13 minutos

“13 Minutos”- “Elser”, Alemanha, 2015

Direção: Oliver Hirschbiegel

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Um herói anônimo e desconhecido, por muito tempo depois de sua morte, é o personagem central desse filme de Oliver Hirschbiegel, famoso por “A Queda – As Últimas Horas de Hitler” de 2004, com o fantástico ator Bruno Ganz.

Johann Georg Elser (Christian Friedel) é o nome do alemão nascido em 4 de janeiro de 1903 e que morreu em Dachau, executado com um tiro na nuca, em 9 de abril de 1945, dias antes da libertação do campo de concentração pelos aliados. Uma execução cercada de segredo e da qual poucos oficiais nazistas teriam conhecimento.

Mas por que esse carpinteiro e operário alemão, simpatizante do comunismo, foi escondido?

A resposta é simples: vergonha. Como pode ter acontecido de um simples carpinteiro executar tal plano e ainda por cima sozinho, como afirmava? Como poderia Elser, um qualquer, executar um atentado contra a vida de Hitler em novembro de 1939, numa reunião em Munique à qual compareceram Goebbels, Heydrich e Himmler, entre os 3.000 membros do Partido Nacional Socialista presentes?

Isso não fazia sentido para o orgulho nazista. Por isso tentaram conseguir com torturas, as mais cruéis, a confissão de Elser de que não agira sozinho e sim a mando e ajudado pelos Estados Unidos e Inglaterra.

Mas não tiveram sucesso, por mais que se esforçassem e acabaram solucionando o caso à sua maneira. Enforcaram um oficial nazista como o responsável pelo atentado e esperaram para executar o verdadeiro cabeça em sigilo absoluto, para que nenhuma sombra de incompetência pairasse sobre o partido.

A Elser, os nazistas quiseram tirar o mérito e a honra que a História poderia conceder-lhe. Esse homem do povo, que via o que muitos não percebiam ainda, quase conseguiu seu intento e a História teria tomado outros rumos.

Hitler escapou por um triz. A bomba explodiu 13 minutos depois que ele deixou às pressas o local da reunião, devido a um nevoeiro que poderia impedi-lo de sair de Munique, se não se apressasse.

O filme conta o que aconteceu depois do atentado que fez vítimas e em “flashback” faz conhecer a história desse herói pacifista, que deu sua vida pelo bem da humanidade, sem qualquer outro interesse que não fosse o de evitar o que ele pressagiava: a Segunda Guerra e seus 55 milhões de mortos.

“Elser”, o título original do filme, faz vir à luz a vida desse homem amante da música e das mulheres e seu grande amor por Else, que não aconteceu como ele queria, com um final feliz, porque ele colocou o seu projeto de salvar a humanidade do mal que significava Hitler, à frente de sua própria felicidade pessoal.

Um homem raro.

 

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A Luz entre Oceanos

“A Luz entre os Oceanos”- “The Light between Oceans”, Reino Unido, Nova Zelândia, Estados Unidos, 2016

Direção: Derek Cianfrance

Foi amor à primeira vista. Ele, saído de Primeira Grande Guerra, estava triste e cansado. Vira tantos horrores que queria afastar-se do mundo dos homens. Tom Sherbourne (Michael Fassbender) conseguira o emprego de cuidador do farol da ilha de Janus. Ela, Isabel Graysmark (Alicia Vikander), era jovem, bonita, a única filha que restara aos pais dela, já que seus dois irmãos tinham morrido na mesma guerra que tanto abatera Tom. Mas ela era vivaz, calorosa e na primeira vez que ele a viu, ela estava com um vestido branco, alimentando as gaivotas no pier de onde ele deveria partir para a ilha.

A caminho do farol, um almoço na casa dos pais dela vai mudar completamente os planos de Tom quanto a querer voltar as costa ao mundo. Ela o enfeitiçou. Saíram para um piquenique e ficaram juntos até aquele inesquecível por do sol frente ao qual ela pedira para casar-se com ele, a única maneira de irem juntos para a ilha.

Em Janus, a derradeira inibição de Tom caiu por terra quando ele a tem em seus braços, tímida mas afetiva, seus corpos falando a língua do desejo de ambos. Era amor e paixão.

E quanto foram felizes passeando de mãos dadas pela praia, na colina atrás da casa aconchegante, subindo pela escadaria íngreme do farol onde se avistavam os dois oceanos que banhavam a ilha deles.

“- Janus é o nome do deus de duas faces”, conta ele para Isabel.

“Uma olha para o passado e a outra o ano que começa. Daí o nome Janeiro para o primeiro mês do ano.”

“- Essa face olha para o futuro?”

“- O futuro não existe, Isabel. Existem nossos desejos, aquilo que queremos que aconteça.”

E eles queriam ser felizes. Aquela ilha, seria o paraíso. Um tinha o outro. O amor deles era um projeto concretizado.

E Isabel ficou grávida. Apesar de não haver médico, nem hospital, ou qualquer outra pessoa na ilha, aquilo não os assustou. Mas, numa noite de tempestade aquele sonho morreu. E uma cruz marcou o lugar de um bebê que seria lembrado para sempre.

Triste, deprimida, Isabel parecia outra.Tom a consolava:

“- Quando você tiver cinco filhos correndo ao seu redor, isso vai se tornar um sonho esquecido.”

Mas foi a mesma coisa com o segundo filho. Ela não conseguia levar avante a gravidez. E outra cruz fez companhia à primeira.

Isabel afundou. Calada, deitada no capim seco, ela era a imgem da desolação. Tom, preocupado, não sabia o que fazer.

Foi quando aquele barquinho apareceu, ao sabor das ondas. Havia alguém a bordo. Os dois saem em disparada e encontram um homem morto e um bebê, de poucos meses, chorando.

A transformação foi imediata. Parecia que Isabel conhecia aquela menina da vida toda. Logo, ela estava alimentada, trocada e dormindo em seu colo. Isabel parecia flutuar de tanta felicidade. Lucy foi o presente que veio quando eles já não tinham mais esperanças de felicidade.

Foi difícil convencer Tom a ocultar a bebê e fazê-la passar por filha deles. Mas ele não teve forças para arrancar a felicidade dos braços dela.

E o epílogo mostra a cegueira da justiça frente aos sentimentos intensos que a perda de um filho faz surgir nos pais.

“A Luz entre Oceanos”é um filme belíssimo. Com cenas deslumbrantes da natureza, filmado na Nova Zelândia e Tasmânia, tem a música inspiradíssima de Alexandre Desplat.

O diretor americano Derek Cianfrance soube adaptar o romance bestseller da australiana M.I. Stedman que conta uma historia dramática e surpreendente.

O elenco brilha e a composição dos personagens é perfeita.O Tom de Fassbender mostra-se tão apaixonado pela Isabel de Alicia Vikander e com tanta força, que o personagem obscurece o ator, se não soubessemos que são casados na vida real. Vikander é doce e amarga, feliz e trágica. Principalmente  profunda. Uma atriz jovem que conseguiu entender a complexidade de Isabel.

O resto do elenco acompanha o casal, destacando-se Rachel Weiz, bela e intensa.

Eu me emocionei até as lágrimas e não fui a única. Vá ver você também esse filme que arrasta nossas emoções ao sabor dos dramas dessa bela história.

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