Mamma Mia!

“Mamma Mia! ”- Idem, Estados Unidos, 2008

Direção: Phyllida Lloyd

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Um barquinho cruza o mar azul noite, com rastros prateados da Lua, levando Sophie (Amanda Seyfried), 20 anos, até a caixa do correio da vila perto da ilha grega de Kalokairi, onde mora com sua mãe Donna (Meryl Streep).

Sophie vai se casar e tem um desejo palpitando forte em seu coração. Ela quer saber quem é seu pai e mais, quer que ele a leve até o altar no dia de seu casamento. Sua mãe silencia sobre o fato.

Mas Sophie encontrou o diário da mãe e achou três possíveis candidatos a pai, que namoraram Donna 21 anos atrás. É para eles que ela envia convites de seu casamento, tendo a certeza de que reconheceria o pai assim que o visse. E canta ”I Had a Dream”.

O filme é uma adaptação para o cinema de um musical que foi inaugurado em 1999 em Londres, com grande sucesso. E foi escrito por Catherine Johnson, que usou músicas do grupo sueco ABBA, compostas por Benny Andersson e Bjorn Ulvalus, antigos músicos da banda, para contar a história.

Mais de 42 milhões de pessoas assistiram ao musical mundo afora.

O filme foi dirigido por Phyllida Lloyd, que também foi responsável pela direção do musical no teatro. E foi rodado na ilha grega de Skiatós, uma belíssima locação.

A personagem principal é Donna, uma ex hippie que estava na Grécia quando engravidou. Como ela tinha namorado ou saído com três caras (Pierce Brosnan, Colin Firth e Stellan Skarsgard) naquele fim de verão, um deles seria o pai tão desejado de Sophie. Pelo menos é o que pensa sua filha.

Donna tem um hotelzinho na ilha onde moram mas quase nenhum dinheiro para a manutenção do lugar, que nem por isso perde seu charme.

Quando chegam para o casamento as amigas de Donna (Julie Walters e Christine Baranski) que com ela faziam no passado um trio musical, “Donna and the Dynamos “, o filme ganha em ação, humor e mais números musicais (Money, money, money, Do your mother know, Take a chance on me, Chiquitita, Dancing Queen).

Meryl Streep surpreende pela voz e energia atlética da interpretação, mostrando sua versatilidade e encanto (The Winner Takes it All).

Na verdade, todo o elenco canta e dança com animação e parece se divertir usando figurinos dos anos 90.

“Mamma Mia!” é um filme leve e bem feito, que vai agradar principalmente a quem gosta das músicas do ABBA e do elenco estrelado do filme dançando coreografias engraçadas.

Atenção! Depois dos créditos finais tem dois números extras com todo o elenco. Adorei!

Anna Karenina – A História de Vronsky

“Anna Karenina - A História de Vronsky”- “Anna Karenina - Istoriya Vronskogo”, Rússia, 2017

Direção: Karen Shakhnazarov

A novela “Anna Karenina” de Leon Tolstoi, um dos maiores escritores russos, foi publicada em fascículos de 1873 a 1877 no jornal “The Russian Messenger”, até ser lançada como livro em 1877.

A personagem principal, uma mulher casada da alta sociedade, vive o tema da infidelidade conjugal, um amor proibido, sem medir as consequências. Vai pagar um alto preço por isso.

Estamos na Rússia czarista e a religião e as regras não escritas regem o comportamento das pessoas.

A mesma história do romance de Tolstoi vai ser contada nesse filme russo atual mas com uma inovação. Vamos ouvir e ver em “flashbacks” o que aconteceu, levados pela memória do Conde Alexei Vronsky (Max Matveev), 30 anos depois do acontecido e a pedido do médico Sergei Karenini (Kirill Grebenchikov), filho de Anna, que só sabe de coisas ruins a respeito de sua mãe.

O filme começa em 1904, na Manchúria, onde o exército russo enfrenta o japonês.

O Conde Vronsky ferido, recebe a visita de Sergei, que conhecera criança, e que pede a ele que fale sobre sua mãe. Quer saber sobre ela pela boca do homem que a amou. Como viveu com o pai Karenin, sem nenhum contato com a mãe, o filho a vê sob a luz dos sentimentos daquele que foi abandonado e enganado e negou-se a dar o divórcio.

“- Eu costumava odiá-la. Tudo que ouvi dela foi de pessoas que a odiaram. Nunca entendi por que fez aquilo. Uma morte tão horrível? ”

“- Como sabe que vou dizer a verdade? No amor não existe verdade…” responde o Conde.

“- Conte-me a sua verdade. ”

E vamos escutar a história daquele amor fatal entre uma bela mulher (Elizaveta Boyarskaya), casada e com um filho pequeno e um aristocrata másculo, bonito e rico. Anna e Alexei vão viver uma paixão tumultuada em cenários suntuosos, cercados de luxo e beleza, em palácios ornados de belos mármores, estátuas majestosas e afrescos gigantescos como os que adornavam a biblioteca da casa de Karenin (VitalyKischchenko), marido de Anna, em Saint Petersburgo.

Ela, morena, pele muito branca, olhos azuis e covinhas quando abre seu sorriso sedutor. Tem um corpo esguio e flexível e se veste com elegância e bom gosto, em sedas e rendas preciosas, peles, veludos em azuis, verdes e tons de vermelho que realçam sua figura sensual. O rosto encantador muitas vezes é coberto com um véu de renda. Anna Karenina é misteriosa e adorável, como a descreve o Conde quando a viu pela primeira vez, em 1871.

Na cena do baile, inesquecível, os dois dançam a valsa, embevecidos ambos, seguindo a coreografia e se destacando dos demais, escandalizando aquela sociedade machista, pudica e maldizente. Como ousa uma mulher casada se entregar a tal desfrute?

Anna ama essa embriaguez da paixão. E não hesita em entrar em choque com preconceitos. Antes, parece ávida para viver a vida num rodopio.

Mas é quase como se o Conde Vronsky servisse de pretexto para o desencadeamento de pulsões autodestrutivas em Anna. Um lado escuro aflora naquela mulher intensa, que a levará a seu fim trágico.

Nunca ninguém saberá o que a levou àquele surto insano?

Misteriosa e adorável, ela permanecerá para sempre um enigma? Ou talvez seria o exemplo de uma insatisfação perniciosa, numa personalidade frágil, afogada em culpas?

O filme russo é intenso e envolvente, com belas cenas nos palácios e no teatro, nas corridas de cavalo e nas ruas da cidade com carruagens levadas por cavalos em galope, filmados em câmera lenta.

Um filme original, já que conta a história conhecida de outro ponto de vista, com imagens belíssimas e atuações comoventes.