Nunca Deixe de Lembrar

“Nunca Deixe de Lembrar”- “Never Look Away”, Alemanha, Itália, 2018

Direção: Direção: Florian Henckel von Donnersmarck

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No ano de 1937, em Dresden, Alemanha, o Partido Nazista que tinha subido ao poder, patrocina uma exposição de “Arte Degenerada”. Incluia Picasso, Kandinsky e outros artistas expoentes do Ocidente e uma ala só de pintores judeus representantes do Expressionismo.

O guia pergunta aos visitantes, indicando um quadro de Kandinsky:

“- Isso eleva a alma?” comentando com um olhar de desprezo.

Uma bela jovem alemã, Elizabeth (Saskia Rosendahl) e seu sobrinho pequeno, Kurt (Cai Cohrs), visitam a exposição de mãos dadas mas o guia tinha conseguido assustar o menino:

“- Tia Elizabeth, acho que não quero mais ser pintor…”

No onibus ele deita no colo da tia e dorme.

Mas, antes de ir para casa, a tia se aproxima de um dos motoristas de onibus que chegavam no pátio de estacionamento ao fim do dia e pede algo a um deles que concorda e passa a mensagem para seus colegas.

A mocinha faz um sinal, como um maestro e as buzinas tocam em uníssono, fazendo Elizabeth ser transportada para uma epifania.

“- Os pintores degenerados da exposição que vimos, estão querendo pintar essa sensação que eu tive agora”, diz ela ao sobrinho.

Elizabeth é uma pessoa livre de preconceitos e passa por uma fase em que demanda por liberdade e sinceridade, o que assusta sua família tradicional.

Procuram um médico,o Professor Seeband, médico da SS, que determina que ela é esquizofrênica, após ouvir a moça falar abertamente o que sente ao ver fotos dele com sua mulher. O castigo por sua insolência é uma sentença de morte num campo de concentração, nas câmaras de gaz destinadas aos doentes mentais.

Apoiava-se o médico nas ideias de eugenia, tão caras aos nazistas, que queriam eliminar os doentes e criar uma raça pura e sem defeitos.

Anos depois, Kurt (Tom Schilling) tornou-se um jovem artista que vai estudar na Academia de Arte de Dresden, que prega o Realismo Soviético na pintura. Nada havia mudado. Os soviéticos, que tomaram parte da Alemanha, impõe o comunismo e seus ideais, na mesma linha dos nazistas que queimavam livros e condenavam a pintura do Ocidente e dos judeus.

Kurt vai se mudar para Dusseldorf, um lugar de ideias mais livres, com a namorada Ellie (Paula Bier).

Triste concidência, o médico responsável pela morte da tia Elizabeth, era o pai de Ellie, que se tornara um famoso ginecologista e escapara do processo que acusava os criminosos de guerra. Eterno defensor da eugenia não via com bons olhos o namoro da filha com Kurt.

Na verdade, o médico era um homem mau e por isso agia como um criminoso.

O que o filme “Nunca Deixe de Lembrar” propõe, para quem assiste as 3 horas de duração, é uma lição moral. Para uma pessoa se sentir bem na vida, há que ser fiel aos próprios sentimentos mas nunca se esquecer dos outros. Pertencemos à humanidade.

O filme representou a Alemanha no Oscar e baseou-se na vida do pintor Gerhard Richter, um dos mais famosos artistas plásticos que surgiram na Alemanha depois da Segunda Guerra.

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O Ilusionista

“O Ilusionista”- “The Illusionist”, Estados Unidos, 2006

Direção: Neil Burger

O ilusionismo é uma arte que desde sempre fascinou plateias. Prontas para ver milagres, as pessoas se deixam encantar pelo clima misterioso que cerca a magia de objetos e pessoas que aparecem e desaparecem, fruto de uma ilusão que surpreende nas mãos de alguns talentos estudiosos dessa arte.

“O Ilusionista” é uma adaptação de um conto, “Eisenheim The Ilusionist”, de Steven Millhouser, ganhador do prêmio Pulitzer. A música do filme é do famoso Philip Glass, que também ajuda a criar o clima de mistério e romance.

E tudo começa no fim do século XIX numa aldeia perto de Viena, onde vivem Sophie (Jessica Biel) e aquele que vai tornar-se Einsenheim (Edward Norton).  Menino ainda, ele faz truques com cartas e prepara um medalhão de madeira com a sua efígie, que se abre com um segredo, feito especialmente para Sophie que ele ama.

Ele é filho de um marceneiro e a menina é de uma família nobre. Seus destinos se dirigem para direções opostas.

Ela vai viver na corte do príncipe herdeiro Leopold. E o menino aprende a arte da marcenaria com seu pai.

Esse aprendizado vai lhe ser muito útil nos truques do ilusionismo que ele vai desenvolver e aperfeiçoar em viagens  para o Oriente. E vai voltar para o Ocidente com a aura da fama e o nome de Eisenheim.

E o amor vai ganhar um par apaixonado quando Sophie e seu amigo de infância se reencontram. Um nunca esqueceu do outro. Mas ela é agora a prometida em casamento para o príncipe, um sujeito de péssimo caráter.

Mas todo o poder do herdeiro do trono, acolitado pelo inspector Uhl da polícia, interpretado por Paul Giamatti, será de pouca valia frente à firmeza do ilusionista apaixonado e correspondido.

Ele é um craque no palco mas também fora dele. Sua inteligência e o poder de armar não só truques para a plateia mas verdadeiras encenações na vida real, vão mudar o destino do casal enamorado, que sofre perseguição da polícia.

A ordem do príncipe é de sumir com o ilusionista que quer lhe roubar a bela Duquesa.

Mas não contava com o talento de Eisenheim, que prevê cada movimento de sua trama e prepara cada ação muito antes que alguém possa perceber do que se trata.

O filme é uma fábula sobre o poder do trono e da riqueza versus o poder do amor sincero.

A fotografia é genial na montagem das aparições e desaparecimentos de pessoas e o filme encanta pelas artes do ilusionismo e com o modo talentoso como o diretor e roteirista, Neil Burger, prepara o suspense e o ritmo com que a história é contada.

Vale a pena assistir.

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