Razão e Sensibilidade

“Razão e Sensibilidade” – “Sense and Sensibility”, Estados Unidos, Inglaterra, 1995

Direção: Ang Lee

Oferecimento Arezzo

Duas irmãs que se amam muito e que, apesar de tão diferentes, vão se apoiar sempre. Uma delas, Elinor (Emma Thompson), inteligente e sensata, cuida das parcas finanças da família Dashwood quando o pai morre não deixando quase nada para as três filhas e sua mãe. A outra, Marianne (Kate Winslet), é transparente, só emoção e impulsividade romântica.

A história, escrita por Jane Austen com o pseudônimo de “A Lady” e publicada como livro em 1811, antes portanto de “Orgulho e Preconceito” de 1813, é sobre a família de uma viúva recente, a sra Dashwood (Gemma Jones) que tem que procurar onde morar com as três filhas, já que a bela propriedade onde viveram até então, Norlan Park, passa para o filho mais velho e único do primeiro casamento do marido dela, John (James Fleet). A elas cabe apenas uma pequena quantia anual. Assim ditava a lei. O filho homem herdava tudo.

Não pensem que o pai não pensou nas filhas solteiras. Mas entregou o destino delas nas mãos do filho John, pedindo que cuidasse delas. Casado com Fanny (Harriet Walter), uma mulher egoísta, John deixou-se convencer por ela que suas meio irmãs não precisavam da ajuda dele.

E assim, Elinor, Marianne e Margareth, com sua mãe, aceitam o convite feito por um primo, Sir John Middleton (Robert Hardy) e vão morar num chalé de pedra pitoresco mas gelado, perto de sua propriedade em Devonshire.

Antes porém de deixarem a casa que as viu nascer, as irmãs tem uma visita inesperada. O irmão de Fanny, Edward Ferrars (Hugh Grant) é bem recebido e encanta-se com Elinor. A atração é mútua. Mas Fanny insiste em proclamar, para que todos ouçam, que a mãe dela não permitiria casamento algum com uma moça sem dote.

E lá se vão elas para Devonshire, onde se instalam com simplicidade mas bom gosto.

E logo, Marianne, a mais bela das irmãs chama a atenção dos cavalheiros disponíveis no local, o Coronel Brandon (Alan Rickman), poderoso e sofrido e o jovem Wilhougby (Greg Wise), um futuro herdeiro bonito mas de caráter duvidoso.

Margareth (Emilie François), a irmã menor, de 11 anos, é um sopro de alegria e saúde para a mãe e as duas irmãs mais velhas.

Ang Lee, nascido em Taiwan e radicado nos Estados Unidos, tinha 40 anos quando dirigiu o filme. E encanta a todos com uma escolha primorosa de elenco, locais de filmagem como só a Inglaterra é ainda no campo, figurinos bem cuidados que mostram o status social dos personagens e muitas cenas ao ar livre tanto no sol como em tempestades. “Razão e Sensibilidade” enche nossos olhos e aquece quem tem um coração romântico.

O filme foi indicado a 7 Oscars, inclusive melhor filme e atrizes mas só ganhou o de melhor roteiro, escrito por Emma Thompson. No Festival de Veneza levou o prêmio máximo, de melhor filme, o Leão de Ouro. Premiado ainda com dois Globos de Ouro, melhor filme drama e roteiro.

Ang Lee, injustiçado pela Academia de Hollywood nesse filme, ganhou mais tarde dois Oscars de melhor direção por “O Segredo de Brokeback Mountain” e “As Aventuras de Pi”.

Um Pequeno Favor

“Um Pequeno Favor”- “A Simple Favour”, Estados Unidos, 2018

Direção: Paul Feig

Já nos créditos iniciais, ao som de uma música francesa que diz “Elle est jolie comme une poupée” ou seja, “Ela é bonita como uma boneca”, “Um Pequeno Favor” é um filme feminino. Na tela, desfilam como fundo, detalhes de rostos, copos de Dry Martini, bolsas e sapatos num closet e uma faca elétrica.

Anna Kendrick e Blake Lively, tão diferentes uma da outra, vão se tornar melhores amigas depois de se encontrar na escola dos filhos delas. Uma coisa leva a outra e assim, acontece uma tarde regada a Gin Martinis e confissões, na bela casa contemporânea de Emily, que é Blake Lively, loura e linda, corpo perfeito, cabelão, alta e ácida mas principalmente sedutora e manipuladora.

Já Stephanie Smothers é Kendrick, suburbana, baixinha e bonitinha. Viúva, mãe exemplar, baixa autoestima, fica embasbacada com Emily, ex modelo e seu quadro enorme retratando sua “Origem do Mundo” ou seja, o que está entre suas pernas, pendurado bem à vista, naquela casa refinada.

Emily é casada com um escritor bonitão (Henry Golding) e é executiva de uma empresa que lida com moda, em Nova York. Pega o metrô todo dia de Connecticut para o trabalho. Não conseguiu uma babá e por isso pede a Stephanie, sempre prestativa, um pequeno favor. Vai ter que fazer uma viagem curta e, já que seu filho Nicky estuda na mesma escola que Miles, filho de Stephanie, será que ela poderia ficar com ele até a sua volta? O pai está em Londres cuidando da mãe que teve um acidente.

A “grande” amiga, louca para ganhar pontos e não perder tudo que Emily traz para sua vida, até então um marasmo, aceita prontamente a incumbência. E, em seu vídeo diário de receitas e dicas para mães, Emily começa a aparecer como personagem principal. Principalmente depois que some, sem deixar vestígios.

“Um Pequeno Favor” não se leva a sério e mesmo quando vira “thriller” continua comédia, agora com tintas “noir”, trazendo à tona o passado de pecados das duas protagonistas. Mas sempre sem perder o toque divertido.

Paul Feig dirige com humor essa história de segredos bem guardados e suspense, dando espaço para as duas atrizes que formam um duo com ótima química.

Com figurinos que chamam a atenção e definem bem as personagens e cenários interessantes, o filme baseado no livro de Darcey Bell de 2017, faz a plateia seguir os passos das duas protagonistas, inclusive nos “flashbacks” esclarecedores do passado, mas só para os mais atentos. Os distraídos podem se perder nas reviravoltas do filme.

Brigitte Bardot e Serge Gainsbourg na trilha sonora são referência do “chic” almejado.

Sem ser profundo nem raso, “Um Pequeno Favor” quer divertir e consegue.