Amor a Toda Prova

“Amor a Toda Prova” - “Crazy Stupid Love”, Estados Unidos, 2011- NETFLIX

Direção: Glenn Ficarra e John Requa

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Ah! O amor. Que seja infinito enquanto dure, já disse o poeta.

Mas Emily encontrou um péssimo momento para pedir o divórcio. Foi na mesa do restaurante, na hora da sobremesa, que tudo explodiu dentro dela.

Na volta, dirigindo, soltou a última bomba. Contou que transou com o cara do escritório. Assustadíssima, ela vê o marido se lançar para fora do carro em movimento. Mas Cal não machucou o corpo porque o coração já estava  estraçalhado.

Ele passa a frequentar bares para beber toda a sua infelicidade de homem separado que odeia e ama a mulher que ele escolheu para a vida toda. E vai parar naquele bar em que Jacob, bonitão de fala mansa, escolhe aquela que ele quer e não escapa nenhuma. Todas acabam a noite com ele.

Menos certa noite na qual ele, todo confiante, leva o fora de uma linda quase advogada. Perde o rumo? Quase. Mas vai se consolar com as outras.

E Cal vai ter a péssima ideia de concordar em tornar-se aluno de Jacob na arte da sedução, já que ele faz sempre tudo errado.

Primeiro ele precisa aprender a se vestir com classe, mostra Jacob, que escolhe um novo guarda roupa para Cal. Depois é hora de acompanhar Jacob em suas noites no bar para aprender o que não deve dizer. Só então ele tem a permissão de paquerar uma garota e sair com ela.

E por aí vai essa comédia bem escrita por Dan Fogelman e com um elenco de primeira: Ryan Gosling, Steve Carell, Julianne Moore, Emma Stone, Marisa Tomei e Kevin Bacon.

Sem esquecer da dupla adolescente, Robbie (Jonah Bobo) de 13 anos que é apaixonado por Jessica (Analeigh Tipton) de 17, que vive um amor atrapalhado.

E o tema do amor e seus encontros e desencontros é sempre uma delícia de ver.

Ainda, quase todo mundo tem a fantasia romântica de querer se apaixonar de novo depois de um casamento longo. Mas uma coisa é sonhar. Outra muito diferente é viver isso na vida real.

O filme tem um “timing” perfeito, o que é importante nas histórias com muitos personagens e os atores não deixam ninguém se entediar.

“Amor a Toda Prova” não é mais uma comédia romântica bobinha. Os homens também vão rir e quem sabe não vão se identificar com algo dos personagens masculinos que são as estrelas principais do filme?

O Menino que Queria Ser Rei

“O Menino que Queria Ser Rei”- “The Kid Who Would Be King”, Estados Unidos, 2019

Direção: Joe Cornish

Tem ação e lição. Tem herói e vilão. Mas tem muito mais do que os filmes para adolescentes que vemos por aí. Porque ensina que, se o mundo foi levado a uma situação quase apocalíptica, cabe às novas gerações mudar esse cenário.

O herói é um garoto de 12 anos que está em crise. Alex (Louis Ashborne Serkis) vive a adolescência perdido porque o pai não está com ele. Aquele que ele pensava ser quem lhe abriria as portas do mundo.

Sem falar que tudo está cada vez mais difícil e perigoso. As manchetes dos jornais espelham um mundo trágico de guerras e fome, para o qual Alex não está preparado.

A mãe dele se esforça para estar lá, atenta ao que ele precisa. Mas o menino não lhe dá muito crédito e talvez, pensa lá no fundo, foi por causa dela que ele se mandou.

Seu pai herói.

Até o dia em que entra num edifício em demolição com o amigo Bedders (Dean Chaumoo), descendente de indianos. Esse é o companheiro que Alex tenta proteger do bullying que sofre na escola. Ele tem um bom coração.

E eis que os dois se deparam com uma surpresa.

Lá está ela. No meio das colunas de concreto semi destruídas, ela brilha. Será mesmo? Alex se pergunta. Não. Só pode ser coincidência. Porque ele tem um livro que adora, com a dedicatória do pai e que conta uma história antiga. Sobre o Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda. E é com a espada mágica, Excalibur, que o rei Arthur luta para proteger seu reino.

Alex hesita mas Bedders o anima. Aproxima-se da espada e tenta tirá-la da rocha onde está firmemente enfiada. E eis que ela vem às suas mãos com facilidade.

Excalibur?

Ela mesma, explica o novo aluno da escola, que se diz chamar Mertin mas é o mago Merlim (Angus Imrie) que assume a forma de um falcão quando quer se safar de algo. Ele faz parte da história do rei Arthur. E quer ajudar Alex e seus cavaleiros a salvar a Inglaterra e o mundo da escravidão.

E quem está por trás desse plano maligno? Morgana (Rebecca Ferguson), meia irmã do Rei Arthur, aquela que cobiça a espada e o reino. Lá do fundo do mundo, ela está se livrando das raízes que há muito a prendiam e já sente forças novas para realizar um plano macabro. Seu exército de demônios fará o trabalho que ela mandar. Com o mundo cada vez mais corrompido e fraco, Morgana aparece como uma líder mundial despótica, aproveitando a brecha para tomar o poder e escravizar primeiro os ingleses e depois o mundo.

Mas do lado de Alex tem gente boa e corajosa, seus cavaleiros. Lance e Kaye (Tom Taylor e Rhianna Dorris), são antigos inimigos transformados em amigos por causa de Alex que soube convencê-los da missão de salvação do mundo.

E graças a essa liderança, Alex traz para o seu exército outros meninos e meninas que mudaram seus valores e aprenderam o código dos Cavaleiros da Távola Redonda que ensina a amar os que estão próximos, lealdade e persistência na busca de seus objetivos.

As armas aqui não são canhões nem bombas.

O exército de Alex veste armaduras de seus ancestrais e espadas para lutar contra Morgana. Essas vestes são inspiração para lembrar que aquele país foi forjado por bravos.

E Merlim fecha o filme com chave de ouro fazendo lembrar que dentro de cada criança habita uma velha e sábia alma. É preciso ouvir seus conselhos.

“Tudo que vocês precisam para mudar o mundo está dentro de vocês.”

“O Menino que Queria ser Rei” é um filme divertido que também ensina que a geração de adolescentes de hoje em dia será a liderança de amanhã.