Maria Antonieta

“Maria Antonieta”-”Marie Antoinette”, Estados Unidos, 2006

Direção: Sofia Coppola

Uma menina de 14 anos é avisada pela rainha mãe que deve se casar para consolidar um tratado entre a Áustria e a França. A jovem princesa, Marie Antoinette, segue então o seu destino. Será a futura rainha da França, já que seu noivo de 15 anos é o delfim, o herdeiro do trono.

Numa carruagem enfeitada com plumas brancas, levada por cavalos idem e uma escolta de outros mais, ela deixa a Áustria em direção à França. Serão dias dentro da carruagem.

Quando finalmente chegam, Marie Antoinette é recebida pela fria Condessa de Noailles (Judy Davis) que a conduz através do ceremonial. Entram num pequeno pavilhão, onde a garota vai se despindo de tudo que trouxe da Áustria. Nem o seu cãozinho Mops escapa. Nua, é vestida pelas damas com roupas francesas. Ela entrara como uma menina de cabelos louros e soltos e saia como uma jovem bela, vestida de seda azul claro e um chapéu elegante prendendo seus cabelos.

O futuro Louis XVI (Jason Schwartzman) vem encontrá-la e os dois se aproximam. O inesperado abraço dela, logo vai ser substituido pela distância ceremonial.

Sofia Coppola a diretora e roteirista, filha de Francis Ford Coppola, não pensou em fazer um filme de época como os outros. Com a ajuda de uma ótima Kirsten Dunst, ela queria mostar a futura e última rainha da França, antes da Revolução de 1789. Queria que ela fosse vista de muito perto, com um olhar feminino.Vamos presenciar sua passagem de menina para mulher. Vamos seguir seus passos descobrindo o palácio e escutar o que ela acha do ceremonial de acordar e ser vestida pelas princesas de sangue e outras menos aristocráticas:

“-Isso é ridiculo!”, reclama divertida.

“-Isso é Versailles!”, responde pomposamente a Condessa de Noailles.

Estamos em 1770 e o casamento não será exatamente aquilo que a princesa esperava. O delfim e ela na mesma cama são como irmãos. Levará sete anos a espera pela presença de um bebê no colo de Maria Antonieta.

Sofia Coppola conseguiu uma permissão especial do governo francês para filmar em Versailles, dentro e nos jardins do palácio. Isso faz o visual do filme ganhar em autenticidade e beleza. A fotografia de Lance Acord faz juz à majestade do lugar.

Marie Antoinette não se interessava por política. Mas adorava lugares especiais nos imensos jardins como o seu “Hameau”. Uma pequena aldeia só dela, com uma fazendinha que produzia especialmente para a rainha.

Os figurinos da habilidosa Milena Canonero vestem a corte com mil cores, flores e detalhes nos chapéus. E vestidos já vistos em outros filmes famosos reaparecem em Madame du Barry (Asia Dargento), a amante de Louis XV( Rip Thorn). Os sapatos originais são de Manolo Blahnick. Num relance, um pé de um tênis aparece entre os sapatos da rainha.Um comentário sobre as princesas dos séculos futuros? Não dá para não pensar em Lady Di.

E a direção de arte espetacular é de Anne Seibel.

A mistura de música de época com a moderna, Rameau e “Fools Rush in”, por exemplo, são a pista mais evidente do desejo da diretora apontar para uma ponte entre os séculos e a natureza humana.

O livro de Antonia Fraser que foi adaptado para o filme é um romance sem maiores compromissos com fatos e datas. Interessa-se mais pelos personagens.

Atores ótimos, um belo sueco (Jamie Dornan) no papel de amante da rainha, uma diretora apaixonada pelo que faz e um clima menos formal, onde todo mundo bebe o vinho dos atores, tradição francesa e, ainda por cima, Versailles sem turistas, fazem desse “Maria Antonieta” um prazer para os olhos dos espectadores do século XXI.

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