Oscar 2023 vencedores

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Oscar 2023 vencedores

 

Essa é uma noite que venho mantendo desde menina. A casa toda dormia e eu de camisola na frente da televisão. Já vi de tudo.

Essa foi das boas para os que gostam da novidade que veio com o filme que mais ganhou Oscars.

O cinema no cinema sofreu muito com a pandemia. E o esforço é hercúleo para que continuemos a sonhar juntos na sala escura. Torço para que o cinema da tela grande e plateias lotadas volte a existir.

O campeão da noite foi “Tudo no mesmo lugar ao mesmo tempo”. Se contei bem foram sete Oscars: atriz coadjuvante para Jamie Lee Curtis, ator coadjuvante para Ke Huy Quan, roteiro original, montagem, direção para os Daniels, atriz para Michelle Yeoh e melhor filme. Era o favorito e mereceu todos os prêmios que ganhou.

“Nada de novo no front” teve quatro vitórias: melhor filme internacional, melhor trilha sonora, melhor direção de arte e melhor fotografia. Belo filme pacifista.

No mais, “Pinóquio” de Guilhermo del Toro, venceu como melhor animação, melhor documentário foi “Navalry”, nome de um dissidente que conseguiu escapar vivo de uma tentativa de morte, que está preso na Rússia e melhor documentário em curta metragem foi para “The Elephant Whisperers”.

Ainda. “Avatar” levou o Oscar de melhores efeitos visuais, melhor roteiro adaptado foi para “Entre Mulheres”, melhor canção original foi a do filme indiano “RRR”.

Não houve desentendimentos dessa vez e o público aplaudiu a todos os que ganharam seu Oscar.

Ano que vem tem mais.

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Argentina 1985

“Argentina 1985”- Idem , Argentina, 2022

Direção: Santiago Mitre

Todas as ditaduras são cruéis. Anulam os direitos dos cidadãos, perseguem quem não pensa como eles, torturam e matam. Essa é a lei da tirania.

A Argentina sofreu com uma dessas ditaduras, que durou de 1976 a 1983. Não. A verdade é que não acabou. Porque, mesmo presos os indivíduos da Junta Militar, e iniciado o processo sob o governo democrático de Raul Alfonsín, o clima pesado de ameaças aos encarregados da acusação no processo quase que inviabiliza o julgamento. E é preciso lembrar que no julgamento militar os réus tinham sido inocentados.

Mas os fatos terríveis falavam por si. Entre 1976 e 1983, cerca de 30.000 civis morreram nos porões de uma ditadura sanguinária e sádica.

Os desaparecidos são pranteados pelas corajosas Mães da Plaza de Mayo, até hoje. E, durante o processo, o depoimento dos perseguidos pelas garras da ditadura no tribunal, de tão brutais, arrepiaram de medo até o mais corajoso dos heróis.

O promotor Júlio Cesar Strassera interpretado por um fantástico Ricardo Darin, temia pela segurança de sua família. Porém o apoio que teve em casa, principalmente a força de sua mulher Silvia (Alejandra Flechner), ajudou o promotor a encarar os réus e seus crimes e alçar a voz para denunciá-los. Na sala do tribunal os olhares dos militares fuzilavam o promotor e as testemunhas.

Mas não era possível fazer tudo sozinho. Strassera que contava com  a velha guarda, que vivenciara os malfeitos da Junta e apaniguados, teve uma grande decepção. Convocados para o processo, ou tinham morrido, ou ainda traumatizados pelo que tinham passado, não queriam colaborar diretamente.

A ajuda essencial veio de seu assistente, o jovem Luis Moreno Ocampo (Peter Lanzani), que conseguiu montar uma equipe de jovens advogados para ajudá-lo a juntar as provas ao processo. Tinham muito pouco tempo mas souberam bem utilizá-lo. E o julgamento aconteceu, com penas maiores ou menores. Mas foram todos presos.

Esse episódio da História da Argentina foi um exemplo do que deveria ter sido feito no Brasil. No país vizinho também tentaram culpar as vítimas e inocentar os réus. Mas aqui decidiram pela anistia aos dois lados. Ora, sem punição sabemos que o crime sai vencedor.

Pior, a atitude de muitos é a de querer que volte a ditadura. Deu no que deu : o 8 de janeiro de 2023, a tentativa mal sucedida de golpe, a politização dos quartéis e a não aceitação da vontade expressa pelo povo brasileiro nas eleições democráticas. O perigo ainda ronda e a esperança é que a lei se imponha.

“Argentina 1985” foi o vencedor do Globo de Ouro para o melhor filme não falado em inglês e está na lista dos indicados a melhor filme internacional no Oscar.

 

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