Moonrise Kingdom

“Moonrise Kingdom”- Idem, Estados Unidos 2012

Direção: Wes Anderson

Para alguns de nós, a infância é um paraíso perdido… Para outros é o contrário. Crianças que queriam crescer logo e parar de obedecer aos adultos ou pior, sofrer nas mãos deles.

Mas ninguém esquece que, na infância, brincávamos de ser gente grande.

Quando “Moonrise Kingdom” começa, já dá para perceber que tudo vai ser muito diferente do habitual.

Por exemplo, a casa da família Bishop, parece ser uma casa de bonecas, sem a quarta parede. Entramos nela e tudo faz lembrar aqueles móveis minúsculos com que as meninas decoravam suas casinhas de brinquedo. E ela é vermelha, bem berrante.

Aliás, todas as cores do filme são intensas, uma alusão, quem sabe, às emoções infantis que são como que vulcões pré-históricos.

Tudo lembra os nossos 12 anos. Assim, os mapas da ilha de New Penzance, onde se passa a história, lembram os de Tom Sawyer, os de Peter Pan e as aventuras de piratas e tesouros escondidos.

“Moonrise Kingdom” é um filme para adultos que vê o mundo com esses olhos infantis, que ainda vivem dentro de nós e que reaparecem às vezes, para nos mostrar outras perspectivas.

O diretor Wes Anderson faz uso desse olhar infantil que recria o mundo à sua semelhança e nos reconforta. Em suas próprias palavras, numa entrevista a Luiz Carlos Merten:

“A coisa mais interessante de “Moonrise Kingdom”, para mim, é que os jovens, mesmo sem sabedoria, têm uma visão mais clara dos seus desejos e da forma de concretizá-los. Adultos tendem a ser complicados.”

E os adultos complicados do filme são interpretados por atores consagrados como Bill Murray (o pai), Frances McDormand (a mãe), Tilda Swinton (a assistente social), Bruce Willis (o policial), Edward Norton (o chefe dos escoteiros).

À medida que o filme transcorre, nossas lembranças afetivas da infância, afloram. E embarcamos nelas.

O amor pré-adolescente de Suzy Bishop (Kara Hayward), que tem 12 anos e se considera incompreendida pela família da casa vermelha e de Sam (Jared Gilman), o escoteiro órfão, alma gêmea de Suzy, toca o nosso coração em um lugar onde moram as injustiças que sofremos durante a vida.

E torcemos por eles, para que inaugurem um novo reino sob o signo do amor e da compreensão mútua: o Reino do Nascer da Lua.

A trilha sonora usa lindamente temas de Benjamin Britten e outros.

E não saiam correndo porque vão perder o roteiro que Britten escreveu para se entender como funciona uma orquestra, que acompanha os créditos finais. Uma alusão direta ao trabalho de cada um no mundo.

Se tocarmos todos juntos e se entrarmos na hora certa com o nosso pedaço da melodia, a beleza vai acontecer.

Estranho e familiar, assim é o novo filme de Wes Anderson, que gosta de surpreender.

Este post tem 0 Comentários

  1. Luiz Roberto de Paula Dias disse:

    Acabei de vê-lo Eleonora e sai com duplo sentimento, o primeiro de encantamento e diversão com os adolescentes que acabaram por me encantar e o segundo esperando mais dos personagens e mesmo dos atores em seus respectivos papeis. Tudo é muito bem desenvolvido para levar o espectador a sentir se de novo com seus doze anos e claro divertir se e encantar-se com os garotos e Suzy,ótima surpresa, apenas foi pena que no Kinoplex a imagem ficou devendo em matéria de nitidez. bjs

  2. Eleonora Rosset disse:

    Luiz Roberto querido,
    Tenho que ser grata pela sua atenção carinhosa comigo, escrevendo aqui.
    Sei que é chato digitar todos esses caracteres antes mesmo de escrever o que a gente pensa.Eu mesma fico com preguiça pq tem que por nome, email, uma chateação…
    Mas é tão bom saber que vc leu o que eu escrevi, gostou e está me contando suas pps impressões! Se não, parece que o meu texto caiu num grande vazio…Mt solitário…
    Obrigada então querido Luiz Roberto que voltou aos 12 anos como eu!
    Bjs

    • Luiz Roberto de Paula Dias disse:

      É sempre um grande praz Eleonora, compartilhar da suas observações e seus comentários que me fazem apreciar o filme, muitas vezes determinados detalhes ou questões subjetivas passam desapercebidas ao espectador comum.; porém quando leio sua crônica e me sinto motivado a ver o mesmo, levo comigo essas observações, que com certeza enriquecem e me dão um prazer maior.
      Os meus comentários, sempre são a troca de toda a sua gentileza para conosco, fico feliz que meus comentários sejam apreciados por você, mais uma vez obrigado, bjs

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