Bebê Rena

“Bebê Rena”- “Baby Reindeer”, Reino Unido, 2024

Direção: Direção: Weronica Tofilska e outros

Ele queria ser comediante. E foi para Londres para realizar seu sonho. Mas, infelizmente, as plateias não acham a menor graça nele. Precisando ganhar a vida, Donny Dunn (Richard Gadd) vai trabalhar num bar pequeno, feinho e que não era o cenário que ele queria. Mas… era o que tinha.

Um dia, entregue aos copos que tem que ser lavados, vê entrar uma mulher estranha, que sobe no banco do bar e parece tristonha. Ela é uma figura nada atraente. Muito gorda, vestida como uma adolescente, senta-se calada.

Ele, também deprimido, num gesto de empatia, traz a bebida que ela pediu e não cobra nada dela.

Pronto. Está feito. Mal sabe ele em que inferno se meteu. Sim, porque ela virá todo dia, sempre com roupas inadequadas, toda sorridente e procurando agradar Donny. E é só o começo.

Martha (Jessica Guning) é uma mulher perigosa. Aparentemente inofensiva, vai invadir a vida de Donny que não consegue se livrar dela. São milhares de mensagens no telefone, visitas diárias, risadas que assustam e aquele olhar pedindo proximidade.

Donny não percebe mas estimula o comportamento da “stalker”. Como um bebê, ele fica desamparado frente à insistência da mulher. Um par se forma e um precisa do outro.

Aliás Teri (Nava Mau), a mulher trans com quem Donny vive, é terapeuta e o adverte do perigo que ele está correndo. Mas a atração fatal fala mais alto e, ao mesmo tempo que quer se livrar de Martha, aquele homem parece enfeitiçado. Não faz grande coisa para se livrar dela. Aconteceu algo em sua vida, que ele parece reviver com Martha.

Donny perde a força e a vontade e se submete ao sadismo da “stalker”, sua perseguidora. Está formado um par onde cada um usa o outro para maltratar e ser maltratado.

Richard Gadd, que faz Donny, escreveu o roteiro, adaptando uma peça de teatro escrita por ele e produziu o filme. Baseado numa experiência da vida real, assina “Bebê Rena”.

A série de sete episódios é uma tragicomédia. Há um humor patético. Muito bem atuada, dirigida no tempo certo, ficamos nós também fascinados pelas situações que parecem becos sem saída mas que, na verdade, são criações dos próprios personagens.

Por que? Todos temos sadismo e masoquismo dentro de nós. Por isso, cautela e autoconhecimento é só o que pode ajudar nessas horas.

“Bebê Rena” é uma série que ninguém pode perder.

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