Aquaman

“Aquaman”- Idem, Estados Unidos, 2018

Direção: James Wan

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Em uma noite de tempestade, o faroleiro Tom (Temuera Morrison) enxerga, em meio aos raios e ondas do mar, algo que parece um corpo, jogado nas pedras. Ele desce até a praia e se depara com uma bela mulher vestida de escamas prateadas (Nicole Kidman) que ele leva nos braços para casa. Lá ele fica conhecendo a história dela. É a Rainha Atlanna, que fugiu de um casamento arranjado pelo pai.

Os dois se apaixonam e tem um bebê, que vão chamar Arthur, como o Rei das histórias de cavalaria. Mas um dia, soldados vem buscá-la e ela vai para o fundo do mar para que Tom e Arthur sejam poupados.

E vemos o menino crescer forte, moreno, junto ao pai. Um dia, quando Arthur ainda era pequeno, num passeio ao aquário com a escola, se deparando com o mundo aquático atrás do vidro, fica encantado com os peixes.  Isso é motivo para um grupinho de alunos mais velhos caçoarem dele e mesmo empurrar Arthur. E o inesperado acontece.

Um enorme tubarão investe contra o vidro com muita força e várias vezes. Quer proteger o menino.

Todos se assustam porque parece que a parede de vidro vai se quebrar. Mas Arthur levanta a mão e a fúria se acalma. O tubarão fica dócil como um peixinho. Todos ficam se perguntando quem seria aquele menino.

E, como ele é filho da Rainha Atlanna, Vulko (Willem Dafoe), conselheiro real, vem do reino de Atlante para ensinar tudo que ele precisa saber para ser o futuro Rei dos Mares. O menino é talentoso e adora nadar com os golfinhos mas não se interessa pelo reino de Atlantis.

São lindas as cenas em altas falésias de pedra de onde Vulko e Arthur mergulham no mar e nadam como só os atlantes sabem fazer. Muito rápido. Na praia, treinam lutas e o manejo de arpões.

O filme “Aquaman” é um delírio de imagens quando afundamos no mais profundo mar e vemos os reinos que lá existem. A imaginação criou uma fantasia com tubarões, orcas, baleias, polvos, peixes de todos os tamanhos e cores, com cavalos marinhos gigantes servindo de montaria para os guerreiros e naves com formatos e cores esplêndidas.

Os Atlantes tem olhos que enxergam no escuro do mais profundo mar onde habitam e lá vamos nós com eles, em 3D, velozmente cruzando cardumes, atravessando corais coloridos, anêmonas e águas-vivas gigantes. Isso para não falar dos monstros marinhos jamais vistos que ora ameaçam, ora ajudam o Aquaman.

Foi a Princesa Mera (Amber Heard) que o convenceu a ir até o reino que um dia será dele e conhecer o meio irmão Orm (Patrick Wilson) que também quer ser rei e vai desafiar o Aquaman, a quem chama de mestiço e bastardo, o filho mais velho da Rainha Atlanna mas fora do casamento e com um humano da terra seca.

Jason Momoa tem o físico de um viking e com um corpo perfeito, olhos faiscantes, longos cabelos e barba selvagem, é um pouco brega, comparado ao irmão elegante, sem um fio do cabelo louro fora do lugar e bem vestido com roupas prateadas. Mas o Aquaman é mais sexy.

O mesmo pensa a Princesa Mera, de pele branca e cabelos vermelhos, num belo contraste. Ela tem atitudes de uma mulher segura de si e que sabe lutar pelo que quer. Vestida com seu longo que parece uma água viva transparente, lilás e flutuante, os cabelos ostentando uma tiara de ouro, ela é a imagem da força delicada. Não hesita em enfrentar o perigo.

Aquaman que pertence à terra e ao mar, é o personagem ideal para ser a ponte entre os dois mundos e dissuadir seu meio irmão de declarar guerra à terra seca.

Um pouco longo demais, o filme é um sucesso de bilheteria, inclusive na China.

Adorei o visual do fundo do mar que me lembrou a Sapucaí, um Carnaval de formas e cores.

A Balada de Buster Scruggs

“A Balada de Buster Scruggs”- “The Ballad of Buster Scruggs”, Netflix

Direção: Joel e Ethan Coen

Um conjunto de seis histórias que se passam no Velho Oeste, com cenários grandiosos por onde circulam os homens à procura de dar sentido à sua existência, é o novo filme dos irmãos Coen. Foi premiado como melhor roteiro no Festival de Cannes.

Um livro verde, com o desenho de uma arvore morta e uma caveira de boi na capa, insinua o que vamos ver. São tempos de violência e a vida humana está sempre em perigo. Como os Coen são críticos irônicos, podemos começar a pensar que o lugar e o tempo escolhidos, de intensa selvageria, fazem uma alusão ao mundo como ele sempre foi e ainda é.

Não por acaso, o livro se abre com o desenho de um cemitério, antes da ilustração da primeira história, que dá nome ao filme,

Vestido de branco (Tim Blake Nelson), ele canta montado em seu cavalo. Ele se acha o máximo. Chega às raias da arrogância. Invencível com uma arma na mão. Não se dá conta de que vai encontrar o que procura.

Na segunda história, James Franco faz o cowboy que acha que vai ser fácil roubar aquela agência de Banco caindo aos pedaços, no meio do nada e com aquele gerente velhinho. Ele não sabe o que está para vir. Um arrogante distraído.

Na terceira história Liam Neeson vai de cidadezinha em cidadezinha apresentando um ator (Harry Melling) raro. Até o dia que a cobiça inspira uma troca e um crime.

Já na quarta história, um vale intocado e belo, cortado por um rio de águas cristalinas, vai padecer com a visita de um garimpeiro (Tom Waits) em busca de ouro. Basta aparecer um homem para tudo se complicar. A cobiça é má conselheira.

Na quinta, Zoe Kozan é uma moça sem família, numa caravana para o oeste que vai ter que tomar uma decisão difícil.

E o conjunto se fecha com “Mortal Remains”, a pitada de horror, com uma viagem de diligência que começa ao por do sol, caminhando em direção à noite e um destino certo.

As paisagens são espetaculares. O fotógrafo francês Bruno Delbonnel capta com talento o esplendor das Montanhas Rochosas na neve, a beleza das pradarias imensas onde pousam rochas enormes, os desfiladeiros estreitos e os vales verdejantes. Um apelo estético ao bom senso para a preservação da natureza e a saúde do planeta.

Quem conhece os Coen (“Fargo”, “Um Homem Sério”, “Bravura Indômita”, “Onde os Fracos não tem Vez”), sabem que eles estudam a natureza humana e não pregam moral mas mostram atos e consequências desses atos, com um humor peculiar.

Graças à Netflix podemos ver esse grande filme sem sair de casa. E revê-lo quantas vezes você quiser.