Elvis
“Elvis”- Idem, Estados Unidos, 2021
Direção: Baz Luhrmann
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Quando vemos a abertura do filme, o logo da Warner brilhando com pedras faiscantes, já sabemos que a vida do “King” vai ser contada de um jeito diferente das outras biografias. O diretor australiano Baz Luhrmann, de “Moulin Rouge” de 2001, interessou-se pelo lado mágico, e ao mesmo tempo patético dessa história.
Fascinar plateias e conquistar fãs, era o que Elvis Aaron Presley desejava. E conseguiu. Precisava da atenção das pessoas.
Elvis (8/01/1935 – 16/08/1977) conquistou o mundo, criando um estilo e uma lenda. Foi o artista que mais vendeu discos “solo”. Em seus 42 anos de vida, ele foi intenso e carismático, arrastando atrás dele mulheres apaixonadas que pediam beijos, que ele distribuia. Elvis que era o filho mimado de sua mãe Grace, amava as mulheres.
Garoto ainda, magro e dono de belos olhos azuis, ele corria para culto numa tenda de circo, onde a música cantada era a expressão da fé daquelas pessoas. E ele entrava em transe, como depois, parecia em transe no palco.
E mais. Suas visitas a Beale Street o fizeram assimilar o jeito de cantar e dançar daqueles outros negros, em Memphis. Mama Thorton e B.B. King foram seus guias.
“- É a música que eu amo, que me conforta”, dizia ele.
Tudo isso é contado em flashback pelo Colonel Tom Parker (Tom Hanks) que estava no hospital, e nos faz visitar os começos de Elvis, aquele garoto branco que canta como um negro. “Elvis, the pelvis” nascia e já era cobiçado pelo aventureiro Parker que via no garoto uma chance de ganhar muito dinheiro. Ingênuo, Elvis acreditou no homem que prometia fama e adoração. Via nele um pai.
E Elvis ganhou mesmo uma fortuna. E além de ser roubado pelo Colonel e por seu pai Vernon, gastava muito em aviões, carros, roupas, mulheres e drogas. Priscilla, com quem casou-se, tinha tudo que queria.
Baz Lurhmann traz à tela o Elvis superheroi, com a capa de Shazam e o corpo todo cantando, hipnotizando a plateia que gritava. Claro que não agradava aos conservadores.
Austin Butler está perfeito. Incorporou todos os jeitos e trejeitos do “King”. Seu corpo jovem, de bailarino, vestido com o traje rosa do princípio até os figurinos bregas de Las Vegas, recria o ídolo num passe de mágica.
O ato final é mostrado com discrição e há uma última surpresa. Num trecho do último concerto filmado, de junho de 1977, em Las Vegas, vemos Elvis em pessoa ao piano, cantando “Unchained Melody”. Terno branco bordado de diamantes, o rosto alterado pelas drogas, mas a voz de veludo afinada e potente ainda continuava lá. E seus olhos azuis brilham com a gaiatice de sua juventude.
É de dar muita saudade mesmo.