Um Ninho para Dois

“Um Ninho para Dois”- “The Starling”, Estados Unidos, 2021

Direção: Theodore Melfi

Como é difícil superar a morte de um filho. Isso contraria as leis da natureza. Os pais devem ir antes que os filhos. Quando acontece o inverso é uma crueldade.

No caso de Lilly (Melissa McCarthy) e Jack (Chris O’David) a morte súbita e sem aviso da bebezinha Katie, em seu berço, sem explicações, destruiu os dois.  Não tinham idade para ter mais filhos e nem queriam pensar nisso.

Jack era o mais problemático do casal e não aguentou. Melissa chegou a tempo na garagem onde Jack queria morrer. Os médicos o hospitalizaram para que o cuidassem com remédios e assistência 24 horas por dia.

Ele não falava. Do fundo de sua depressão, culpava-se pela morte da filhinha. Não adiantavam para nada os argumentos contrários.

E Lilly pegava o carro uma vez por semana, uma hora ir e outra para voltar, para ver o marido e levar o doce que ele gostava desde criança. Mas Jack não se ajudava. Não tomava os remédios, bem escondidos no quarto e não socializava com os outros pacientes. Também se calava na terapia e o pouco que dizia eram ironias.

Lilly lutava com todas as suas forças para manter a sanidade. Uma amiga recomendara um terapeuta e ela foi procurá-lo. Pensou num engano porque o médico que encontrou era veterinário e tinha um hospital para cães e gatos. Mas, por alguma razão misteriosa, o Dr Larry Fine (Kevin Kline) aceita ser o terapeuta de Lilly quando ela conta sua história. Não que ela tivesse alguma esperança de melhorar da grande tristeza que tinha no peito. Mas seria bom conversar com alguém.

E quando começaram a voltar suas forças vitais, ela foi trabalhar no jardim da casa. Planejava uma horta. Mas qual não foi sua surpresa, quando um pássaro pequenino atacou sua cabeça, fazendo um corte na testa de Lilly que ficou furiosa.

Dr Kline elucida sua paciente. Tratava-se provavelmente de um estorninho, pequeno mas muito territorialista. E era a Primavera. Deveria haver um ninho com filhotes. O pássaro macho atacara Lilly para proteger o ninho.

O fato é que ela não podia sair da casa. O que fazer? Do alto da árvore frondosa, o pequeno a vigiava pronto para o ataque.

Esse filme despretensioso não prega moral. Os personagens lutam contra a vontade de morrer e de matar, fazendo assim o ciclo difícil do luto.

Até que as lembranças se tornem mais doces, sem despertar angústia, Lilly e Jack terão a possibilidade de salvar seu casamento e aceitar o inevitável, vivendo o que se pode viver da melhor maneira possível.

Este post tem 0 Comentários

Deixe seu comentário

Obter uma imagen no seu comentário!