Anos Felizes

“Anos Felizes”- “Anni Felici” Itália/França, 2013

Direção: Daniele Luchetti

Os anos 70 foram uma época de contestação política, ecoando 1968, que foi o mais emblemático desse período. Assim como as ideias políticas, os costumes eram criticados por uma geração que pedia mais liberdade em tudo que fazia. “ É Proibido Proibir”, pichação nos muros de Paris, virou canção famosa de Caetano Veloso.

A história de “Anos Felizes” dirigido por Daniele Luchetti, é contada do ponto de vista de um garoto no começo da adolescência e narra o que aconteceu com a família dele no verão de 1974.

O pai (Kim Rossi Stuart) é um artista plástico que quer ser de vanguarda e faz “happenings”. Num deles, mulheres nuas pintam o corpo também nú de Guido, numa galeria em Roma.

“- O próprio corpo do artista é a obra de arte” pontifica Guido, que não agrada em nada à mulher dele, Serena (a bela Micaela Ramazzotti, que sorrindo lembra  Leila Diniz, musa dos nossos anos 70).

Noutro, Guido pede ao público:

“- Sete corpos para assinar com minhas mãos! Mas o burguês tem medo, renega a arte!”

Silêncio na plateia e, de repente, Serena levanta-se e tira a blusa. Vai até o marido que, sem jeito, tem que “assinar”o corpo dela.

“- Não era para ninguém se oferecer. Aquilo era uma provocação! Eu queria que o espectador se defrontasse com sua incapacidade de se apresentar!” reclama Guido em casa, com acidez.

Os dois filhos presenciam a briga calados e percebem que a mãe não está contente. O casal de jovens, pai e mãe deles, se desentende.

“- Acho que ele tem vergonha de mim… Quer uma intelectual…” desabafa Serena com a amiga Elke (Martine Gedek).

E aí continua o verão de 1974, com Serena e os filhos, numa praia francesa, com um grupo de feministas. O narrador, que é o filho mais velho, documenta tudo que vê com uma câmara pequena. E quem é a rebelde agora, é a mãe dele.

Claro que os meninos adoraram aquelas férias, brincando com as filhas das mulheres que descobriam uma nova forma de amar.

“- Sem dúvida, foram anos felizes… Pena que nenhum de nós percebeu…” diz o narrador já adulto, no fim do filme.

E talvez isso aconteça com todos nós. Uma idealização do passado que se expressa em frases populares e universais como : “eu era feliz e não sabia.”

O desejo de reviver aqueles anos passados com o total usufruto, negado por nossa inocência ou inexperiência, é fruto da insatisfação eterna que marca a natureza humana.

E é vivendo que se aprende que essa nostalgia, essa vontade de voltar atrás, não passa de uma ilusão.

“Anos Felizes” é um retrato simpático daqueles anos dourados que não voltam mais.

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