“Monsters- Irmãos Menendez, assassinos dos pais” – “Monsters – The story of Lyle and Erik”, Estados Unidos, 2024

“Monstros: Irmãos Menendez, assassinos dos pais”- “Monster- The story of Lyle and Erik”, Estados Unidos,2024

Direção: Ryan Murphy e Ian Brennan

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Aquelas cenas escuras na tela, nas quais mal se distinguem vultos, encobrem algo terrível. Os irmãos Lyle e Erik, de 18 e 20 anos, se preparam para por em prática um plano macabro.

Eles são bonitos, carinhosos um com o outro. Quem diria que isso aconteceu mesmo?

Armados de espingardas que acabaram de comprar, atiram à queima roupa e muitas vezes nos pais que dormiam no sofá da casa deles e acordam surpresos e assustados. Foi tudo muito rápido. Nenhuma palavra. Uma execução.

Mas o “por que” fizeram isso não é algo fácil de entender. Aqueles garotos tinham tudo. Moravam numa bela casa em Beverly Hills, roupas caras, carros e festas.

Esse filme, que conta a história do que aconteceu em 1989, tem um labirinto de questões mal explicadas, que vão se revelando ao longo dos 9 capítulos da série.

Mais que envolvente, o acontecido é visto de vários ângulos. O mais óbvio seria a pura ganância. Até o testamento do pai deixa tudo para eles. Será que acreditavam que seriam deserdados ou mesmo mortos pelos pais? Havia um grande segredo que viria à tona mais tarde.

Herdeiros ricos, passam a gastar de maneira insana.

Mas será que o dinheiro explica os assassinatos à sangue frio?

Mais parece que foi algo na relação afetiva entre os membros daquela família que foi o ponto nevrálgico do que aconteceu. O pai muito rígido (Javier Bardem, ótimo) e a mãe distante (Chloe Sevigny) empurrariam os filhos a esse ataque de ódio mortal?

Na falta de algo melhor os garotos são diagnosticados como sociopatas. Mas ninguém sabe o que aconteceu de verdade. Só os que não estão mais aqui. Talvez nem eles,,,

E a plateia se arrepia porque realiza, lá no fundo, que isso pode acontecer a qualquer momento, onde menos se espera.

O amor pode se converter em ódio, se barreiras internas não forem acionadas a tempo.

De repente uma família

“De repente uma família”- “Instant Family”, Estados Unidos, 2018

Direção: Sean Anders

A verdade é que o assunto “adoção” é um daqueles que chegam a ser tabu. O filme vai contar sobre os Estados Unidos e como a cultura americana reage ao tema.

Aliás, o diretor em um depoimento à imprensa, contou que o filme era sobre ele. Adoção era um assunto da vida dele. E, quando ficamos sabendo disso, a sinceridade do diretor e roteirista ganha nossa simpatia.

Porque sabemos como é difícil. Passada a lua de mel obrigatória na adoção, os conflitos vão aparecer. No filme aparecem logo.

E o grupo de apoio que os pais adotivos passam a frequentar, conhecem a agenda que os pais adotivos recentes de uma adolescente e seus dois irmãos menores vão ter que enfrentar.

A rejeição, o medo, os horrores talvez, os abusos, são a carga que os três trazem para aquela casa, antes tão silenciosa e bem arrumada.

E mais não conto. Só vendo o filme. Porque o choque das realidades é inevitável.

Mark Wahlberg, o pai e Rose Byrne a mãe, estão ótimos fazendo seus personagens. Mas Isabela Merced brilha de maneira especial, roubando a cena como a adolescente que não sabe o que é obedecer e que tem muita raiva para por para fora, ao mesmo tempo que cuida amorosa dos irmãos.

O diretor sabe o que pedir tanto aos atores adultos como aos mirins.

O filme não é drama nem comédia, apesar de ter um pouco de cada um desses climas. Risadas e lágrimas. Medo de rejeição.

Mas o filme é principalmente honesto quando não toma partido e é também sincero e mostra como é difícil para os dois lados. E é por isso que nos identificamos com o casal que adota mas também com a ambivalência de sentimentos. Nada de certezas.

É um filme que talvez seja rejeitado por alguns, mas a maioria precisava ver.