Um Amor Inesperado

“Um Amor Inesperado”- “Um Amor menos pensado”, Argentina, 2018

Direção: Juan Vera

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Pai e mãe se despedem no aeroporto do filho que vai estudar fora. Abraço longo com o pai, lágrimas nos olhos da mãe. O casal sai abraçado. Um pouco tristonhos mas ele consola ela, carinhoso:

“- Venha! Vamos festejar. ”

Mas Ana (Mercedes Morán) parece estar reagindo mal à falta do filho. O marido (Ricardo Darín), professor de literatura na universidade, nota que ela anda estranha. Não dorme bem. Fica no escuro pensando e voltou a fumar.

O casal se dá bem na cama, mesmo depois de 25 anos de casados, portanto, pensa ele, só pode ser a famosa síndrome do ninho vazio.  Para ele, a casa sem o filho é o motivo da depressão de Ana.

Ele perde a oportunidade de pensar a respeito de uma crise existencial, logo ele, professor de literatura, que ensina Nietzche aos alunos. Ana, que sonha para o filho uma vida plena de oportunidades e boas surpresas, lá no fundo, sem saber, alimenta uma intensa inveja do filho, da vida que ele tem pela frente, da liberdade, das realizações ainda por vir. Há nela uma enorme nostalgia pela juventude perdida.

Tudo isso mexe tanto com Ana que ela começa a questionar o casamento. Tem a impressão de que está presa a Marcos por motivos fúteis, como por exemplo, tudo que eles colecionaram naquele apartamento e que levaram uma vida para reunir.

De repente, ela se sente sufocada. Entediada. Precisa de ar, mais espaço para ser ela mesma. Começa a sonhar com as vidas alternativas que não viveu. E a solução que encontra é a separação. Não está mais apaixonada pelo marido nem ele por ela. São amigos mas ela quer mais da vida. É como se fosse descobrir no mundo espaços que lhe foram negados.

Marcos não pensa como Ana e é quem mais sofre com essa separação. Também está deprimido e não lhe passa pela cabeça que a crise de Ana tem a ver com algo que pode acontecer a qualquer um. Quando começamos a pensar que vamos morrer, não sabemos quando nem onde, pior ainda, envelhecer, perder a saúde, a beleza. Mas isso passa quando se tem espaço para uma reflexão saudável e bom senso.

Os dois excelentes atores dão vida aos personagens pensados pelo diretor estreante e roteirista, Juan Vera.

O filme é perfeito para quem gosta de ver Darín atuar. Ele é realmente um ator inspirado e valoriza qualquer papel que faz na tela.

E Mercedes Morán consegue manter uma boa dupla com Darín, sem apequenar-se com a fama do outro mas, ao contrário, brilhando como ele. Há uma ótima química entre eles. E é o casal que dá vida a um roteiro sem novidades, com algumas cenas divertidas mas arrastado.

“Um Amor Inesperado” é um cinema de atores. Excelente para quem gosta de ver atuações brilhantes.

O Amor Não Tira Férias

“O Amor não Tira Férias”- “The Holiday”, Estados Unidos, 2006

Direção: Nancy Meyers

Como é triste brigar com o namorado nas vésperas do Natal porque ele é um traidor e ter que passar as festas relembrando tudo o que aconteceu. Mas também é péssimo perder um amor que nunca foi seu. Um terrível engano induzido por ele. O sujeito vai se casar com outra e nem para te avisar…

Pois é. Isso aconteceu com duas garotas, Amanda (Cameron Diaz) que vive em Los Angeles e Iris (Kate Winslet) que mora perto de Londres.

O desconsolo das duas é enorme. E a ideia de mudar de ares agrada a ambas. Pronto. Um toque no computador, num site criativo e Amanda se enamora do chalé inglês de Iris, que está disponível. Por sorte, Iris também adora a ideia de conhecer Los Angeles e ficar longe do seu amor infeliz.

Elas vão trocar de casas por duas semanas e tentar passar Natal e Ano Novo de um jeito diferente. Longe de homens em geral, promete Amanda. Longe do aproveitador (Rufus Sewell) que a enganou, pensa Iris, enxugando as lágrimas.

E assim foi feita a troca de casa, no dia seguinte. O que elas não previam é que iriam mudar também de vida.

Amanda, que tem uma companhia de sucesso que faz trailers para o lançamento de filmes, começa sua aventura londrina tendo que se virar para levar a mala numa estradinha com gelo e neve, já que o taxi não consegue chegar lá. Mas, depois, arruma tudo como gosta e percebe que, por companhia, só tem o cachorro de Iris, muito comportado e que estranha o jeito careteiro de Amanda, que não sabe ficar quieta nem por um minuto. Fala até consigo mesma.

Ironicamente, Amanda que queria tirar férias de homens, vai se encontrar com o irmão de Iris, que aparece no chalé sem saber da troca de casas e que é um homem bonito e charmoso (Jude Law).

Iris fica boquiaberta com a casa enorme de Amanda e adora tudo que vê desde o living bem decorado, a cozinha de cinema, até a piscina e o quarto. Imediatamente joga-se nos lençóis macios e descobre maravilhada que vai poder dormir, já que em Londres é 1:00 AM. E o quarto de Amanda tem persianas automáticas que fazem uma total escuridão para que a londrina possa dormir o tão merecido sono reparador.

O filme de Nancy Meyers (“Alguém tem que Ceder”) conta as duas histórias entrelaçando-as. E o resultado é gostoso de ver.

Amanda e o bonitão Graham, Iris e seu vizinho, Arthur Abbott (Eli Wallach), um senhor bem humorado e simpático, que viveu os anos dourados de Hollywood, como escritor de roteiros, vão viver dias inesquecíveis.

Está tudo certo quando tudo acaba bem, não é mesmo? O filme de Nancy Meyers com direção e roteiro dela também distrai e diverte. É uma boa comédia romântica.