Um Conto de Fadas Perfeito

“Um Conto de Fadas Perfeito”- “A Perfect Story”, Espanha, 2023

Direção: Chloé Wallace

Oferecimento Arezzo

O inesperado aconteceu. Vestida para casar, Margot (Anna Castillo) tem um ataque de pânico, rodeada pelas duas irmãs e a mãe controladora:

“- Não se esqueça de que você é Margarita Ortega Ortiz de Zárate”, dizia ela para a filha, em tudo diferente dela.

Talvez, por isso mesmo, Margot vestida de branco bordado com pérolas, foge pulando a janela do quarto, frente às irmãs e a mãe estarrecidas.

Na verdade, Margot não quer casar e se preocupa mais com seu trabalho de vice- presidente e sócia proprietária da maior rede de hotéis da Espanha.

O primeiro capitulo dessa minissérie de 5 episódios apresenta Margot que dispensa seu atraente noivo italiano, Filippo, aos pés do altar.

Já o outro personagem dessa história, David (Alvaro Mel) tem três empregos. É barrista, passeador de cães e babá. É um cara que não liga para dinheiro e vive num apartamento que partilha com um casal e sua bebê. David namora uma loura vistosa que deixa a desejar na atenção que dá ao namorado. Aliás, ela o dispensa, por não ter m emprego bom nem ambição. Ela e David são diferentes em tudo.

Então, os dois que estão sem namorados, Margot e David vão se encontrar por acaso.

E é um encontro feliz. Riem junto, se divertem um com o outro e decidem ir para a Grécia. Margot vai bancar a viagem dizendo que a empresa onde trabalha pagaria tudo. O que não é mentira.

É o episódio mais atraente de todos. A Grécia fotogênica, com seu ar de felicidade eterna, o azul do mar, as casas brancas de Santorini, tudo convida ao amor.

Mas os dois, assustados com o que aconteceu entre eles naquela noite, acordam repetindo que são apenas amigos. O que será que acontece com eles?

Amor implica em responsabilidade, honestidade e cuidado com o outro. Parece que aquilo que os dois mais temiam era o sentimento de inadequação, de não conseguir agradar, que o amor não durasse, que acontecesse alguma coisa que impedisse que ficassem juntos. Medo, ferida narcísicas, baixa auto estima. Resumindo, medo de viver as dores de amores.

São infantís porque não percebem que o trabalho amoroso é feito a cada dia, com cuidado e muita atenção com o outro. A paixão dura pouco mas o amor cresce com o tempo.

Margot e David viveram o que podiam viver e acabou?

A história se baseia no livro da autora espanhola Elisabet Benavent mas não tem nada a ver com conto de fadas como quer o título brasileiro. É mais um relato de uma história de amor com suas idas e vindas.

O par principal tem uma boa química, são bons atores e torcemos para que fiquem juntos. O amor é sempre um assunto envolvente.

Vale a pena ver.

As Vantagens de Ser Invisível

“As Vantagens de ser Invisível”-“The Perkes of being a Wallflower”, Estados Unidos, 2012

Direção: Stephen Chbosky

Adaptado do livro de mesmo nome e dirigido pelo autor do livro, o filme transpira sinceridade.

Charlie é recém chegado no ensino médio. Tímido ou melhor retraido, tem medo que falem dele como “aquele garoto que foi internado”. Foi mesmo mas não quer falar sobre esse assunto.

Algo doloroso aconteceu com ele, que sofria de síndrome pós traumática. Seu melhor amigo tinha se suicidado e a tia morrera num acidente de carro.

O vemos escrevendo uma carta para um amigo sem nome, talvez ele mesmo, onde desabafa seus medos e triunfos, os acontecimentos que marcaram sua vida aos 16 anos.

No início foi difícil mas Charlie encontra seu primeiro amigo no professor de “Inglês Avançado” que percebe o interesse do menino. O único da classe que entendia as perguntas do professor.

Encontrar amigos de sua idade foi mais difícil ainda. Mas Sam (Emma Watson) e seu meio-irmão Patrick (Ezra Miller) simpatizam com Charlie e o apresentam para a turma deles.

Charlie (Logan Lerman) logo se aproxima de Sam, que está se formando naquele ano e escolhendo a universidade que vai cursar. E a lindinha de cabelos curtos logo ocupa o coração dele. Mas Charlie não se declara. Ela tinha namorado.

O clima entre Charlie e seus amigos de agora, é leve por fora mas pesado por dentro. Os rapazes gays não saem abertamente do “armário”. E o pai de um deles dá um flagrante no filho.O ambiente fica tenso.

Charlie experimenta todas as drogas dos anos 80.E passa mal, claro.

A frase “aceitamos o amor que achamos que merecemos”, é dita a Charlie pelo professr que gosta dele.

Charlie é muito ingênuo e seu primeiro beijo e a primeira namorada acontecem meio sem querer.

O pior é que Charlie arrasta um caminhão de culpa pela tia que morrera mas não pensa nos abusos que sofreu.

Leva algum tempo para Charlie entender o que se passa com ele. Mas terapia e remédios ajudam a lidar melhor com a realidade e parar de alucinar.

E tudo vai passar. O final da adolescência é um luto pela infância que não vai voltar nunca mais.

E Charlie imita Sam que adorava levantar-se e ficar de braços abertos  no túnel iluminado, “voando” e gritando.

Assim também, com essa sensação de liberdade, Charlie dá as boas vindas para o resto de sua vida.