Mergulhando no amor

“Mergulhando no Amor”- “Find me Falling”, Estados Unidos, 2024

Direção: Stelana Kilris

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Quantos mistérios tem o amor…Às vezes achamos que estamos apaixonados mas não é amor. É paixão passageira. Outras, um dos dois tem medo de se envolver demais e sofrer.

Mas alguns amores são inesquecíveis e continuam a ser lembrados mesmo depois de terminados. Outros ainda, mais afortunados, vivem um amor por muito tempo. Juntos até que a morte os separe.

Harry Connick Jr e Agni Scott vivem John e Sia nesse filme simples e encantador. Os dois se amaram num verão há muito tempo atrás em Chipre, onde ela vivia.

Agora, John é um rockstar  em decadência que volta a Chipre. Ele compra uma casinha no topo de um rochedo que tomba no mar num precipício. Ele não sabia mas esse lugar é conhecido pelos habitantes da ilha como o famoso “lugar de suicídio”. O que isso tem a ver com John?

Quando ele desce para a cidadezinha e vai até um bar, uma moça, Melina (Ali Fumiko Whitney), canta com uma bela voz. Ele se aproxima e cantam juntos. Há uma afinidade entre os dois.

Mas alguém importante na vida de John também está ali.

E estranhamente finge que não o conhece.

“Mergulhando no Amor” é um titulo bobo para essa comédia dramática. “Finding me Falling” alude tanto aos suicidas que pulam do rochedo quanto a “falling in love”, apaixonar-se. Perdeu o duplo sentido…

A diretora, Stelana Kilris, nascida m Chipre, mostra talento em seu primeiro longa, assinando também o roteiro. Esse filme é o primeiro cipriota na NETFLIX e vale a pena descobri-lo. Pequeno e despretensioso mas aquece o coração.

Um Corpo que Gera

“Um Corpo que Gera”- “A Body that Works”, Israel 2023

Direção: Shay Capon

Como sofrem os casais que querem ter filhos mas não conseguem. O bebê tão esperado não aparece, nem mesmo depois de mil tratamentos.

Elie (Rotem Sela) 37 anos e seu marido Iddo (Yehuda Levi) 40 anos, estão nessa categoria. Infertilidade. Apelam   então para uma gestação solidária, que é como chamamos aqui a “barriga de aluguel”.

Hen (Gal Malka), a candidata, é saudável, ativa, atraente e espontânea. Mãe solteira de Yuri de 10 anos, mora com o pai e o filho e ganha pouco como atendente de telemarketing.

O encontro dos três acontece na agência que trata da gestação solidária. Aparentemente sem problemas. Mas Elie parece ser quem mais sofreu com essa solução.

Por que essa outra que parece tão à vontade com Iddo mas reservada com ela ? Não vai participar de nada? Pensa ela afastada. E essa inquientação é má conselheira.

Elie é editora numa grande agência e é  conhecida como talentosa mas também impiedosa com os textos a ela submetidos. Trabalha atualmente comTomer Hemo, conhecido no cinema como roteirista. Mas Elie não está satisfeita nem com o texto nem com o autor. Resolve desistir do livro.

Enquanto Iddo, que é advogado, faz um grande sacrifício para conseguir dinheiro para a gestação, Elie muda de idéia e se envolve justamente com Tomer, a quem antes não suportava.

Do que se trata? Ciúmes em cena, não só da fecunda e bela Hen, mas de seu corpo que alimenta o bebê. Mas Elie ainda não sabe disso. Sua defesa é a fuga.

O que veremos nessa história é como a espera pela chegada desse bebê, tão desejado, mexe profundamente com as mulheres envolvidas. Parece que o fato, que desperta  lembranças do passado como filhas, traz à tona sentimentos sobre ser mãe. Nem sempre, na verdade, favoráveis.

A minisérie é muito bem feita, com direção e roteiro inteligentes de Shay Capon. A atuação soberba de todos os interpretes faz com que os temas tenham desdobramentos inesperados e convincentes que envolvem os espectadores. O trio principal atua de forma a dar realismo aos conflitos que vivem os personagens.

“Um Corpo que Gera” passa-se em  Israel mas não tem nacionalidade obrigatória. Poderia acontecer em qualquer lugar do mundo, já que se trata de um tema universal: as dificuldades da maternidade e paternidade.

Excelente.