O Último Paraíso

“O Último Paraíso”- “L’Ultimo Paradiso”, Itália, 2021

Direção: Rocco Ricciardulli

O sul da Itália, alguns anos depois da guerra, é o cenário de amores proibidos e da vida dura dos trabalhadores do campo daquela aldeia.

A cena que abre o filme passa-se no meio de um olival, árvores centenárias, muito sol, em plena colheita das azeitonas. Ciccio Paradiso (Ricardo Scamarcio, que também é co-autor do roteiro com o diretor Rocco Ricciardulli), carrega nos ombros a bela morena Bianca (a brasileira Gaia Bermani Amaral), entre gritinhos dela e risos.

A irmã de Bianca está visivelmente irritada com a falta de juízo da outra, namorando publicamente um homem casado, conhecido por sua reputação de Don Juan da aldeia. Muitas foram suas conquistas entre as casadas que caiam na sua conversa.

Mas, aparentemente, Ciccio está apaixonado de verdade por Bianca. E quer fugir com ela para longe dali. Ao amigo que tenta dar conselhos, ele responde:

“- Como não amar Bianca? Quando ela sorri à noite, faz o sol nascer! ”

A família Paradiso também sabe sobre o comportamento atrevido e inconsequente de Ciccio e não apoiam o jeito com que trai sua mulher Lucia. Ele tem um filho que adora o pai mas presencia o quanto a mãe sofre com isso.

O que fica claro é que naquela aldeia, ao sul da Itália, construída com pedras antigas, a vida é penosa para os habitantes que são mal pagos, mesmo trabalhando bastante. O que ganham mal dá para sobreviver.

Na taverna onde se reúnem os trabalhadores para receber a paga do patrão, o clima é tenso e todos se sentem injustiçados, sem nenhum espaço para reclamar. É nesse momento que Ciccio se insurge e afronta Schettino (Antonio Gerardi), o patrão dono de quase toda a terra da região, um sujeito cruel, que não dá trégua às meninas que trabalham na colheita e que são submetidas a assédios brutais.

Ciccio, ao gritar que comprará toda a produção dos outros por preço justo, faz o papel do herói que ele quer ser. Mas sem meios para realizar tal proeza e também sem moral. Todos sabem que usa de métodos diferentes de Schettino para conquistar as mulheres da aldeia. O patrão usa de força e o conquistador de lábia. Mas ambos recebem críticas.

Além disso, Schettino é pai de Bianca e já notou o namoro da filha com aquele que ousa desafiá-lo.

Ciccio é um personagem sonhador, vaidoso, aventureiro, que aproveita a vida sem pensar na consequência de seus atos. O prefeito Don Luigi, sabedor das fanfarronices de Ciccio, que incita os lavradores à rebeldia, manda Schettino dar um jeito nele. Mesmo sem nenhum poder para mudar as injustiças, Ciccio atiça o fogo da rebelião.

Como consequência, a tragédia vai tingir de sangue a terra dos campos e colinas daquela aldeia pobre. E um personagem chega do norte da Itália para vingar um assassinato.

As locações são o grande acerto desse filme de época rodado na região de Puglia, em Bari, Gravina di Puglia e Triestre, no Friuli. Uma Itália bela, antiga e selvagem, onde as casas, as ruas e os muros de pedra clara veem desfilar personagens numa trama trágica e com final inesperado.

Bom entretenimento. Pena que o título do filme perde ao ser traduzido em português, já que quer falar de alguém e nunca de um paraíso.

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