Meu palpite para o Oscar 2010: “Avatar”, melhor filme; Katryn Bigellow, melhor diretora

Meu palpite para o Oscar 2010: "Avatar", melhor filme; Katryn Bigellow, melhor diretora

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Na premiação para o Bafta, considerado o Oscar inglês,”Guerra ao terror” venceu “‘ Avatar”. A ex-mulher de James Cameron (diretor da maior bilheteria de todos os tempos, mais de 2 bilhões de dólares) ganhou o prêmio de melhor diretora, sendo a primeira mulher a conseguir a façanha. Em seu discurso Kathryn Bigellow disse que gostaria de ser a primeira de muitas mulheres a conseguir o feito.
Além disso, “Guerra ao terrror” também levou os prêmios de melhor filme, roteiro original, som, edição e fotografia.
“Avatar” só levou dois prêmios técnicos, efeitos especiais e design de produção.
Será que no Oscar dia 7 de março esse será o resultado da premiação? Meu palpite é que tudo será diferente. “Avatar” deve ganhar o prêmio de melhor filme e Katryn Bigellow o de melhor diretora, merecidamente, na minha opinião.

A fita branca

“A fita branca”- “Le Ruban Blanc”, França , 2009

Direção: Michael Haneke

Mestre do cinema que explora o lado mais obscuro da alma humana, Michael Haneke em ‘’A fita branca’’(2009), quer pesquisar “as raízes do mal”, conforme declarou em uma entrevista sobre o filme.

Acostumado a ser o centro de escândalos a cada obra sua, Haneke, que estudou filosofia e psicologia em Viena, mas adora o cinema e sempre quis ser diretor, diz:

“As pessoas não gostam de encarar a realidade.”

E acrescenta que o seu cinema existe em função do cinema que temos hoje em dia. Em sua opinião,um cinema que “doura a pílula” para vender e fazer dinheiro.

Nascido em Munique na Baviera, esse alemão nascido em 1942, alcançou sucesso internacional com ‘’A professora de piano’’(2001). Nesse filme, Isabelle Huppert protagonizava cenas de sado-masoquismo para o horror de alguns.

Com “Caché”(2005), Haneke ganhou o prêmio de melhor diretor em Cannes. E agora, muitos prêmios depois, em 2009,”A fita branca” levou a Palma de Ouro como o melhor filme do prestigiado festival francês.

Rodado em magnífico preto e branco, quadros  suntuosos da natureza do norte da Alemanha revezam-se com cenas em matizes de cinza, envolvendo as várias famílias que vão protagonizar pequenos e grandes dramas.

Estamos em 1913 quando o professor da aldeia começa a contar, retrospectivamente, com a voz de um velho, aquilo que presenciou entre as crianças e os adultos do lugar, até o eclodir da Primeira Guerra Mundial.

Atos maldosos atingem o médico da aldeia, uma camponesa, o filho do barão e o menino retardado. Mas quem praticou essas crueldades? Ninguém viu, ninguém sabe…

O que vemos, quando se aprofunda o que acontece entre as pessoas, é a dura brutalidade que reina nas relações entre adultos e crianças, homens e mulheres da aldeia.

“- Não agüento tanta inveja, mentiras e vinganças”, desabafa a baronesa, uma das raras mulheres da aldeia que ousa pensar e sentir.

No centro de tudo isso parece existir uma ambigüidade fatal entre o que se ensina às crianças e como agem os adultos. Como educar para o bem e a moral quando o educador não pratica aquilo que prega?

Haneke diz sobre o filme:

“Crianças são doutrinadas e se tornam juízes dos outros. Justamente daqueles que empurram sua ideologia “goela a baixo”dessas crianças.”

Inocentes se tornam assassinos.

Castigos injustos e desmedidos levam os torturados a se tornarem piores que os torturadores. A severidade desproporcional aos atos cometidos leva a vinganças perversas.

O diretor do filme, que diz não ser um educador mas um cineasta, adverte para o perigo das ideologias extremistas, tanto de direita quanto de esquerda. Sem esquecer dos fanatismos religiosos. Diz:

”Por causa de uma idéia que lhe parece bela, você se torna um assassino.”

A fita branca, emblema de uma pureza inatingível, adorna o braço de um menino louro, de olhos azuis que, vinte anos depois, marchará à sombra das suásticas.

Mas Haneke adverte que seu filme não é só uma condenação ao nazismo.

As raízes do mal encontram-se fatalmente na natureza humana.

E, por isso,”A fita branca”é uma advertência: alimentada no coração das crianças, a barbárie pode começar a destruição em todo e qualquer lugar desse mundo a qualquer momento.