O Domingo das Mães

“O Domingo das Mães”- “Mothering Sunday”, Inglaterra, 2021

Direção: Eva Husson

Oferecimento Arezzo

Inglaterra, 1924, a guerra acabara, mas muitos rapazes não voltaram. E são lembrados no dia das Mães no silêncio das mulheres que perderam seus filhos. A maternidade e o luto são difíceis de aceitar na história de vida de qualquer mulher.

Assim começa a narrativa da história de Jane Fairchild (Odessa Young), jovem arrumadeira da família Niven, que vivia numa imponente mansão. Cada close em objetos pessoais ou da decoração da casa mostram a sofisticação daquele casal (Colin Firth e Olivia Colman, dois atores Oscarizados).

Salões amplos convidam para o conforto de móveis de madeira lustrosa, tapeçarias e sedas preciosas. Na biblioteca, livros encadernados e protegidos nas vitrines, esperam por leitores. Ali, nada é demais. Tudo tem seu lugar certo. Há uma minúcia e precisão nos detalhes, desde a roupa das arrumadeiras aos vestidos e joias da dona da casa.

E ela está triste, apática, carrega um luto. Não diz uma palavra sequer mas segue o marido. É a comemoração do noivado dos filhos de dois casais na mesa do piquenique à beira do rio.

A noiva (Emma D’Arcy) se irrita com a demora do noivo (Josh O’Connor), que ela não sabe, mas  está na cama com Jane. É feriado e a casa está vazia. Ele quer aproveitar essa oportunidade para uma espécie de despedida de Jane. Afinal, classes sociais não se misturam. Não há futuro para essa relação.

E Jane o vê partir com desapontamento. Tem uma reação que combina com seu estado de espirito. Anda nua pela casa que não tem nada para ela a não ser um sanduiche na cozinha.

E um acontecimento trágico interrompe a vida naquele domingo. Outra vida espera por Jane.

Anos mais tarde a vemos madura e apaixonada. E o destino interrompe mais uma vez, cruelmente, a vida de Jane.

Mais anos se passam e ela, escritora premiada, mais de uma vez, abre apenas a janela de sua casa, para dispensar a imprensa. Glenda Jackson faz a Jane de cabelos brancos, que passa a imagem de uma mulher dona de seu nariz, livre.

Um bom filme para refletir sobre a passagem do tempo e as escolhas que fazemos durante a nossa vida, sempre curta, por mais longa que seja.

O Jardineiro

“O Jardineiro” – “ The Gardener”, Espanha 2025

Direção: Miguel Rueda e Rafa Montesinos

Quem começa narrando o que aconteceu é a mãe de Elmer, um jovem de 20 e poucos anos, o personagem principal dessa minissérie de 6 episódios.

China (Cecilia Suárez) relembra o acidente de carro que a deixou sem uma de suas pernas e feriu gravemente seu filho de 6 anos na cabeça. Suas emoções desapareceram. Elmer não tinha ansiedades, alegrias ou tristezas, o que o tornava um ser estranho.

Mas parecia que a mãe achava que era melhor assim. Ele tinha seus livros, a caminhonete, o jardim e a estufa, onde trabalhava absorto com suas plantas. E tinha o amor e os cuidados de sua mãe que o amava mais que tudo.

China tinha um sonho. Voltar ao México onde vivia, até a mãe vender a casa deles. Trabalhava para conseguir dinheiro e comprar a casa de volta.

O cenário pacífico da mãe servindo o jantar para o  filho não nos deixa entender de pronto o horror que  existia naquele par. Pois a mãe continua contando que o jardim tão elogiado e viçoso era fruto do trabalho do filho e de um adubo especial. Corpos humanos em decomposição.

Um susto. Como assim? De onde vinham esses corpos?

E a narrativa em imagens vai esclarecer tudo que envolve Elmer (Alvaro Rico) e sua mãe.

Em seis episódios vemos se desenrolar o drama. Atores excelentes, muito bem dirigidos. A trilha sonora escolhida com sensibilidade e a iluminação que deixa na sombra ou na luz os personagens, seguindo de perto os atores nas cenas noturnas e diurnas, conduzem a um maior suspense.

”O Jardineiro” é perfeito para quem gosta de um bom suspense.