A Luz do Tom
“A Luz do Tom”, Brasil, 2013
Direção: Nelson Pereira dos Santos
Oferecimento
Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, o Tom, (1927-1994), foi e ainda é um dos maiores músicos do mundo. Suas canções e composições fizeram o Brasil ser conhecido lá fora, colecionando uma imensidão de prêmios.
Nesse documentário de Nelson Pereira dos Santos, o segundo em que seu tema é o Tom, ele vai atrás da história afetiva do compositor, contada por três mulheres. A irmã mais velha, a primeira e a segunda mulher.
A primeira, Helena Jobim, escreveu um livro sobre o irmão, no qual se baseou o documentário.
O Corcovado e o som de aves são as belas primeiras imagens e resumem a cidade onde Tom nasceu, num dia ensolarado, de uma mãe de 16 anos. A camera procura Helena na praia e a encontra vestida com o chapéu e a camisa do irmão.
E lá no alto, o elegante voo do urubu lembra Tom que canta, sempre em “off”, o “Samba do Avião”: “Minha alma canta/Vejo o Rio de Janeiro/ Estou morrendo de saudade…
Helena conta passagens líricas da vida de Tom, como o seu primeiro encontro com o piano. E traz a figura do avô que levava Tom para dentro da mata, nomeando árvores e aves. O amor à natureza foi semeado ali e só cresceu.
Tom canta “Se todos fossem iguais a você”. E encontra Theresa.
“Eu sei que vou te amar” introduz a primeira mulher de Tom com um casamento que durou de 1949 a 1978. Ela aparece num belo jardim de Burle Marx em Petrópolis e, de um jeito doce, bem humorado, sem deixar de ser emocionado, ela relembra Tom e o piano, ao qual se entrega com paixão, que ele começou a aprender tarde, aos 18 anos.
O urubu lá em cima dá voltas e ela tenta recordar a letra de “Estrada do Sol”, que Theresa acha que é uma das mais bonitas canções de Tom: “É de manhã mas os pingos da chuva que ontem caiu, ainda estão a brilhar…” entoa Tom.
E ela testemunha a composição de “’Águas de Março” que acontece num fim de dia, cansado mas inspirado.
E as parcerias? João Gilberto e sua batida diferente encantaram Tom, conta Theresa. Vinicius, companheiro de música e boemia. Também Chico Buarque de ”Pedro Pedreiro”, muito jovem, aparece e depois assina com Tom “Anos Dourados”, “Retrato em preto e branco”. Não foram muitas as músicas deles dois, mas marcantes, lembra Theresa.
O episódio de Nova York que era para durar pouco e se estende por oito meses. Tom é muito solicitado.
E teve o famoso telefonema para o bar Veloso que ela passou para quem procurava Tom para cantar com Frank Sinatra.
E a camera sobrevoa agora o Jardim Botânico. É o cenário para a fotógrafa Ana Lontra Jobim, a segunda mulher de Tom. Ela o relembra como bom pai e parceiro de projetos com ela. Conta como o show do Canecão com Vinicius, Toquinho e Miúcha, abriu o introvertido Tom para o mundo.
E ouvimos um verso de “Querida” : “Longa é a tarde, longa é a vida, longa é a dor do pecador querida, breve é o dia, breve é a vida…”
Belas orquídeas são as últimas imagens. Sem esquecer dos urubus voando lá no alto, no azul.