Babel

“Babel”- Idem, Estados Unidos, 2006

Direção: Alejandro Gonzáles Iñárritu

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O diretor mexicano Iñárritu, de tantos filmes de sucesso, como “Birdman”, 2004, que ganhou o Oscar de melhor filme, “The Revenant”, 2015, que deu o Oscar de melhor ator a Brad Pitt, traz à baila uma história que é costurada ao longo do filme envolvendo situações perigosas.

Quatro famílias de diferentes pontos do planeta vão ter histórias entrelaçadas e terão que tomar decisões difíceis.

O filme começa no Marrocos, onde um casal tira férias. Estão num ônibus e são surpreendidos por um tiro que atinge o vidro da janela e fere Susan (Cate Blanchett). Isso coloca em desespero o marido dela, Richard (Brad Pitt). Estão no meio do deserto. O ônibus para e ela é levada para uma das casas do vilarejo. Susan perde muito sangue.

Mas de onde surgiu esse tiro? Terroristas, dizem alguns dos passageiros do ônibus que querem sair correndo daquele local. Não parece. Mas nós sabemos o que aconteceu. Um rifle, que um guia ganhou de um caçador japonês, foi vendido para um pastor proteger seu rebanho de coiotes. Seus dois filhos adolescentes pegam a arma e vão praticar tiro. E foi esse tiro que acertou Susan, sem querer.

Do Marrocos ao Japão esse incidente vai mexer com a vida de personagens que se veem envolvidas sem saber.

Do Marrocos vamos o México, onde uma babá (Adriana Barraza) se vê impotente e desesperada pelo que pode acontecer com as crianças de quem ela tomava conta e adorava.

E o circulo se fecha no Japão quando uma filha mostra ao pai a sua dor.

Iñárritu conta uma história que viaja a diferentes pontos do globo, mostrando solidariedade entre desconhecidos e reconciliação entre quem está próximo e não se entende.

“Babel” reflete sobre a ideia de que não nos comunicamos apenas pelas línguas que falamos mas também pelo reconhecimento da dor no outro. E há os que ajudam o próximo e os indiferentes frente a essa dor.

Iñárritu, com o co-autor desse roteiro, Guilherme Arriaga, foram indicados a vários prêmios. O filme é merecedor.

Se você não viu ou quer ver de novo, “Babel” está na Netflx. Recomendo.

 

“Monsters- Irmãos Menendez, assassinos dos pais” – “Monsters – The story of Lyle and Erik”, Estados Unidos, 2024

“Monstros: Irmãos Menendez, assassinos dos pais”- “Monster- The story of Lyle and Erik”, Estados Unidos,2024

Direção: Ryan Murphy e Ian Brennan

Aquelas cenas escuras na tela, nas quais mal se distinguem vultos, encobrem algo terrível. Os irmãos Lyle e Erik, de 18 e 20 anos, se preparam para por em prática um plano macabro.

Eles são bonitos, carinhosos um com o outro. Quem diria que isso aconteceu mesmo?

Armados de espingardas que acabaram de comprar, atiram à queima roupa e muitas vezes nos pais que dormiam no sofá da casa deles e acordam surpresos e assustados. Foi tudo muito rápido. Nenhuma palavra. Uma execução.

Mas o “por que” fizeram isso não é algo fácil de entender. Aqueles garotos tinham tudo. Moravam numa bela casa em Beverly Hills, roupas caras, carros e festas.

Esse filme, que conta a história do que aconteceu em 1989, tem um labirinto de questões mal explicadas, que vão se revelando ao longo dos 9 capítulos da série.

Mais que envolvente, o acontecido é visto de vários ângulos. O mais óbvio seria a pura ganância. Até o testamento do pai deixa tudo para eles. Será que acreditavam que seriam deserdados ou mesmo mortos pelos pais? Havia um grande segredo que viria à tona mais tarde.

Herdeiros ricos, passam a gastar de maneira insana.

Mas será que o dinheiro explica os assassinatos à sangue frio?

Mais parece que foi algo na relação afetiva entre os membros daquela família que foi o ponto nevrálgico do que aconteceu. O pai muito rígido (Javier Bardem, ótimo) e a mãe distante (Chloe Sevigny) empurrariam os filhos a esse ataque de ódio mortal?

Na falta de algo melhor os garotos são diagnosticados como sociopatas. Mas ninguém sabe o que aconteceu de verdade. Só os que não estão mais aqui. Talvez nem eles,,,

E a plateia se arrepia porque realiza, lá no fundo, que isso pode acontecer a qualquer momento, onde menos se espera.

O amor pode se converter em ódio, se barreiras internas não forem acionadas a tempo.