Close
“Close”- Idem, Bélgica, 2023
Direção: Lucas Dhont
Rémi e Léo, meninos de 13 anos, estão sempre juntos. Inseparáveis “best friends”. Riem, correm para lá e para cá com as bicicletas, apostam corridas, sempre alegres. Aproveitam o fim do verão.
Dormem juntos ora na casa de um, ora do outro.
Deitada na grama com o dois, a mãe de Rémi brinca de criticar o filho (Gustav de Waele) por ser mais calado que Léo (Eden Dambrine), dizendo que vai trocar de filho. O clima era de brincadeira e intimidade.
No primeiro dia de volta às aulas, porém, aqueles dois abraçados no pátio do colégio, rindo e conversando sem olhar para ninguém, mexem com a maldade e a inveja dos colegas.
De propósito, passam a falar cochichando quando passam pelos dois. Até um insulto é ouvido.
Léo fica incomodado. Não leva na brincadeira. Parte para cima do menino que gritara. Aquilo que existia entre os dois amigos e que eles viviam naturalmente, com intensidade, encontra um inimigo imbatível.
O preconceito vem separar Léo e Rémi. E haverá lágrimas e muita tristeza. Uma tragédia vai acontecer e deixar com sentimento de culpa e assustados todos que participaram, de uma forma ou de outra dos acontecimentos.
Como explicar o que houve?
Nossa cultura ocidental não permite que se quebrem tabus facilmente. Dois meninos que estão muito juntos são julgados pelo crivo da sensualidade. As pessoas confundem ternura e fragilidade com sexo. Proibido.
Lukas Dhont, 31anos, em seu segundo longa, lida com o tema do preconceito que ele viu de perto quando era garoto. Ele se assumiu gay muito jovem.
Em uma entrevista em Cannes, o diretor e roteirista conta que ganhou uma câmera de filmar aos 12 anos. Então passou a usá-la como um meio de criar uma outra realidade, onde ele não sofresse com a não aceitação que ele experimentava. Precisava desaparecer. Mas, aos poucos foi mudando, sentindo-se mais seguro e passou a filmar uma realidade que ele confrontava.
Seu primeiro filme, “Girl” de 2018, fala de uma menina trans que queria ser bailarina clássica, mas se sentia presa no corpo masculino. No Festival de Cannes onde o filme foi apresentado, ganhou o troféu Caméra d’Or de melhor filme de estreia e a Queer Palm para o melhor filme LGBT.
“Close” foi indicado ao Oscar de melhor filme internacional.