado fotos do próprio que dizem mais do que mil palavras.
    Agora, a câmara pulando e indo junto, ” tremendo” como vc disse, na minha opinião teve um efeito angustiante procurado pelo Walter. Em mim induziu isso. Tanto que chamei-a de ” invasiva” nos closes e na vontade de seguir de perto oa personagens.
    Tb não vi mt alegria mas não achei o filme moralista.
    Quem sabe é o efeito do livro, que cada um lê com uma intonação diferente?
    Garrett Hedlund e Kristen Stewart ( ela vem crescendo filme a filme) me emocionaram…
    E isso já tem aquele efeito que vc citou: vou ver de novo e comprar tb!
    Sp é bom ler vc. Seus comentários fazem a gente pensar e voltar ao filme. Isso é mt bom!
    Bjs

  8. Denilson Monteiro disse:

    Um luxo ter uma amiga como você para poder trocar ideias.

  9. Rosa Maria Zoboli disse:

    Querida, fiquei bastante impactada com o filme – tanto pelo conteúdo como com as belas tomadas e enquadramentos. Gostei demais e aproveitei mais ainda por ter lido seus comentários.
    Beijo grande

  10. Luiz Roberto de Paula Dias disse:

    Vi o filme nesse último Domingo, e o sentimento que ficou depois de dias transcorridos, é a de ter visto uma bela direção e um filme que pode e espero que veha a ser nosso representante na disputa de indicação ao Oscar para melhor filme estrangeiro.
    O desenrolar da estória, tem em vários momentos tons escuros e cenas pesadas, mas vi em uma parte de minha vida um pouco disso nos anos 60. O que pode chocar o especador, é a falta de perspectiva de vida que alguns dos personagens transmitem durante a trama. Foi uma agradável mudança de tema, do Homem Aranha para a Estrada, bjs