Preparem-se. A história de Branca de Neve foi repaginada da cabeça aos pés.
Esqueçam a mocinha do conto dos irmãos Grimm de 1812, do desenho animado de Disney de 1937 e do filme “Espelho, Espelho Meu” que acabamos de assistir, dirigido pelo indiano Tarsem Singh.
Nessa releitura da história infantil mais famosa de todos os tempos, só os adultos são bem vindos. A recriação em tons escuros, as cenas assustadoras e os figurinos “dark”, não são para criancinhas.
A começar pela madrasta, a malévola e bela Ravenna (Charlize Theron, em momento pérfidamente brilhante), que se veste com asas de corvos e com o couro preto das roupas fetichistas e usa uma negra coroa pontiaguda que combina com o seu olhar penetrante e letal. Ela é uma mistura de bruxa com vampira que, para conservar a beleza eterna, precisa sugar a vida de muitas jovens donzelas.
Nesse estado de coisas, Branca de Neve (Kristen Stewart, a Bella de “Crepúsculo”) é um impecilho para a madrasta má, não só porque é a mais bela mas porque é a herdeira carismática do trono usurpado às custas de um assassinato real, cometido por Ravenna. Ela precisa do coração puro de Branca de Neve para conquistar plenamente o reino.
A beleza e a juventude não valem nada sem o poder absoluto, acredita essa rainha tão parecida com todos os tiranos de ontem e de hoje.
Mas Branca de Neve também não é mais aquela. À altura do mal que tem que enfrentar, ela está qual uma Santa Joana D’Arc, vestida em sua armadura brilhante e cavalgando entre seus soldados fiéis, para reaver o trono do pai.
Os famosos sete anões são agora oito e, recriados por computador, são interpretados por atores de altura normal e caras conhecidas (Ian McShane, Toby Jones e Ray Winstone, entre outros). Também não são mais bonzinhos.
E o caçador do titulo do filme, vivido por um másculo Chris Hamsworth, tem um papel mais importante na história do que o príncipe encantado, que aqui não passa do filho de um duque, William (Sam Caftlin), que é amigo de infância de Branca.
Em uma das mais belas cenas do início do filme, os dois brincam debaixo de um enorme macieira branca de flores, cujos frutos futuros lembram a versão dos irmãos Grimm. Mas nem a maçã escapa. Agora além de envenenada, é também peluda.
Bem. A história de “Branca de Neve e o Caçador” tem ingredientes capazes de empolgar a quem gosta mais de um filme de ação que de histórias de amor.
Afinal, o próprio diretor, o estreante Rupert Sanders, de 41 anos, afirmou que o seu objetivo era tirar as teias de aranha desse conto secular.
E, provávelmente, ele está certo, porque o cinema é magia e permite todas as ousadias a quem sabe fazer bons filmes.
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