Campo Grande

“Campo Grande”, Brasil, 2016

Direção: Sandra Kogut

O que será que aconteceu com aquela criança? Está na portaria de um prédio da zona sul do Rio de Janeiro. É uma menina de uns 5 ou 6 anos e chora desconsolada e muda:

“- Sua mãe me conhece? Você já esteve aqui?” pergunta Regina, a moradora que tinha seu nome num papel que estava com as crianças. O irmão da menina sumiu.

Não tem outro jeito. E a menina sobe para o apartamento de Regina (Carla Ribas, ótima) que mora com a filha de uns 18 anos (Julia Bernat).

Bem que Regina tenta mas o telefone da Prefeitura não ajuda. Alguém fala em Conselho Tutelar.

A menina deixada sozinha na cozinha pega algo na geladeira, cospe e agarra uma banana. Vai para a sala do apartamento e bate no vidro da janela, sempre chorando. Enrola-se na cortina.

“- Além de fazer xixi no sofá da dona Regina você quer destruir a casa?” diz brava a empregada que vem ver onde a menina está.

A menina chora, sentida e balbucia:

“- Mãe…”

Foge da empregada, desce pela escada de serviço correndo e joga-se num abraço com um menino, um pouco mais velho do que ela, que está na portaria:

“- Igor! Onde você tava?”

“- Calma. Eu vou achar ela.”

É o irmão de Rayane, que a mãe também deixou na portaria do prédio de Regina.

Saem à procura da mãe, perambulando pela cidade barulhenta. Carros, buzinas , construções. A menina (Rayane do Amaral) grudada no irmão (Ygor Manuel, maravilhoso). Ele sobe no monumento da praça para gritar:

“- Ô mãe!”

Mas acabam voltando para o prédio. O menino tem certeza de que a mãe vai voltar. Mas quando?

“Campo Grande”, dirigido com sensibilidade por Sandra Kogut, emociona. Mostra o desamparo de Regina frente a uma situação que ela não consegue resolver e que a angustia:

“- Você está assim porque não sabe cuidar das pessoas”.

E Regina, que está divorciada e que tem que sair do apartamento porque a filha vai morar com o pai, tem que ouvir de Lila:

“- Você quer que eu fique morando com você para não sair desse apartamento.”

E a maior parte do filme passa-se na procura da mãe das crianças por Igor e Regina, depois que a menina foi colocada num Abrigo. Os dois vão até Campo Grande onde o menino diz que a avó e a mãe moram.

Ela, que no começo estava apenas irritada com aquele  menino, vindo não se sabe de onde e que só dava trabalho, vai mudando de atitude.

Na verdade, passa a admirar aquela criança que ama a irmãzinha, adora a avó e que procura desesperadamente a mãe. Regina está só e não tem ninguém para procurar. Com Igor ela começa a pensar sobre sua solidão.

Assim, ao longo do filme vemos a aproximação da garota Lila com sua mãe Regina. E uma transformação, de uma mulher quase feia e desleixada, para uma outra que tem o cabelo penteado e um brilho amoroso no olhar.

Tanto o menino Igor cantando a música predileta da avó, quanto Regina repartindo um sanduíche com a filha e dormindo depois juntas, são cenas que colocam lágrimas incontroláveis no nossos olhos. Não tem como escapar da emoção.

“Campo Grande” é uma surpresa e tanto.

 

 

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