Xingu
“Xingu”- Brasil, 2011
Direção: Cao Hamburger
Era o ano de 1943. Dois irmãos, depois o terceiro, os Villas-Boas, se juntaram à expedição Roncador- Xingu que fazia uma marcha para o oeste brasileiro. Descobrir lugares onde nenhum branco tinha pisado.
As autoridades e o Exército chamavam essa região de “terras sem dono” mas o que os irmãos descobriram é que lá viviam milhares de índios, em tribos diferentes, línguas diferentes e costumes diferente. E eram os donos das terras. Nunca tinham visto um branco.
Os portugueses que descobriram o Brasil chamaram de “índios” o povo daquela terra que achavam que era a Índia. Mas estavam enganados. Não sabiam também que um milhão de “índios” habitavam na época o Brasil. Havia quatro grupos linguísticos e os tupis, os primeiros avistados, ocupavam o litoral. Hoje sabemos que antes deles, outros ancestrais teriam vindo há 10.000 anos e povoaram todo o território que hoje é o Brasil, vindos através da Amazonia. Sabemos isso através dos estudos recentes sobre os sítios arqueológicos encontrados. Como eram ágrafos, ou seja, sem a escrita, esses caçadores/ colhedores deixaram poucas marcas.
No filme, os irmãos Villas-Boas, Orlando (Felipe Camargo), Claudio (João Miguel) e Leonardo (Caio Blat) foram atrás desses povos que habitavam as margens do Rio Xingu. A intenção era conhecer e ajudar mas logo se viram diante um dilema. Porque a gripe, trazida pelos brancos, mata metade da tribo onde os irmãos foram acolhidos. Ao invés de um bem, os brancos significavam destruição.
“O veneno e o antídoto”. Gripe e penicilina.
Conclusão: era necessário o isolamento das tribos em terras vastas onde branco não entrava.
O filme “Xingu” foi filmado em 2011, ano que marca o aniversário de 50 anos do Parque Nacional do Xingu, implantado por decreto do Presidente Jânio Quadros. É a maior reserva indígena das Américas.
Os irmãos passaram por muitos problemas, mas finalmente conseguiram um “estado” para os índios, protegidos em suas aldeias.
É fatal que sejam aculturados. Uma pena. Como diziam os Villas-Boas: “Não são selvagens. São uma outra cultura.”
O filme “Xingu” leva um pouco do povo indígena para o público, o que talvez ajude na compreensão da demanda por demarcação das terras nas reservas existentes. E, principalmente, que seja condenado como crime ambiental o desmatamento e o garimpo.
O roteiro de ”Xingu” foi escrito por Helena Soarez, Anna Muylaert e pelo diretor, Cao Hamburguer e conta passagens reais da vida dos irmãos entre os índios. E consegue emocionar nos momentos mais tensos.
A fotografia de Adriano Goldman enche nossos olhos de beleza que está em toda parte.
Vamos esperar que se concretize o falado Ministério dos Povos Originários no governo do Presidente Lula e que os índios tenham finalmente paz e respeito na terra que é deles. Já não era sem tempo.