A Última Floresta

“A Última Floresta” - “The Last Forest”, Brasil, 2021

Direção: Luis Bolognesi

Oferecimento Arezzo

Um povo muito antigo, que já existia há 500 anos antes do descobrimento do Brasil, está desaparecendo.

Até pouco tempo atrás quase nada se sabia sobre os ianomamis, que habitavam o espaço ao sul da fronteira da Venezuela com o norte do Brasil.

Os ianomamis fazem parte dos povos originários que sobrevivem, alguns ainda isolados na Grande Amazonia, a floresta ameaçada que sempre os escondeu e alimentou.

Foram-se os tempos das ações de proteção aos indígenas da época dos irmãos Villas Boas. Devemos a eles o Parque Nacional do Xingu.

Demarcadas as terras indígenas ou a maior parte delas, não poucos se revoltaram com a ideia. Era muita terra para aqueles “primitivos”. E, no presente, com a aprovação de autoridades federais, essas terras indígenas foram invadidas por garimpeiros buscando ouro, rios envenenados por mercúrio, madeireiros destruindo a floresta, pescadores e caçadores ilegais e caminho do tráfico de drogas.

“A Última Floresta” é um filme que tem enredo de Luis Bolognesi e Davi Kopenawa, que também é o protagonista da história contada. Podemos classificar como um filme-documentário já que mostra a vida dos indígenas e encena mitos e sonhos.

O diretor Bolognesi explica: “Ao construir o roteiro, a gente percebeu que filmaríamos sonhos e mitos… Para os povos indígenas, de maneira geral, o universo dos sonhos e a realidade não tem a dicotomia que tem para nós. Muitas coisas que eles sonham à noite se reproduzem de dia.”

Davi Kopenawa, que é liderança na resistência de seu povo, e é também protagonista e co-roteirista do filme, fala nossa língua e exige que os garimpeiros saiam de seu território. Os ianomamis são os que cuidam da floresta onde vivem de modo econômico. Só caçam para sua subsistência.

Portanto o filme mostra como é vital escutar o clamor do povo ianomami que já perdeu muitos dos seus filhos pelas doenças que os invasores levam para as aldeias. Tais invasores não apenas destroem a floresta e rios. Matam seus desprotegidos habitantes.

Guerreiras

“Guerreiras” – “Les Combattantes”, França, 2022

Direção: Alexandre Laurent

A Primeira Guerra, que começou em 1914 na Europa, colocou franceses e alemães em campos de batalha opostos. Foi uma guerra especialmente cruel, tendo soldados lutando corpo a corpo, baionetas perfurando inimigos, vítimas do gás letal morrendo sufocados e 17 milhões de mortos no final.

O filme tem locação na bela Alsácia, montanhas verdes no verão e bosques ensolarados. Essa região francesa, no leste do país, faz fronteira com a Suissa e a Alemanha. Muitas guerras fizeram essa parte da Europa mudar de nacionalidade, ora francesa, ora alemã. Mas quando começa a Primeira Guerra a Alsácia era francesa.

Para conquistar Paris, os alemães precisavam tomar o último obstáculo, o exército francês, na cidadezinha de Saint-Paulon.

No convento de freiras instala-se um hospital para receber os feridos. A fábrica de cerveja transforma seus caminhões em ambulâncias e a casa dos donos da fábrica recebe o general e os comandantes graduados. Os campos abrigam os soldados em tendas. O bordel serve para afastar as mentes do medo da morte nas mãos dos inimigos.

A ideia da série foi de Cecile Lorne que quis contar a história dos bastidores da guerra, onde cenas decisivas mostrariam o quanto as mulheres trabalhavam para ajudar os soldados.

Uma prostituta parisiense, Marguerite de Lancastel (Audrey Fleurot), chega em Saint-Paulon com uma esperança; uma freira, Agnès, madre superiora do convento (Julie de Bona), enfrenta um desafio; uma enfermeira, Suzane Faure (Camille Lou), foge da polícia acusada de fazer abortos e uma dama burguesa, Caroline Dewitt (Sofia Essaid), casada com o dono da fábrica, enfrenta sua sogra Eléonore (Sandrinne Bonnaire).

As atuações de todos os atores nos mais diversos personagens é excelente e a narrativa é ágil.

Além do papel das quatro mulheres mostrar como foram importantes no desenvolvimento da guerra, há romances e segredos que entrecruzam.

Mortes, sangue, gemidos, sexo e drogas acontecem nos lugares por onde circulam os personagens. Os homens na sua maioria machistas e cruéis. Mulheres submissas se tornam líderes quando os homens que vão para a guerra e voltam feridos, precisam delas.

Essa é uma minissérie que prende a atenção nos seus 4 episódios e que, apesar da tragedia e inutilidade da guerra, coloca em cena outros sentimentos, já que a vida continua, apesar dos pesares.