Mais Noite do 84o Oscar

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Mais Noite do 84o Oscar – Michael Douglas entrega o prêmio de melhor diretor para o francês Michel Hazanavicius de ”O
Artista” e a platéia já fica ouriçada imaginando se ele vai levar também o de melhor filme.

É a vez de Meryl Streep apresentar os Oscars especiais. Vestida de dourado parecia o par perfeito para a estatueta! Mas estava bonita, radiante, brilhante. Afinal, ela é a única que já foi indicada 17 vêzes e ganhou dois.

Aproxima-se o climax da festa e entra Natalie Portman de vestido vermelho e um poderoso colar de brilhantes para premiar o melhor ator.

Ela faz aqueles discursinhos que já se tornaram praxe para cada um dos indicados e o Oscar vai para Jean Dujardin, o galã francês que tirou o bigodinho do filme e parece bem mais jovem, com um sorrisão simpático e uma cara bonita e inteligente. Merecido
também. Ele interpreta bem, dança lindamente e é atraente como poucos americanos (exceção de Brad Pitt, que indicado mais uma vez, não levou…)

Colin Firth entra para a melhor atriz, sai-se melhor com os discursinhos e Meryl sobe ao palco para receber seu terceiro Oscar, toda feliz.

Mereceu também porque sua Tatcher é uma criação assombrosa. E tudo que ela faz tem a marca da perfeição. Ela falou com humildade:

“- Acho que nunca mais vou estar aqui de novo, então agradeço a todos vocês. O mais importante para mim são as amizades e a felicidade que sentimos filmando juntos.”

Aplausos e entra Tom Cruise para entregar o prêmio mais cobiçado que vai para “O Artista”! Mudo e francês mas homenageando o cinema de Hollywood em seus tempos de filmes mudos. Aponta para o futuro olhando para o passado.

E “Vive La France!”

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Tão Forte e Tão Perto

“Tão Forte e Tão Perto”- “Extremely Loud and Incredibly Close”, Estados Unidos 2011

Direção: Stephen Daldry

Vemos a silenciosa tela azul por alguns instantes. Logo, o que parece ser um sapato calçado num pé de homem, passa rápido frente aos nossos olhos.

Chuva de papéis picados.

De chofre nos damos conta de que se trata de um homem de terno caindo de muito alto.

O horror.

A câmara foca agora os olhos azuis de um menino. E ele pensa:

“Há muito mais gente agora no mundo… Mais gente morta também. Daqui a pouco não vai ter mais lugar onde enterrar. Devíamos construir prédios para isso. Mortos acima dos vivos. Haveria um elevador para visitar os mortos…”

Porque ele alimenta pensamentos mórbidos?

Cena de um enterro discreto. Um caixão fechado.

E o menino relembra os jogos que fazia com o pai. Operações de reconhecimento:

“Papai planejava as expedições e o que tínhamos de falar com as pessoas.”

O pai (Tom Hanks) explica para a mãe do menino (Sandra Bullock) que os jogos eram para prepará-lo para o futuro.

Percebemos uma forte união entre pai e filho nas cenas onde brincam juntos, criando os mapas das expedições:

“Essa foi a última conversa que tivemos antes do pior dia”, diz o menino para nós. Ele fala muito e depressa.

E fica cada vez mais claro do que se trata. As torres em New York. Os aviões, o fogo, destruição. Pânico. Sirenes. Cáos.

Oskar Schell (o estreante Thomas Horn), o menino de pijama de tubarões, vaga pelo apartamento à noite.

Construiu um esconderijo no alto do armário onde, em um altar para o pai, sacrifica-se, ouvindo as mensagens de uma secretária eletrônica.

É lá que encontra por acaso uma chave que ele usa para criar outra expedição, dessa vez sem o pai, em busca de algo que ele não sabe o que é.

É patente seu estado de luto patológico.

Stephen Daldry é o diretor que trabalha bem com crianças estreantes. Lembram-se de “Billy Elliot”? Thomas Horn está ótimo no papel do menino com sintomas de autismo, que perdeu o pai dessa forma trágica.

Todos nós fomos marcados pelo trauma daquela manhã em que assistíamos, impotentes, ao que acontecia em New York.

“Tão forte e Tão perto”, baseado no livro de Jonathan Safran Boer, causou desconforto em alguns críticos americanos mas foi colocado na lista dos candidatos ao Oscar dos melhores do ano.

Max Von Sidow, que interpreta no filme alguém que vai tentar ajudar o menino, é também candidato ao Oscar de melhor ator coadjuvante. Aos 82 anos, o ator mítico do diretor sueco Ingmar Bergman, do alto de sua sabedoria resume o que muitos pensam:

“- Ainda poderia ser muito cedo para fazer esse filme que toca em feridas tão profundas. Ainda bem que Stephen Daldry ousou.”

 

 

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